Wednesday, 13 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1314

Presidente tem caso desde 2011, diz revista

O presidente da França, François Hollande, mantém um relacionamento secreto com a atriz Julie Gayet desde 2011, informou a revista de celebridades francesa “Closer”, a mesma que revelou na semana passada, com fotos, o romance entre os dois.

De volta à carga em sua edição que chegou às bancas ontem, a publicação estampou em sua capa “Eles se amam há dois anos”, jogando mais combustível na polêmica.

Outros veículos pegaram carona no assunto, afirmando que Hollande decidiu ficar com Gayet e que deve encerrar seu relacionamento com a primeira-dama Valérie Trierweiler, que foi hospitalizada após o caso vir à tona.

O jornal “Le Figaro” escreveu que “a página Trierweiler parece virada” e que a atriz “poderia se tornar oficialmente a primeira-dama”.

Anteontem à noite [quinta, 16/1], o presidente visitou pela primeira vez Trierweiler no hospital, mas detalhes do encontro não foram divulgados.

Na terça, Hollande admitiu passar por um momento doloroso com a companheira, com quem não é casado. Ele não negou nem confirmou o relacionamento com a atriz.

Sem o impacto das fotos da semana passada que exibiam a movimentação de Hollande e Gayet no apartamento em Paris onde se encontravam, a nova edição da “Closer” se dedicou a fazer a cronologia do romance.

Hollande teria sido apresentado a Gayet em 2011 por Ségolène Royal, ex-mulher dele e candidata derrotada nas eleições presidenciais de 2007.

A atriz, militante do Partido Socialista, passou a frequentar eventos do então candidato a presidente e “as relações se tornaram rapidamente mais íntimas”, escreve a revista.

Eleito, Hollande comemorou com Trierweiler, com quem tirou férias, deixando Gayet “às lágrimas no Festival de Cannes”. Meses depois, o presidente retomou o caso, encontrando-se com Gayet em um apartamento próximo do palácio presidencial. Desistiram do local após uma zeladora tentar fotografá-los.

Após ouvir rumores do affaire, relata a “Closer”, a primeira-dama decidiu questionar o parceiro e se mudou para o palácio, fechando o cerco. O presidente e a atriz deram um tempo, mas reataram depois de acharem um novo local para encontro: o apartamento em que seriam flagrados pela reportagem.

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‘Closer’ destoa de jornalismo francês ao publicar traição

A revelação de um caso extraconjugal do presidente da República forçou a imprensa francesa a repercutir uma publicação que destoa da tradição do jornalismo do país, normalmente avesso à vida pessoal de políticos.

Autora da façanha, a revista “Closer”, não deixou de mencionar o constrangimento na edição de ontem, lembrando que, enquanto o affaire de François Hollande era notícia pelo mundo, a mídia francesa preferia aguardar posição do palácio do Eliseu.

A revista chegou ao país em 2005, copiando a “Closer” britânica, e em 2006 foi vendida à filial francesa do grupo Mondadori, um dos principais da Itália e controlado pela família do ex-premier Silvio Berlusconi.

A sede do grupo, perto de Milão, foi projetada por Oscar Niemeyer.

O tratamento de políticos como celebridades não é novo entre os britânicos, mas foi pioneiro na França e tem histórico de polêmicas.

Foi a revista que publicou fotos de biquíni de Ségolène Royal, então mulher do atual presidente. Também divulgou as primeiras fotos de Hollande e Valérie Trierweiler juntos. Nicolas Sarkozy e Carla Bruni também foram alvos.

As fotos da duquesa de Cambridge, Kate Middleton, fazendo topless levaram até a versão britânica homônima a buscar se distanciar da irmã francesa.

Na França, país com legislação dura na defesa da privacidade, “Closer” já recebeu diversas condenações, entre elas pelas fotos de Kate.

Líder do segmento de celebridades, a revista tem circulação de 348 mil exemplares semanais, mas vendeu o dobro disso na edição que revelou o caso. É o suficiente para pagar mais de oito vezes a indenização de € 54 mil pedida por Julie Gayet.

Na edição de ontem [sexta, 17/1], a “Closer” diz que seus jornalistas estão “orgulhosos” em dividir o furo de reportagem com os leitores e conta os bastidores da apuração.

Em editoral assinado pela diretora de redação, Laurence Pieau, a revista ironiza que os veículos “muito sérios” denunciem o tratamento de políticos como famosos, mas que hoje recorram ao mesmo expediente.

A Folha procurou Pieau ontem, mas sua assistente disse que ela não estava disponível para entrevista. (R.V.)

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Rodrigo Vizeu, para a Folha de S.Paulo, em Paris