O jornal impresso é a atividade jornalística mais antiga de nossa tarimba, sua importância e o apego que temos por ele é tremendo. Mas um jornal é tecnicamente um pedaço de papel – um produto frágil – com textos.
O que acontece hoje, amanhã é noticia velha, mas impressa no papel torna-se documento, história. Mas também inevitavelmente torna-se lixo, afinal das contas é também papel velho. Quando comecei no jornalismo ficava chateado quando via algum exemplar de jornal onde houvesse um texto meu jogado na rua. Demorei a domar minha emoção e entender que jornal velho no geral é lixo e por isso vai para o lixo. Com mais sorte poderá ser reciclado. Mas uma reportagem, pequena que seja, pode ser guardada por alguém – seja lá por que razão – e vira documento do tempo, mesmo que seja apenas um recorte, um fragmento ou em um clipping.
Mesmo com o avanço da publicação de notícias online e a criação de sofisticado bancos de armazenamentos de informações, ainda há espaço e tem importância a documentação impressa e o arquivamento da mesma. Mesmo que o impresso, onde a notícia sairá no outro dia, já esteja defasado em relação às publicações da internet, o jornal impresso pode se antecipar aos fatos a partir da pesquisa constante (o que demanda uma grande equipe), seguir pela linha da segmentação ou (o que serve ao propósito do artigo) fazer um jornalismo histórico calcado em grandes reportagens onde se esmiúcem os temas de forma que mesmo passado um dia, um ano ou séculos seja um documento não somente testemunhal de um fato, mas de um tempo.
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Victor Viana é jornalista e escritor