Joseph Hayden, de 68 anos, tem uma missão: construir uma ‘CNN para o Harlem’. Ele se classifica como viciado em notícias, mas afirma que a falta delas sobre comunidades de baixa renda e minorias o deixa furioso. ‘Eles só falam sobre a classe média. Nunca olham para baixo. Não falam com a gente. Nunca perguntam a minha opinião’, queixa-se, completando que a mídia tradicional fala com ‘arrogância e certeza’ sobre os sentimentos da população americana, sem conhecê-la como um todo.
Hayden, entretanto, está determinado a mudar esta situação – pelo menos localmente. Por isso, investiu no ano passado, com dois amigos, 40 mil dólares para criar uma organização de notícias. O objetivo da Still Here Harlem Productions é ‘cobrir todos os aspectos da vida dos marginalizados e dos sem voz no Harlem’.
Em setembro, os vídeos de meia hora produzidos pela equipe começaram a ser exibidos no canal a cabo Manhattan Neighborhood Network, e, em fevereiro, Hayden criou o sítio de internet All Things Harlem, com reportagens em vídeo e gravações dos eventos políticos, sociais e culturais do bairro de maioria negra de Manhattan.
Cria local
Hayden sai com naturalidade pelas ruas do bairro com uma câmera na mão. Recentemente, perguntou às pessoas sobre os 100 primeiros dias de Barack Obama na presidência. Na mesma noite, postou o resultado da gravação em seu sítio e no iReport, programa de jornalismo-cidadão da CNN. No dia anterior, ele havia coberto uma passeata contra a violência das gangues por conta do assassinato de um menino de 13 anos em uma festa.
Hayden nasceu no Harlem, filho de uma faxineira que criou sozinha a família. Foi preso pela primeira vez aos 16 anos, por posse de heroína, e já enfrentou acusações e condenações por tentativa de assassinato, lavagem de dinheiro e homicídio culposo. Na prisão, estudou, virou professor e, posteriormente, já livre, tornou-se líder comunitário. ‘Para mim, o crime é uma reação’, diz. ‘Quando me eduquei, comecei a ver oportunidades em outras áreas. Comecei a trabalhar para mudar o sistema, para tentar reformar o sistema. [Trabalhar como líder comunitário] se revelou como a coisa mais natural do mundo para mim’. Informações de Jason Grant [The New York Times, 18/5/09].