Nos últimos dias, os holofotes da imprensa nacional voltaram-se para as declarações emitidas pela âncora do Jornal do SBT Rachel Sheherazade sobre o ataque de “justiceiros” contra bandidos no Rio de Janeiro. Em dias de pura violência, a população, ao sair de casa, lança-se à própria sorte e aventura-se em ruas sem segurança pública, que refletem nada mais que a omissão do Estado, sem saber se volta ou não para casa.
A maioria das opiniões emitidas, principalmente pelas redes sociais, é de críticas à jornalista. Num sentimento de revolta, muitos “opinantes” acabam se contradizendo em conceitos violentos. O telespectador brasileiro é, em sua maioria, alienado pelos formatos da TV aberta nacional, com contornos “mastigadinhos” e que em suas entrelinhas emitem puramente os interesses de sua emissora. Prova disso é o espaço ocupado pelo BBBna TV, em relação ao Globo Ciência.
Quando aparece um formato de telejornal diferente, com liberdade editorial, em uma emissão opinativa do editorial, nos revoltamos. É o fim do mundo! Pessoal, por que não nos revoltamos antes com a violência? Vamos acordar! Somos preguiçosos e acomodados! Pelo ao menos é o que afirmou o editor-chefe de um dos telejornais com maior ibope da televisão brasileira, William Bonner. Certa vez, um grupo de professores da USP visitou a TV Globo para acompanhar a produção do Jornal Nacional e, em dado momento, o apresentador definiu o espectador médio do noticiário como Homer Simpson, alguém com dificuldade para entender siglas e coisas mais “complexas”.
Quando soube do acontecido, durante o período acadêmico, me revoltei com a definição preconcebida. Porém agora, com a reação dos nossos telespectadores em relação à opinião emitida por editorial no Jornal do SBT,vejo que é o conceito ideal. Ou não sabemos interpretar uma mensagem, ou somos preguiçosos a ponto de termos que receber a notícia em uma injeção de alienação em nossas veias.
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Samuel Gonçalves é assessor de Comunicação, Igaporã, BA