Friday, 22 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

Continente planeja criação de rede de boas notícias

Guerras, miséria, fome, doenças, corrupção. Desgraças e mais desgraças costumam guiar a pauta do continente africano nas mídias local e mundial. Com esta preocupação na cabeça, jornalistas e membros de organizações decidiram pensar em uma solução para mostrar ao mundo que a África também tem histórias positivas.

A questão foi debatida na Cúpula de Mídia Internacional, sediada em Gana, na semana passada. No fim, ficou a sugestão de que se crie uma rede de boas notícias para combater a cultura das reportagens puramente negativas. “Quando as pessoas pensam na África, pensam em desastre, o que é uma pena, pois este continente oferece muito mais do que isso”, defende Erieka Bennet, da Agência de Comunicação Africana, com sede na África do Sul.

Enquanto alguns participantes da cúpula reclamaram que a cobertura internacional do continente é parcial e estereotipada, outros ressaltaram que é preciso divulgar notícias positivas localmente para depois esperar que o comportamento da mídia internacional mude. “Nós precisamos nos contar estas histórias de sucesso antes para que outros a contem para o mundo”, afirma Adrienne Diop, diretora de mídia da Comunidade Econômica dos Estados Africanos Ocidentais.

Histórias de sucesso

A criação da rede de boas notícias ajudaria neste estágio inicial. As informações seriam compartilhadas por um sítio de internet ou pelas agências de notícias espalhadas pelo continente. “Histórias de sucesso de países individuais seriam divulgadas pela mídia africana. Pelo menos uma vez por semana, jornais, rádios e emissoras de televisão deveriam ser capazes de encontrar uma história de sucesso sobre uma empresa, uma família ou uma pessoa, ou sobre algo positivo que aconteceu em seu país, e compartilhá-la com seus colegas em todo o continente”, diz Adrienne.

Mas como o mundo não é sempre cor de rosa, o editor-executivo do grupo de mídia queniano Nation, Charles Onyango-Obbo, chamou a atenção para a necessidade de se ter equilíbrio na cobertura. “Contar apenas histórias positivas sobre a África é tão problemático quanto contar apenas histórias negativas. Nós deveríamos buscar uma cobertura balanceada porque onde há tristeza há também música e festivais”. Informações de Kwaku Sakyi-Addo [Reuters, 20/9/06].