Friday, 29 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1316

Restrições da Fifa desagradam imprensa mundial

A Associação Mundial de Jornais (WAN, sigla em inglês) e um grupo constituído pelas maiores agências de notícias do mundo expressaram sua ‘tristeza’ e ‘profundo desapontamento’ pela decisão da Fifa, federação internacional de futebol, de desistir das negociações sobre as severas restrições impostas ao uso de imagens dos jogos da Copa do Mundo por jornais e sítios de internet, ignorando as contínuas divergências entre os dois lados.

A Fifa proibiu a publicação de fotos da Copa na internet – incluindo os sítios dos jornais – durante os jogos e limitou o número de imagens que podem ser publicadas posteriormente. A organização também apresentou restrições editoriais sobre como as fotos podem ser usadas na mídia impressa. Caso as restrições não sejam aceitas pelas empresas de mídia, elas perderão o direito ao credenciamento para a Copa, que acontecerá em junho na Alemanha. Se as regras forem violadas por jornalistas credenciados, eles terão suas credenciais cassadas.

Debate sem resultado

A WAN vem negociando a revisão das restrições com a Fifa desde setembro do ano passado. Em janeiro, a associação reuniu-se com o presidente da Fifa, Joseph Blatter, e advogados da federação, e os dois lados concordaram em criar uma comissão para discutir o assunto. No entanto, pouco tempo após o primeiro encontro da comissão, no dia 13/2, no qual a Fifa fez apenas pequenas mudanças nas regras, a federação enviou uma ‘versão final’ dos termos e condições – que continuam a ignorar as principais reclamações da WAN e das agências de notícias.

Originalmente, a Fifa havia decidido que apenas a divulgação de fotos na internet estava proibida por duas horas depois do fim dos jogos. Desde que as negociações começaram, a federação reduziu a proibição para uma hora; depois permitiu que as fotos do primeiro tempo fossem divulgadas logo após o fim dos jogos, sendo que as do segundo tempo só poderiam ser disponibilizadas 45 minutos depois. Apenas cinco fotos por cada tempo de jogo e mais duas, caso haja prorrogação, podem ser publicadas nos sítios. A Fifa alegou que o atraso e as restrições na quantidade de fotos são necessários para proteger seus contratos comerciais com os veículos que compraram os direitos do campeonato. Já alguns membros da comissão alegam que a cobertura online não prejudica as emissoras de televisão.

O próximo passo do grupo é investigar as opções legais, informar aos patrocinadores da Copa do Mundo sobre a ‘clara perda de exposição da marca que será sofrida caso eles permitam as restrições da Fifa’ e alertar os líderes políticos da Alemanha e da Europa sobre o que é considerada uma violação de convenções sobre o livre acesso e circulação de informações. ‘As restrições constituem uma interferência na liberdade editorial e na independência e uma clara quebra no direito da liberdade de expressão’, dizia a carta entregue pelo diretor-geral da WAN, Timothy Balding, e pelo presidente da AFP, Pierre Louette, ao presidente da Fifa. Informações da Associação Mundial de Jornais [23/2/06] e de Mike Collett [Reuters, 23/2/06].