As edições de O Liberal e do Diário do Pará do dia 12/11 mostram o quanto a grande imprensa do Pará se distanciou do verdadeiro interesse público. O Diário nada publicou sobre a prisão do ex-prefeito de Tomé-Açu, Carlos Vieira, acusado, junto com o pai, Carlos Vieira, de ser o mandante dos assassinatos do empresário Luciano Maciel e do seu advogado, Guilherme Pimentel. O crime ocorreu há oito meses. Quatro das seis pessoas apontadas por envolvimento nas mortes foram presas. Duas continuavam foragidas.
Por que o silêncio do Diário? Provavelmente porque o ex-prefeito é do PMDB, partido controlado pelo dono do jornal, o senador Jader Barbalho. Por isso mesmo, O Liberal tem feito campanha de denúncia do crime, apoiando a mobilização da OAB pela completa apuração dos fatos e prisão dos participantes e mandantes do atentado.
Já o assassinato do sargento Antonio Hélio Borges teve grande destaque no Diário, por colocar em situação desfavorável o governador Simão Jatene, desafeto do jornal e, agora, dos Barbalho. Em compensação, O Liberal tratou com mais cautela o assunto, justamente para proteger seu aliado e um dos principais anunciantes do grupo de comunicação da família Maiorana.
E assim tem sido a linha editorial das duas corporações que controlam (e manipulam) as comunicações no Pará: maior ou menor destaque, abundância ou escassez de informações, espalhafato ou total ignorância, conforme a balança dos interesses de cada um dos grupos – e, naturalmente, a melodia sonante das moedas no caixa.
******
Lúcio Flávio Pinto é jornalista, editor do Jornal Pessoal (Belém, PA)