Saturday, 23 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

Computação em nuvem ganha fôlego no Brasil

O mercado de computação em nuvem – que engloba a oferta de infraestrutura de tecnologia, software e serviços por meio de uma conexão à internet – terá avanços significativos no país este ano. A consultoria Frost & Sullivan estima que o mercado terá uma expansão de 44% no Brasil em relação a 2013, movimentando US$ 473,3 milhões (R$ 1,1 bilhão). No ano passado, a receita do setor cresceu 51,4% e atingiu US$ 386,7 milhões, o equivalente a R$ 780 milhões.

Entre os principais competidores, Microsoft, SAP e Amazon Web Services (AWS) conseguiram elevar as vendas no país em mais de 100% no ano passado e projetam forte expansão para 2014. Para a Microsoft, o resultado foi particularmente positivo: a companhia tornou-se líder no país na área de software na nuvem, superando a americana Salesforce – tida como um ícone da computação em nuvem e que lidera globalmente o mercado há anos.

Guilherme Carvalhal, gerente de produto de Office 365 da Microsoft, disse que a versão do pacote de programas para escritório na nuvem atraiu um grande volume de clientes empresariais. Em 2013, a companhia fechou grandes contratos no país, incluindo a oferta do Office 365 para a BM&FBovespa e a Rede D’Or São Luiz.

Marco Bravo, diretor da Microsoft para o mercado corporativo, disse que as vendas globais de software na nuvem da companhia aumentaram 103% em 2013. No Brasil, o crescimento foi similar. “O mercado passa por um momento de consolidação. Estamos em processo de crescimento acelerado.”

A demanda crescente levou a Microsoft a instalar um centro de dados em São Paulo. O valor investido é mantido em sigilo pela companhia. A expectativa é que o centro de dados seja inaugurado no primeiro semestre deste ano.

Procurada pelo Valor, a Salesforce informou que não dispunha de porta-voz para comentar sobre seus resultados no Brasil.

Demanda em expansão

De acordo com a equipe da Frost & Sullivan, a estratégia agressiva da Microsoft permitiu à companhia tirar participação de várias rivais. Os analistas também destacaram a forte expansão da alemã SAP nesse segmento, sobretudo na oferta de programas para companhias de pequeno e médio portes.

Leandro Baran, vice-presidente de vendas de inovação da SAP SoLA, disse que a companhia alemã investiu na expansão geográfica da sua atuação e no desenvolvimento de serviços em nuvem voltados para pequenas e médias empresas, que antes não estavam no foco da companhia. “A mudança trouxe um crescimento muito grande no Brasil, de três dígitos”, afirmou Baran, sem citar números.

Na visão do executivo da SAP, as companhias tendem a investir mais em softwares na nuvem este ano, devido ao crescimento mais fraco da economia. “As empresas têm uma necessidade maior de ganhar produtividade, e os serviços e softwares na nuvem oferecem custos mais baixos”, disse Baran.

De acordo com o executivo, o Brasil é o terceiro maior mercado para a SAP no mundo, com crescimento total em receita da ordem de 40%, ante um crescimento global em torno de 6%. A computação em nuvem é a área da companhia que mais cresce atualmente. Para este ano, Baran estima um incremento de 30% a 40% nas vendas de software na nuvem no país.

A Hewlett-Packard (HP) é outra concorrente importante no setor que prevê uma expansão significativa da demanda no país. A companhia estima que o segmento vai crescer quatro vezes até 2016. Neste ano, a companhia ampliou a oferta de softwares na nuvem e, no momento, avalia a ampliação do centro de dados que mantém em São Bernardo do Campo (SP), para atender à demanda crescente. “Nossa meta é crescer em linha com o mercado”, disse Renato Macedo, diretor comercial de terceirização, nuvem e segurança da HP.

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Cibelle Bouças, do Valor Econômico