Considerado uma das 35 pessoas mais influentes do mundo e com uma fortuna estimada em US$ 1,1 bilhão, Jack Dorsey, 36 anos, é considerado por muitos o pai do Twitter. Em suas próprias palavras, ao definir a rede de microblogs numa entrevista ao GLOBO, ele disse que se trata de “um lugar aonde se vai para saber o que acontece, não só no mundo, mas à sua volta”. Dorsey foi responsável pelo primeiro tweet do mundo, em março de 2006, ao inaugurar a rede: “Configurando agora meu Twitter”.
Desde a adolescência, Dorsey, se interessou pela logística de rotas de táxi, ambulâncias, polícia e serviços diversos. Criou software de código aberto para o setor, e depois começou a se interessar por mensagens de texto (SMS). Contratado por Evan Williams, ex-Blogger, para a empresa de podcasts Odeo, teve a ideia, junto com Williams e Noah Glass, de desenvolver um serviço semelhante ao SMS, mas em que as pessoas escrevessem rápidos textos sobre o que estavam fazendo no momento.
Assim nasceu o Twitter, em 2006, que logo virou um fenômeno nos anos seguintes. Segundo Dorsey, o segredo do sucesso está em parte no desafio de escrever algo relevante em apenas 140 caracteres: “Se eu lhe desse uma caneta e lhe mostrasse uma tela enorme em branco onde desenhar, você talvez hesitasse, preocupado em escolher de que ponto começar. Mas, se eu lhe entregasse um simples cartão de visitas, facilmente decidiria onde assinalar algo. Essa limitação estimula a criatividade”.
“Tem que aparecer”
Dorsey e Williams foram diretores executivos do Twitter, cargo hoje exercido por Dick Costolo. Atualmente Dorsey é presidente do conselho da empresa, e também criou sua própria, a Square, que lida com pagamentos móveis. Fontes citadas pelo “Wall Street Journal” dizem que a nova empresa pode alcançar receita de US$ 1 bilhão em 2014 e já planeja sua própria oferta inicial de ações (IPO). Mas nem Dorsey, nem bancos supostamente ligados à iniciativa comentaram o assunto.
Como em muitas empresas de internet, as idas e vindas no cargos e o crédito pelas ideias a respeito do Twitter são cercados de mitos e nebulosidade. No livro “Hatching Twitter: a true story of money, power, friendship, and betrayal” (algo como “Criando o Twitter: uma verdadeira história sobre dinheiro, poder, amizade e traição”), lançado nos EUA esta semana, o jornalista do “New York Times” Nick Bilton revela todo o maquiavelismo dos altos executivos do site ao longo de sua criação e diz que Dorsey praticamente inventou a história de que bolara sozinho a ideia para o Twitter, quando Glass teria tido o real lampejo sobre o serviço, e Williams o refinado. Mas ninguém sai ileso do texto de Bilton, a julgar por um capítulo sobre a história do site publicado em outubro pelo “NYT”.
Para Dorsey, o futuro da tecnologia está inextricavelmente ligado à mobilidade. Tanto que sua empresa Square já tem um serviço chamado Wallet, capaz de identificar automaticamente pelo celular o cliente que entra numa loja ou restaurante. Ao fim de sua compra ou consumo, basta à pessoa dizer seu nome e pagar o que é devido. “O serviço tem que aparecer, e a tecnologia, ficar escondida”, vaticina o executivo.
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André Machado, do Globo