É ultrajante assistir às campanhas publicitárias que vêm sendo exibidas na TV defendendo a permanência e a legalidade dos anúncios de cerveja. Uma delas, veiculada pela Associação Brasileira de Agências de Publicidade, afirma que a ‘publicidade de cerveja não é culpada pelos irresponsáveis que dirigem embriagados, pelos criminosos que vendem bebidas a menores e pelos covardes que praticam violências de qualquer espécie’.
É óbvio que a publicidade não pode ser apontada como culpada por estas questões, mas é fato que ela estimula o consumo das bebidas alcoólicas e também desperta o interesse de crianças, jovens e adultos, ainda mais quando explora o erotismo e vincula o produto ao sucesso profissional, social ou sexual.
Mas os interesses econômicos falam mais alto. No início deste mês, projeto de lei que restringe a propaganda no rádio e na TV foi retirado da pauta de votações da Câmara dos Deputados por pressão e lobby dos fabricantes de cerveja, das agências de publicidade e das emissoras.
Sem bebida
O caso é tão polêmico que o Conselho Nacional de Auto-Regulamentação Publicitária entrou no circuito e divulgou novas restrições para a propaganda. Pelo documento, os anúncios só podem ser exibidos entre 21h30 e 6h.
As medidas são louváveis? Sim, mas fracas diante dos efeitos da publicidade sobre os consumidores e dos males que a bebida causa à saúde.
A Universidade Federal de São Paulo e o Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo lançaram a campanha Movimento Propaganda Sem Bebida. Anuncie. Talvez, a moda pegue. Clique aqui.
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Editor do RioMídia/MultiRio