Grandes, reluzentes, nítidos, e sofisticados, os novos aparelhos de TV nunca tiveram aparência melhor. Mas há um problema. O setor de televisores acabou se retraindo. Grandes aparelhos de alta definição, com telas de 50 polegadas em diagonal, podem ser comprados por apenas algumas centenas de dólares. Por que então pagar mais por um novo?
Se o indivíduo passa muito tempo assistindo a vídeos em streaming no tablet ou no smartphone, pagar por um aparelho melhor parece ter menos sentido ainda. E, assim, há vários anos as vendas de aparelhos de TV têm sido apáticas.
Mas as fabricantes de produtos eletrônicos não perdem a esperança. E na 47ª feira internacional de produtos eletrônicos de Las Vegas (CES, na sigla em inglês), que começou ontem e vai até sexta-feira, elas mostrarão como pretendem atrair mais consumidores. Em muitos casos oferecendo as chamadas Smart TVs, que podem se conectar à internet e rodar aplicativos.
A Roku, por exemplo, fabricante conhecida pelos decodificadores que incluem o streaming do Netflix, anunciou novas formas de incorporar seu serviço de streaming de mídia aos aparelhos de TV. Com sede em Saratoga, Califórnia, a Roku deve lançar seis modelos de TVs na feira com seu serviço já incorporado nelas, disse Anthony Wood, diretor executivo da companhia.
Wood disse que a Roku está em melhor posição para produzir uma TV mais inteligente do que outras do setor. Afirmou que muitos fabricantes de aparelhos de TV não têm os recursos necessários para fabricar televisores inteligentes com uma ampla seleção de conteúdo, em parte, porque muitas empresas de mídia não desejam criar versões dos seus aplicativos para todos os diferentes modelos de TV inteligente no mercado.
Por outro lado, já há mais de 1,2 mil aplicativos disponíveis para a Roku, incluindo o HBO GO, Netflix, Vudu e outros. “Nossa estratégia é nos tornarmos uma plataforma dominante na tela grande”, disse ele em entrevista.
Ultra HD
A Samsung, a maior fabricante de aparelhos de TV do mundo, também está otimista quanto às TVs conectadas. Este ano, mais de 75% dos aparelhos Samsung serão inteligente, disse Joe Stinziano, vice-presidente executivo da área de entretenimento doméstico na Samsung Electronics America.
Mas, como outras fabricantes, a Samsung pretende atrair a atenção dos consumidores com novos recursos chamativos para aparelhos antigos.
As fabricantes vinham introduzindo esses novos recursos há algum tempo, mas sem muito sucesso: a série de modelos à venda no ano passado oferecia a possibilidade de assistir conteúdo em 3D e incluía telas com o quádruplo de pixels. Mas com a diminuição do estoque de TVs no ano passado e diante do pouco conteúdo para assistir, as TVs em 3D foram um fracasso até agora.
Nos Estados Unidos, as vendas de aparelhos Ultra HD (4K)nos 12 meses que terminaram em novembro representaram menos de 1% das vendas totais de televisores de 40 polegadas ou mais. Mesmo assim, a Samsung está colocando ênfase nas TVs de alta definição, incluindo a Ultra HD de 105 polegadas com tela curva.
A tela ligeiramente côncava acaba com os reflexos da luz ambiente, como lâmpadas no teto da sala, por exemplo. E permite às pessoas sentadas dos lados terem uma visão melhor das imagens”, disse Stinziano. “Seu olho é curvo e a TV também é curva. É uma sensação muito mais natural.”
Concorrência
Outras fabricantes, como LG, Panasonic, Sharp, Toshiba e Sony, também deverão colocar à mostra suas novas TVs Ultra HD com tela curva na feira.
Mas as Smart TVs parecem estar ganhando força. No ano que encerrou em novembro, 22% dos aparelhos vendidos nos Estados Unidos foram TVs com conexão à internet, em comparação com os 11% registrados no ano anterior, segundo a empresa de pesquisa NPD.
O mesmo levantamento mostra que 38% das pessoas que adquiriram uma Smart TV achavam a conectividade com a internet e aplicativos importantes; há dois anos esse porcentual era de 33%.
Para James L. Mcquivey, analista da Forrest Research, “muitas fabricantes de TV começaram a achar cada vez mais que sabiam por que as pessoas assistem à TV. E chegaram à conclusão errada. Todas as companhias estão tentando superar as concorrentes com essa coisa chamada qualidade”.
Ele apontou para o enorme aumento do consumo de vídeo nos celulares e serviços de vídeo como YouTube para mostrar como os consumidores são atraídos para imagens de menor qualidade do que a TV convencional.
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Brian X. Chen e Nick Wingfield, do New York Times