Friday, 22 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

Estadão pode ser punido por entrevista com Kassab

Leia abaixo a seleção de sexta-feira para a seção Entre Aspas.


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Folha de S. Paulo


Sexta-feira, 20 de junho de 2008


 


IMPRENSA NA JUSTIÇA
Clóvis Rossi


Jabuticaba jurídica


‘SÃO PAULO – Quando houve a representação contra a Folha por ter feito ‘propaganda eleitoral’ de Marta Suplicy, ao entrevistá-la, comecei a escrever algo a respeito.


Parei nas primeiras linhas. Achei que era bobagem. Pensei: não há a menor chance de prosperar mais essa jabuticaba, agora jurídica, exotismo que só dá no Brasil.


Errei feio. Consola-me o fato de um jurista de enorme experiência e saber, como Carlos Velloso, duas vezes presidente do Supremo Tribunal Federal, também ter cheirado a jabuticaba. ‘Nunca vi algo parecido em toda a minha carreira’, disse Velloso a Claudio Dantas Sequeira, desta Folha.


A propósito, Claudio é o autor da bela reportagem de domingo que mostrou como o Exército Brasileiro ensinou tortura a estrangeiros. Voltando ao assunto central: antes de que o juiz aceitasse a representação e multasse o jornal, o leitor Ordélio Sette enviou e-mail para informar que participa do Fórum pela Justiça Mundial, movimento global ‘cuja missão é estabelecer bases sólidas para o primado do direito’.


Os princípios básicos são simples, de puro sentido comum. Resumo, em tradução livre do inglês:


1 – O governo e seus funcionários devem prestar contas ante a lei.


2 – As leis devem ser claramente difundidas, estáveis e justas, e proteger os direitos fundamentais, inclusive a segurança de pessoas e propriedades.


3 – O processo pelo qual as leis são elaboradas, administradas e postas em vigência deve ser acessível, justo e eficiente.


4 – O acesso à Justiça deve ser providenciado por funcionários competentes, independentes e éticos e por juízes que sejam em número suficiente, tenham recursos adequados e reflitam o sentimento da comunidade a que servem.


Você aí acha, honestamente, que um só, unzinho só, desses princípios vigora no Brasil?’


 


 


Eliane Cantanhêde


Descabida


‘BRASÍLIA – Nós, os leigos, somos uns tremendos ignorantes em direito e não conseguimos entender por que o juiz auxiliar da 1ª Zona Eleitoral de São Paulo, Francisco Carlos Shintate, confunde entrevistas jornalísticas com peças promocionais de campanha.


Jornais e jornalistas vivem de notícias. Políticos devem satisfação do que fazem e do que pretendem fazer. Logo, jornais e jornalistas têm o dever, além do direito, de publicar entrevistas com líderes políticos, e os líderes políticos têm o direito, além do dever, de dar entrevistas a jornais e jornalistas. E tanto leitores de jornais e revistas como eleitores de todo o país têm o direito e o dever de se informarem sobre os candidatos. Parece simples assim.


Para o excelentíssimo juiz, não é nada simples. Tanto que ele acaba de impor uma multa a Marta Suplicy, à Empresa Folha da Manhã S.A. (que edita esta Folha) e à revista ‘Veja’, porque a ex-ministra fez o que tinha de fazer, que era dar entrevistas, e os dois órgãos de imprensa também fizeram o que tinham de fazer, publicá-las.


A decisão do juiz é tão descabida, tão surpreendente, que é preciso um enorme esforço para discuti-la a sério, o que, obviamente, se faz aqui até em respeito ao juiz e a tudo o que ele representa. Mas, que não entra na cabeça, não entra.


Entre outras coisas, ele disse que preservava ‘a igualdade entre todas as pessoas’. Sim, ok. Mas quem era ministra e estava migrando para a candidatura à mais importante capital do país não era a Joana, a Maria ou a Carminha. Era Marta Suplicy. Ela era, e é, um fato jornalístico relevante.


Já imaginou jornais e revistas que não possam entrevistar políticos, candidatos e candidatas, nem dizer o que eles fazem e pensam, nem o que eles propõem, nem seus acertos e erros? Sob o pretexto de evitar a propaganda eleitoral antecipada, o juiz atacou não só a liberdade de imprensa mas também a de expressão. E atingiu principalmente você, leitor e eleitor.’


 


 


Folha de S. Paulo


‘Espírito’ das cortes é de não restringir imprensa, diz STF


‘O ministro Celso de Mello, do Supremo Tribunal Federal, afirmou à Folha estar ‘preocupado’ com decisões judiciais que ‘culminam por inibir, restringir e asfixiar’ a liberdade de imprensa. Já o presidente do STF, Gilmar Mendes, disse que ‘o espírito’ das cortes superiores do país é de não restringir a cobertura jornalística.


Ambos foram questionados sobre decisão da 1ª Zona Eleitoral de São Paulo de multar a Empresa Folha da Manhã S.A. e a Editora Abril, que editam respectivamente a Folha e a revista ‘Veja’, por publicarem entrevistas com a pré-candidata em São Paulo Marta Suplicy (PT). Para o juiz, houve propaganda eleitoral antecipada.


Mello disse que não é ‘cabível qualquer interferência estatal de que resulte indevida restrição do exercício de uma prerrogativa que pertence não só aos meios de comunicação social, mas sobretudo aos cidadãos’. ‘Os meios de comunicação têm o direito de pesquisar, buscar, revelar e até comentar fatos. E essa mesma liberdade tem o cidadão: de receber a informação e conhecer as opiniões existentes nas pessoas, candidatas ou não’, disse.


‘Sempre estranhei deliberações que neguem aos meios de comunicação social o exercício do seu direito de informar e de opinar. E vejo com preocupação determinadas tendências no âmbito do Judiciário cujos efeitos culminam por inibir, por restringir e até mesmo asfixiar a prática inestimável da liberdade de imprensa.’


Ainda segundo Mello, ‘os meios de comunicação, especificamente os jornais e as revistas, não podem sofrer qualquer restrição no exercício de liberdade de informar uma vez que nada impede que os órgãos de imprensa possam até mesmo externar em opiniões editoriais a sua preferência em favor deste ou daquele candidato’. ‘Com mais razão acontece essa liberdade de informar quando o jornal e a revista dispensam tratamento isonômico aos diversos candidatos’, concluiu.


Mendes, por sua vez, disse que, por ser ‘muito ampla’, a legislação eleitoral pode provocar ‘distorções’. ‘A legislação eleitoral é muito ampla, porque tenta proporcionar um tipo de concorrência ideal e, dependendo da aplicação que se faz, pode haver distorções. A legislação é muito aberta e proporciona esses tipos de interpretação. Você proíbe qualquer coisa, dependendo da interpretação’, afirmou Mendes.


‘A cobertura jornalística em geral nunca foi objeto de restrição. Esse é o espírito que emana de cortes superiores.’ Para o presidente do STF, ‘a melhor forma de reclamar de decisão judicial é dela recorrer’.


O presidente do TSE, ministro do STF Carlos Ayres Britto, também já havia comentado a recente decisão contra a Folha, pedindo à Justiça Eleitoral que ‘tome muito cuidado’ para não colocar em risco o direito fundamental à liberdade de informação. ‘No Brasil, o direito à informação tem o mais sólido lastro constitucional. Se traduz no direito de informar, se informar e ser informado. E o fato é que a imprensa é que melhor cumpre esse papel, que melhor realiza esse direito’, afirmou Britto na ocasião.


Segundo ele, entrevistas com pré-candidatos não estão proibidas, desde que traduzam ‘idéias, opiniões, percepções, e exposição de uma doutrina’.’


 


 


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Entrevista não foi propaganda, diz desembargador


‘O presidente do Colégio de Presidentes dos Tribunais Regionais Eleitorais, desembargador Cláudio Santos, disse ontem que as entrevistas publicadas pela Folha e pela ‘Veja São Paulo’ com a ex-ministra Marta Suplicy (PT) não podem ser consideradas propaganda eleitoral. ‘Taxativamente, acho que não houve propaganda eleitoral.’ Santos é presidente do TRE do Rio Grande do Norte e dirigiu ontem o encontro de presidentes dos TREs, feito em um hotel de Copacabana, zona sul do Rio.


‘O juiz deve discernir bem o que é propaganda eleitoral antecipada, e portanto irregular, do que é matéria jornalística. Nós temos aí alguns princípios constitucionais para discussão. Primeiro, o direito do cidadão à informação’, declarou.


E prosseguiu: ‘Depois, o princípio da liberdade de imprensa. E, depois, a regra constitucional que determina que não haja desequilíbrio de oportunidade para os candidatos, ou seja, o poder econômico não pode prevalecer se utilizando eventualmente dos meios de comunicação a seu favor’.


Santos afirmou que a imprensa tem grande importância na democracia. ‘A liberdade de imprensa é ampla e deve continuar ampla.’


Embora defenda que as entrevistas publicadas pela Folha e pela ‘Veja São Paulo’ sejam pertinentes, ele disse que há casos em que a Justiça Eleitoral deve interferir. ‘Se um jornal passa a massacrar um candidato, montando matérias, isso seria uma irregularidade. (…) Mas é preciso examinar com cuidado para que não haja agressão ao princípio da liberdade de informação.’


O presidente do TRE do Rio, Roberto Wider, não quis entrar no mérito da sentença que puniu a Folha por considerar que o caso ainda está em tramitação. Mas afirmou, como princípio, que ‘a liberdade de imprensa é um dogma que devemos respeitar’.


O presidente do TRE de Minas, Joaquim Herculano Rodrigues, também defendeu a liberdade de imprensa. ‘Se a imprensa divulgar [apenas] um ou dois candidatos, estará fazendo propaganda irregular. Agora, se faz reportagens com os principais candidatos, aí não estaria provocando o desequilíbrio no pleito’, afirmou.


Muitos presidentes de TREs preferiram não comentar a decisão da Justiça de São Paulo, alguns por não terem acompanhado o caso e outros por entenderem que ainda está em tramitação.


O presidente do TRE-SP, Marco César Valente, se disse impedido de comentar as sentenças porque os recursos impetrados serão julgados pelo Tribunal de Justiça que preside. Disse considerar a questão ‘delicadíssima’ por envolver a liberdade de imprensa, ‘pedra basilar do Estado de Direito’.’


 


 


Lilian Christofoletti


Para ex-ministro, decisão vem da ‘falta de estudo’ do juiz


‘O ex-ministro da Justiça Saulo Ramos, 79, afirmou que a ‘falta de escolaridade’ justifica o entendimento dos quatro promotores e do juiz eleitoral que disseram que as entrevistas publicadas pela Folha e pela revista ‘Veja São Paulo’ com a pré-candidata à prefeitura paulistana Marta Suplicy (PT) eram propaganda eleitoral.


‘Atribuo isso realmente à falta de escolaridade dos promotores e, sobretudo, do juiz, que aceita uma proposição inédita como essa’, disse. Os promotores que assinaram a representação são: Eduardo Rheingantz, 51, Maria Amélia Nardy Pereira, 45, Patrícia Aude, 41, e Yolanda Serrano de Matos, 31. O juiz que condenou o jornal, a revista e a petista foi Francisco Carlos Shintate, 40.


‘Depois de nove, dez anos de vida jurídica, cometer erro dessa gravidade faz a gente pensar que um programa de reavaliação da magistratura seria uma boa idéia’, disse Ramos, autor do livro ‘Código da Vida’.


FOLHA – Como o sr. avalia a decisão que considerou propaganda eleitoral antecipada a entrevista com uma pré-candidata?


SAULO RAMOS – Esses promotores e o juiz não sabem ler texto de lei. A resolução do TSE é uma manifestação interpretativa do tribunal, na qual se lê que não caracteriza propaganda eleitoral a divulgação de opinião favorável a candidato, a partido ou a coligação na imprensa escrita. Então, de maneira alguma, uma entrevista pode configurar propaganda.


FOLHA – A Promotoria diz que houve abusos na entrevista.


RAMOS – Genericamente, abuso da liberdade de expressão é quando eu ofendo a honra, a dignidade ou a privacidade de alguém. Mas uma entrevista com idéias e programas não constituiu, de maneira alguma, propaganda eleitoral.


FOLHA – A Promotoria diz que, antes do dia 7 de julho, a imprensa pode falar sobre o perfil do candidato. Plataforma política, só depois.


RAMOS – Ao entrevistar um político, o jornalista vai perguntar se ele gosta de Fernando Pessoa? O que interessa isso? O que importa é a informação. Se fizer uma entrevista hoje com um pré-candidato à disputa de 2010, será propaganda antecipada? Não pode só porque vai haver eleição neste ano? O abuso é falar de problemas políticos, intenções administrativas, idéias políticas? Mas é justamente isso que constitui o motivo principal da entrevista! Por quê? Porque já não é mais o direito de liberdade de expressão, é o direito de informação, que é um direito do povo.


FOLHA – A que o sr. atribui o entendimento da Promotoria e do juiz, que têm anos de profissão?


RAMOS – A senhora já leu o português desse juiz? É terrível, ele não sabe escrever em português, com todo o respeito que tenho pelos cem anos da migração japonesa. Eu atribuo isso exatamente à falta de estudo, à falta de dedicação ao direito, que é uma ciência. O direito disciplina a nossa forma de vida. É claro que o político tem de falar de seus programas. Ele não tem de dizer se gostou do Cirque du Soleil. Atribuo isso realmente à falta de escolaridade dos promotores e, sobretudo, do juiz, que aceita uma proposição inédita como essa. Como a falta de escolaridade é tão gritante, acho que os tribunais não podem nem debater isso, têm de anular imediatamente. Quando a gente fica velho, perde a paciência com os mais moços. A gente vê umas barbaridades assim e se irrita.’


 


 


Entidade do Ministério Público repudia ações contra mídia


‘O Movimento do Ministério Público Democrático (MPD), entidade que reúne promotores e procuradores, se insurgiu ontem contra as representações assinadas por quatro promotores eleitorais que acusaram os jornais Folha e ‘Estado de S. Paulo’ e a revista ‘Veja São Paulo’ de propaganda eleitoral antecipada em entrevistas publicadas com pré-candidatos à Prefeitura de São Paulo.


Para a entidade, o entendimento dos promotores é uma ‘clara violação a direitos fundamentais’. O presidente do MPD, Roberto Livianu, afirmou ter se sentido ‘indignado e aborrecido’ ao ler as representações dos colegas.


‘Entrevistas políticas com pré-candidatos podem ser publicadas pelos jornais e revistas em qualquer momento e podem abordar qualquer tema. O que a lei proíbe são os abusos, entendendo-se como abuso os ataques à honra de alguém.’


Em nota, a entidade, fundada em 1991, informou que ‘jornais e revistas não precisam pedir a ninguém e podem, e devem, a qualquer tempo, antes, durante e depois de eleições, entrevistar pessoas, candidatas ou não. Quando assim procedem, contribuem para o fortalecimento da cidadania brasileira e dão vida ao direito fundamental à informação.’


O MPD informou ainda que ‘o direito à informação […] é um dos pilares do Estado democrático de Direito e sua negação implica obscurantismo jurídico e contribui para o agravamento do quadro de falta de consciência de cada brasileiro e brasileira a respeito daqueles que postulam cargos eletivos, dificultando-se o exercício de seu direito ao voto de forma consciente’.


O movimento reúne cerca de 360 associados, entre eles, o promotor Eduardo Rheingantz, um dos autores das representações. ‘Não vou comentar a nota. Podem me criticar, não tem problema’, disse Rheingantz.


A Folha e a ‘Veja São Paulo’ recorreram da sentença do juiz auxiliar da 1ª Zona Eleitoral, Francisco Carlos Shintate, que condenou as empresas por propaganda eleitoral antecipada. A entrevistada Marta Suplicy (PT) também foi multada.


O jornal ‘Estado’ e o prefeito Gilberto Kassab (DEM), pré-candidato à reeleição, foram alvos de uma nova representação iniciada pelos promotores.


A justificativa da Promotoria é que o prefeito usou espaço do jornal, antes do dia 7 de julho -quando a propaganda eleitoral é liberada-, para falar da gestão dele, o que configuraria propaganda eleitoral. Afranio Affonso Ferreira Neto, advogado do ‘Estado’, disse que deve apresentar hoje a defesa. ‘O que fizemos não foi propaganda, mas jornalismo político.’


Em nota, Kassab disse que não faz sentido punir veículos de comunicação que prestam informações à sociedade sobre políticos que concorrem a cargos públicos. ‘Da mesma forma que é errada a punição aos pré-candidatos ou candidatos que concederam as entrevistas e prestaram esclarecimentos.’’


 


 


Ministério Público entra com representação contra a editora Abril


‘A representação de ontem é devido à entrevista publicada com o prefeito Gilberto Kassab (DEM), candidato à reeleição, na edição de 18 de junho da revista ‘Veja São Paulo’. No entendimento dos promotores, a entrevista representa propaganda eleitoral antecipada. A assessoria de imprensa do Grupo Abril afirmou ontem que não tinha recebido nenhuma comunicação sobre o assunto.’


 


 


TODA MÍDIA
Nelson de Sá


Já é amanhã?


‘Com charge de Lula como Carmem Miranda, o editor da ‘Economist’ para as Américas, Michael Reid, escreveu artigo de uma página ontem no ‘El País’, com o título ‘Já é amanhã no Brasil’. Em suma, no destaque do próprio jornal, ‘o progresso do Brasil durante os últimos 15 anos se baseou em consensos democráticos, investimento privado e controle da inflação’ e ‘o pragmatismo econômico e o progressismo social de Lula confirmam a ascensão’. Por fim, ‘com seus múltiplos defeitos, em muitos sentidos, o Brasil está começando a se comportar como um país sério’.


‘ESTÁ PERTO’


Na nova ‘Economist’, um tanque quase cheio e a previsão de que também em energia a ‘mudança fundamental vai chegar antes do que você pensa’. Do vento aos biocombustíveis, as alternativas se tornam viáveis como negócio. Falta parar de subsidiar petróleo


OBAMA, O SINCERO


O democrata Barack Obama deu entrevista ao ‘Jornal do Brasil’ e à ‘Gazeta Mercantil’ e, ao contrário de John McCain, defendeu a tarifa sobre a importação de álcool. ‘Em algum momento teremos condições de acabar com a sobretaxa ao etanol brasileiro, mas antes esta área deve estar também desenvolvida plenamente nos EUA’, disse. Na repercussão junto a políticos, ontem em Brasília, ele era descrito como ‘mais sincero’ do que seu adversário.


Obama ouviu que Lula estaria ‘empolgado’ com ele e, questionado se já conversou com o brasileiro, disse que não, ‘mas é conversa prioritária para depois da eleição’.


‘Eu era muito namorador. Foram duas brasileiras: a dançarina exótica, nos tempos da Academia Naval, e a do Rio de Janeiro, no final dos anos 50. Como você vê, meu amigo, eu gosto de brasileiros.’ (risos)


Do candidato republicano a presidente dos EUA, JOHN MCCAIN , em entrevista a Osmar Freitas Jr. no ‘JB’ e na ‘Gazeta Mercantil’.


DUDA E O MORRO


O morro da Providência segue nas manchetes do Globo Online ao ‘Jornal Nacional’, com o questionamento do Cimento Social ao fundo, por Arnaldo Jabor e demais. O alvo é Marcelo Crivella, que lidera para prefeito do Rio e é sobrinho de Edir Macedo, da Record.


Lauro Jardim, na Veja.com, postou que Duda Mendonça, marqueteiro de Crivella, ‘tranqüilizou o candidato’ e disse que, se o assassinato dos jovens tivesse ocorrido já com horário eleitoral, ‘usaria nos programas’. Argumenta que ‘o que fica para o povão é que o Crivella tinha um projeto para melhorar a vida das pessoas na favela, estava na favela ajudando as pessoas’.


VEM AÍ


Na Folha Online, ‘audiência do Orkut caiu 34% na América Latina’ em um ano, enquanto a do Facebook cresceu 976%. No mundo, em levantamento da ComScore citado por Tiago Dória, o Facebook passou o MySpace e é a maior rede social. Sua versão em português foi lançada na semana passada’


 


 


CUBA
Folha de S. Paulo


Fidel rebate declaração de Caetano sobre direitos humanos; artista lança tréplica


‘Em prefácio a um livro relançado nesta semana em Cuba, Fidel Castro criticou declarações de Caetano Veloso feitas à Folha em maio, quando, ao comentar sua canção ‘Baía de Guantánamo’, o músico disse preferir os EUA a Cuba em matéria de direitos humanos.


‘Em duas palavras: o músico brasileiro pediu perdão ao império por criticar as atrocidades cometidas naquela base naval em território ocupado de Cuba’, escreveu o cubano, ao final do prefácio de 3.800 palavras para a reedição do livro ‘Fidel, Bolívia e Algo Mais’, sobre uma viagem que fez ao país andino em 1993.


No texto, Fidel disse que as frases do ‘músico brasileiro’ -ele não cita Caetano pelo nome- são ‘outra prova da confusão e do engano semeados pelo império’. O texto inteiro é dedicado à exaltação da resistência de Cuba diante dos EUA e à idéia de que o regime não deve ceder a chantagens.


À noite, Caetano postou no blog do show ‘Obra em Progresso’ (www.obraemprogresso.com.br), onde estreou a música sobre Guantánamo, uma tréplica a Fidel: ‘Não pedi perdão a ninguém. Procuro pensar por conta própria. […] Se não me submeto ao poderio norte-americano, tampouco aceito ordens de ditadores’.


A menção ao brasileiro no prefácio de Fidel aparece logo após o ex-ditador criticar escritos da blogueira cubana Yoani Sánchez (www.desdecuba.com/generaciony), nos quais ela reclama do fato de Havana não ter lhe dado visto para viajar à Espanha para receber um prêmio.


Defesa de blogueira


‘O texto de Fidel é autocongratulatório, prolixo e injusto. Sobretudo com Yoani Sánchez’, escreveu Caetano. Ela e o marido se defenderam criticando Fidel em seus blogs, acusando-o de ter condecorado ‘corruptos, traidores, ditadores’ no passado, em referência a dirigentes da União Soviética e do Leste Europeu.


Na entrevista de maio à Folha, que provocou a reação de Fidel, Caetano havia dito: ‘Se você falar em questão de como são observados os direitos humanos e as questões de liberdade e respeito aos homens, sou 100% mais EUA do que Cuba. […] Se fosse o tipo de cara de esquerda, pró-Cuba, anti-EUA, não seria nenhum abalo’. O músico respondia a uma pergunta sobre a letra de ‘Baía de Guantánamo’, que diz: ‘O fato de os americanos desrespeitarem os direitos humanos em solo cubano é por demais forte simbolicamente para eu não me abalar’.


Ontem, no texto do blog, o músico elogiou a decisão da Corte Suprema dos EUA, na semana passada, que reconheceu direitos antes negados aos prisioneiros de Guantánamo. Disse que a música não existiria sem a base nem sem ‘o valor simbólico que a Revolução Cubana tem em nossas mentes’.


O músico prometeu voltar ao assunto. Em outubro, recomeçam no Rio de Janeiro as apresentações de ‘Obra em Progresso’, onde Caetano experimenta arranjos e músicas para o próximo disco, além de ‘blogar’, no palco, suas opiniões.’


 


 


PUBLICIDADE
Cristiane Barbieri


Magnata da mídia exalta qualificação do conteúdo


‘Publicitários e anunciantes pararam as atividades por quase uma hora no fim da belíssima tarde de ontem em Cannes, durante o Festival Internacional de Publicidade, para ouvir o magnata australiano Rupert Murdoch.


Dono do News Corp, o maior grupo de comunicação por valor de mercado do mundo, que abriga o ‘Wall Street Journal’, os canais Fox News e Sky, o estúdio 20th Century Fox, entre dezenas de outros, Murdoch carregava uma mensagem óbvia para seu público-alvo: em tempos de crise, o melhor a fazer por sua marca é continuar anunciando -afinal de contas, é disso que todos vivem.


O que a platéia queria saber, no entanto, é se o homem que construiu o império de comunicação tem uma visão clara de como será o futuro da área que se torna diferente a cada dia. Apesar de diversificar com investimentos nos mais variados setores da comunicação real e virtual, como o site de relacionamento MySpace, Murdoch deixou claro que o investimento em conteúdo de qualidade é a melhor alternativa.


‘Em poucos anos, o faturamento da DowJones [empresa do NewsCorp] com serviços on-line passará de 50% para 75%’, disse Murdoch. ‘Mas antes eu quero fazer do jornal [‘The Wall Street Journal’, que faz parte da DowJones] o melhor do mundo. Investiremos esforços incontáveis e teremos o melhor jornalismo da área.’


Cobrar mais


Isso porque, segundo ele, o enriquecimento mundial continua crescendo a despeito de qualquer crise, bem como a demanda por informações de boa qualidade. Além disso, diz ele, a qualificação também permitirá cobrar mais por noticiários de interesse específico.


Segundo Murdoch, sua maior surpresa ao assumir o controle do ‘Wall Street Journal’ foi a maneira positiva como os jornalistas reagiram à sua liderança. Na época da compra, no fim do ano passado, houve muitas críticas e previsões de que os jornalistas não se submeteriam aos interesses do News Corp.


No palco da auditório Debussy, onde acontecem as palestras do festival, Murdoch foi questionado por Hamish McLennan, presidente-executivo da agência Young&Rubicam, sobre assuntos tão díspares quanto a eleição nos Estados Unidos, a preocupação com a inflação global, sites de relacionamento e reality shows. Segundo Murdoch, o avanço da inovação tecnológica dos últimos 15 anos se espalhará de maneira explosiva em três anos, para todo o mundo.


Ele não vê, no entanto, uma grande ameaça de aumento da insegurança no mundo nos próximos anos, mas contínuo crescimento econômico, mesmo com recessão nos países desenvolvidos. ‘Apesar dos tempos difíceis, a China e a Índia continuarão crescendo, e o Brasil, ganhando poder’, disse.


Pouco antes da palestra de Murdoch, foram divulgados os finalistas de filmes no festival de Cannes. As agências brasileiras tiveram 15 indicações no segmento. Os vencedores das últimas categorias e o balanço final sairão amanhã.’


 


 


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Premiação em design ‘ignora’ mecas da área


‘No primeiro ano em que o design mereceu uma categoria especial em Cannes, a surpresa do júri foi o fato de que nem Itália nem EUA, as mecas da área, tenham ficado com os principais prêmios. Os EUA levaram apenas dois leões e a Itália, nenhum. O Brasil conquistou duas pratas e um bronze.


‘Quando eu era jovem, peregrinei à Itália, onde estavam os melhores designers e estilistas, e aos EUA, onde estava a inovação’, disse Rodney Fitch, presidente do júri da categoria. ‘Hoje, não indicaria a mesma viagem a um aluno meu. O design está em muitas partes do mundo, mas não nesses lugares.’


O Grand Prix, o principal prêmio, foi dado à remodelação da comunicação visual da Coca-Cola, feita pela agência britânica Turner Duckworth. Entre os prêmios do Brasil, está a embalagem para salada pronta, que leva junto garfo e faca e pode ser reutilizada, da Hortifruti, criada pela Indústria Nacional & Diálogo Design. ‘Sustentabilidade tem de ser um quesito importante no julgamento das peças dessa categoria’, afirma Frederico Gelli, diretor da Tátil Design e integrante do júri.’


 


 


TELEVISÃO
Daniel Castro


Abril faz canal sobre o Brasil para o mundo


‘A Canais Abril, programadora de TV paga do Grupo Abril, está formatando aquele que poderá ser o primeiro canal internacional brasileiro não direcionado a brasileiros no exterior.


O projeto é o de um canal sobre ‘estilo de vida e comportamento brasileiros’. Sua programação seria composta de atrações da própria Abril e de produtoras independentes, em português, com legendas.


O canal não será do tipo étnico (como Globo e Record internacionais). Seu público-alvo será o telespectador estrangeiro interessado em produções brasileiras ou sobre o Brasil.


A proposta do canal está amparada em um estudo que detectou um total de 36 programas em produção ou produzidos recentemente, todos voltados para o mercado externo. A maioria desses programas é documentário, mas há também desenhos animados.


O estudo da Abril mostra que a imagem do Brasil no exterior está ficando cada vez mais valorizada. Além da música, a moda, a culinária e o design brasileiros despertam interesse nos estrangeiros.


O mercado desse canal seriam as grandes metrópoles americanas, a América Latina, Japão, Israel, Itália, Espanha, Portugal, França e África.


A Canais Abril também estuda a internacionalização do Ideal, canal sobre gestão e carreiras. Negocia com operadoras de Portugal e da África e com companhias aéreas.


GENTE 1 O pagodeiro Netinho de Paula e o SBT estão em negociações avançadíssimas. Falta pouco para a assinatura de um contrato para a apresentação de um programa similar ao que Netinho fazia na Record, aquele em que meninas da periferia tinham seus dias de princesas.


GENTE 2 O ex-Negritude Júnior anda sumido. Depois da Record, se aventurou em uma fracassada TV para negros.


BAIXINHOS A assessoria de Xuxa Meneghel informa que a Globo propôs à apresentadora que seu ‘TV Xuxa’ fosse exibido aos sábados às 8h, e não mais às 10h, nos dias de eventos esportivos. Mas ela recusou. Assim, ficará fora do ar durante pelo menos seis sábados.


ERA DUNGA 1 A queda do futebol da seleção se espelha no Ibope. Brasil x Argentina, anteontem, rendeu 40 pontos à Globo. Sem descartar os hinos nacionais, foram 38,2 pontos, igual a Sport x Corinthians, na quarta anterior.


ERA DUNGA 2 A final da Copa do Brasil ainda teve 7,6 pontos na Band. Na soma, foi mais vista do que o maior clássico do futebol mundial, como diz Galvão Bueno.


50 ANOS A ESPN Brasil exibe no próximo dia 28 um especial sobre os 50 anos da primeira Copa do Mundo conquistada pelo país. O programa visitou as cidades em que a seleção se concentrou no Brasil e na Suécia. Ouviu personagens da campanha, como Pelé e Zagallo. E mostrará os gols em narração original.’


 


 


Lucas Neves


Série mostra jovem com alma vendida ao Diabo


‘Ao completar 21 anos, um jovem descobre que, antes de nascer, teve sua alma vendida ao Diabo pelos próprios progenitores -o pai estava muito doente. O pacto prevê que, a partir dessa data, ele trabalhe para o Satanás caçando almas fugidas do inferno.


Essa premissa estrambólica é a da série ‘Reaper’, que estréia hoje. Em entrevista telefônica a jornalistas latinos, o ator Ray Wise, que interpreta o Diabo, classifica o programa como ‘dramormédia’ (misto de drama, terror e comédia): ‘Meu personagem é um pouco mais suave e amigável do que, por exemplo, os vividos por Al Pacino em ‘O Advogado do Diabo’ (1997) e Jack Nicholson em ‘As Bruxas de Eastwick’ (1987). Ele é mais sofisticado e tem um senso de humor aguçado. É a junção de um vendedor de carros boa-praça com um apresentador de ‘game show’.


Gosta de roupas finas, das coisas boas da vida’.


Em tom jocoso, Wise -que interpretou o pai possuído de Laura Palmer em ‘Twin Peaks’, série de David Lynch- sugere um bom método para ‘garimpar’ almas para o Diabo: ‘Basta ler os jornais americanos. Você provavelmente verá que um contingente expressivo [de almas] já foi comprado’.


Apesar de defender um personagem potencialmente controverso, o ator diz não ter ouvido reclamações da ala mais conservadora da audiência americana: ‘Abordamos histórias da Bíblia e tratamos, sim, da expulsão do Diabo por Deus e do fato de, originalmente, ele ter sido um anjo dos mais importantes. Mas é tudo visto sob uma perspectiva engraçada, como entretenimento’.


O diretor do piloto, Kevin Smith, tem cancha em polêmicas religiosas: é dele ‘Dogma’, que tem anjos exilados, profetas maconheiros e Alanis Morissette no papel de Deus.


Bem recebida pela crítica dos EUA, a série patinou na audiência no primeiro ano. Mas uma segunda leva foi confirmada.


REAPER


Quando: hoje, às 21h


Onde: no Universal Channel’


 


 


DOCUMENTÁRIO
Pedro Butcher


Filme faz minuciosa análise da criação do mito de ‘Che’


‘Se Roland Barthes (1915-1980) estivesse vivo e escrevesse uma atualização para seu indispensável ‘Mitologias’, publicado pela primeira vez em 1957, certamente incluiria um capítulo sobre Che Guevara.


O documentário ‘Personal Che’ pode não citar Barthes diretamente, mas é uma minuciosa análise da construção de um mito contemporâneo à moda do semiólogo francês.


De forma complexa e multifacetada, o filme do brasileiro Douglas Duarte e da colombiana Adriana Marino percorre o mundo para investigar as várias ‘releituras’ sofridas pela figura do revolucionário argentino, que foi peça essencial para o sucesso da revolução cubana e morreu tentando implantar a guerrilha na Bolívia (onde foi executado, em 1967).


Imortalizada pelas fotos de Alberto Korda e ‘capturada’ pela linguagem mitológica, a figura de Che já não tem qualquer pé nos fatos; sua reapropriação chega a alcançar aspectos delirantes.


Diz Barthes que a função do mito é ‘transformar uma eventualidade em eternidade’, em um processo de ‘deformação’ que ‘elimina a qualidade histórica das coisas’. No mito, completa o autor, ‘as coisas perdem a lembrança de sua produção’.


Pois esse processo se evidencia de forma clara no filme, que mostra exemplos variados de veneração a Che.


Ele chega a ser santo na região da Bolívia onde foi morto, vira personagem de um musical montado no Paquistão, é modelo para um político de Hong Kong, ou, ainda, torna-se estampa de camisetas em vários países do mundo -inclusive na Alemanha, onde seu rosto aparece no figurino de um jovem neonazista.


Batalha verbal


Os diretores evitam intelectualizar em excesso a discussão, mas não dispensam análises de alguns teóricos. O polêmico fotógrafo Oliviero Toscani, por exemplo, define Che como ‘o melhor modelo que surgiu na face da Terra desde Jesus Cristo’. Bem organizado, o documentário consegue oferecer as informações necessárias para a compreensão de um processo, sem perder de vista o lado humano das engrenagens da mitificação.


É especialmente interessante ver a batalha verbal, nos Estados Unidos, entre um ‘guevariano’ que veste a camisa do revolucionário e os cubanos que fugiram do regime de Fidel Castro.


Ou, ainda, a expressão de uma senhora e seu filho, moradores de uma pequena cidade boliviana, quando o diretor lhes diz que Che Guevara era ‘comunista e ateu’.


Seus rostos são tomados por uma decepção infinita, que depois dá lugar à incredulidade. O mito, como sempre, vence.


PERSONAL CHE


Produção: EUA, 2007


Direção: Douglas Duarte e Adriana Marino


Com: Jon Lee Anderson, Paul Berman, Christopher Hitchens, Jorge Castañeda


Onde: em cartaz no HSBC Belas Artes, Cine Bombril e Espaço Unibanco; classificação livre


Avaliação: bom’


 


 


INTERNET
Folha de S. Paulo


Folha Online estréia o maior roteiro cultural


‘A Folha Online estréia hoje o maior e mais prático roteiro de cultura e lazer para quem mora ou está em São Paulo.


O Guia da Folha Online é uma versão do Guia da Folha, ampliada para a internet, com reportagens exclusivas, programas de vídeo e áudio, novos serviços e a mesma qualidade do guia que há 11 anos é referência para os paulistanos.


O novo guia atende ao leitor que quer fazer uma busca simples e precisa sobre a programação cultural na cidade e também quem procura eventos com características específicas.


Um sistema de busca detalhado permite encontrar rapidamente qualquer um dos mais de 2.200 locais e eventos pesquisados e checados pelo Datafolha, por meio de palavras-chave ou usando algumas das dezenas de alternativas oferecidas pela ferramenta do site.


Em cinema por exemplo, é possível buscar filmes catalogados por nome, local de exibição, diretor, gênero, região da cidade e avaliação dos críticos, além de produzir listagens de estréias, pré-estréias, mostras e filmes em exibição em shopping centers.


‘É o maior e mais confiável banco de dados sobre lazer e entretenimento em São Paulo. Com o sistema de buscas detalhado e precisão rigorosa, qualquer um encontra o que fazer, onde comer ou beber, todos os dias e a qualquer hora’, afirma a diretora-executiva da Folha Online, Ana Lucia Busch, 42.


Comer, beber, dançar


No Guia Online, há informações sobre mais de 720 restaurantes, 750 bares, 150 filmes em cartaz, 280 peças de teatro, mais de cem passeios e programas para crianças e famílias, 50 espetáculos musicais, cem casas noturnas, além da listagem de concertos, espetáculos de dança e exposições.


‘Em seu novo formato, o Guia da Folha Online atende a demanda de um público qualificado e exigente, com alto interesse por eventos culturais, que passa a desfrutar do banco de dados completo e permanentemente atualizado’, diz o diretor-geral do Datafolha, Mauro Paulino, 46.


O guia está dividido em 11 seções, cada uma com uma página exclusiva, onde estão indicados os melhores eventos, a programação gratuita, o que está programado para as semanas seguintes e o que está saindo de cartaz.


Lista também os filmes campeões de bilheteria, peças e filmes favoritos da crítica, os assuntos mais acessados pelos leitores e roteiros especiais criados por uma equipe de jornalistas especializados que mostram o melhor da cidade.


‘Com a ferramenta ‘Meu Guia’, um marcador pessoal, o leitor agrupa, imprime e leva consigo sua lista de eventos preferidos’, explica o gerente de operações da Folha Online, Fernando Nemec, 29, responsável pelo desenvolvimento do programa de busca. Escolhe-se o que quer ver, quando, onde e quanto quer pagar em cinema, teatro, shows, restaurantes etc.


‘Além do roteiro abrangente, o leitor terá acesso a reportagens exclusivas, novidades do mundo do lazer e do entretenimento e dicas de locais e eventos preparadas pela equipe da Folha Online’, diz Aline Gattoni, 30, editora do Guia da Folha Online.’


 


 


 


 


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O Estado de S. Paulo


Sexta-feira, 20 de junho de 2008


 


IMPRENSA NA JUSTIÇA
Felipe Recondo


Presidente do TSE quer rever norma que proíbe entrevista com candidato


‘A origem de toda a polêmica e das ações da promotoria de São Paulo contra a Folha de S. Paulo e a revista Veja – e agora contra o Estado – está na resolução do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) de 2006, que valerá para as eleições deste ano. O texto, que impede os jornalistas de entrevistar pré-candidatos sobre suas propostas, afronta a Constituição, segundo o presidente do TSE e ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Carlos Ayres Britto. ‘Eu entendo que ela se contrapõe à Constituição’, afirmou Britto ao Estado.


O presidente do TSE revelou que pretende, já na próxima semana, levar o assunto ao plenário do tribunal para que os ministros resolvam esse problema de uma vez por todas. O objetivo é evitar que ocorram mais ações desse tipo contra jornais e revistas.


O ministro explicou que a Constituição estabeleceu ressalvas para o trabalho de rádios e televisões, mas não restringiu a atividade dos jornais. Assim, concorda um ex-presidente do TSE, a resolução teria exorbitado de seu alcance e seria inconstitucional.


Esse dispositivo, aprovado em 2006, determinou que jornais e revistas podem publicar entrevistas com os pré-candidatos, desde que as propostas dos políticos não sejam abordadas no texto. ‘Os pré-candidatos poderão participar de entrevistas, debates e encontros antes de 6 de julho de 2008, desde que não exponham propostas de campanha’, estabeleceu a norma.


É com base nessa resolução que os promotores eleitorais de São Paulo acionaram judicialmente a Folha de S. Paulo e a revista Veja por entrevistar a ex-prefeita Marta Suplicy, pré-candidata do PT à prefeitura. No caso do Estado, três promotoras representaram anteontem ao Tribunal Regional Eleitoral paulista contra o jornal e também contra o prefeito Gilberto Kassab, por entender que, em entrevista, ficou caracterizada propaganda eleitoral antecipada.


EQUÍVOCO


Por isso, advogados e ex-ministros do tribunal defendem a tese de que essa resolução seja imediatamente alterada ou revogada. Na pior das hipóteses, sugerem os juristas, que o tribunal esclareça que as entrevistas estão liberadas, desde que não se cometam abusos.


‘Eu não entendo essa resolução. Não concordo com essa inovação’, afirmou o ex-ministro do TSE Fernando Neves. ‘Essa resolução é um equívoco jurídico’, concordou Admar Gonzaga, advogado do DEM.


Na opinião de ex-ministros do tribunal, a resolução de fato permite esse tipo de interpretação, mesmo que ela seja exagerada. ‘As promotoras não erraram, mas não tiveram bom senso’, argumentou Gonzaga.


‘Considero necessário que a resolução seja alterada, voltando-se ao sistema da resolução de 2004’, defendeu o ex-presidente do TSE Carlos Velloso. ‘É salutar o eleitor saber, por meio da imprensa, o que pensa cada um dos pré-candidatos.’


O bom senso, explicou o advogado José Eduardo Alckmin, seria interpretar a resolução somente para coibir excessos por parte dos políticos. ‘O que a resolução quis foi evitar abusos. Uma coisa é propaganda eleitoral antecipada; outra coisa é uma matéria, uma entrevista com informação’, afirmou.


O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Gilmar Mendes, se disse favorável a que a legislação seja interpretada com proporcionalidade para que se evitem distorções. ‘A legislação eleitoral é muito ampla, porque tenta proporcionar um tipo de concorrência ideal. E, dependendo da interpretação que se faça, pode haver distorções’, afirmou. ‘Eu sempre conclamei que era preciso interpretar de maneira proporcional a lei.’


LIBERAL


Caso a tese de Britto e dos ex-ministros prevaleça no TSE, o artigo da resolução que estabeleceu essas restrições pode ser revogado ou alterado. E a nova redação poderia repetir o texto da resolução de 2004, relatada pelo então ministro Fernando Neves.


A resolução permitia as entrevistas de pré-candidatos desde que jornais e revistas tratassem de forma igualitária os demais pré-candidatos. ‘Os pré-candidatos poderão participar de entrevistas, debates e encontros antes do dia 6 de julho, desde que haja tratamento isonômico entre aqueles que se encontram em situações semelhantes’, determinava a norma anterior.


Essa norma foi substituída justamente pela atual resolução polêmica. Uma consulta levada ao tribunal, em 2004, questionava se os pré-candidatos poderiam dar entrevistas sobre suas propostas. O então ministro José Delgado respondeu, com o apoio dos demais ministros, que as propostas de campanha só poderiam ser tratadas em entrevistas depois das convenções partidárias.’


 


 


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‘Eu entendo que a resolução se contrapõe à Constituição’


‘O presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ministro Carlos Ayres Britto, afirma que o artigo da resolução que restringiu a publicação de entrevistas com pré-candidatos em jornais e revistas pode ser alterado ou até mesmo revogado porque a Constituição trata de forma diferenciada os meios de radiodifusão, como rádio e televisão, das mídias impressas. ‘Jornal não é concessão, permissão ou autorização’, ressalta Britto. ‘É diferente de rádio e de TV.’ Para os impressos, segundo ele, a Constituição é mais liberal, não estabelece restrições.


Foi nesse sentido que, em 2006, durante as eleições nacionais, Britto negou direito de resposta ao PT por um artigo publicado no jornal Folha de S. Paulo. Em seu voto, o ministro classificou a imprensa de ‘a mais avançada sentinela das liberdades públicas’, especialmente em período eleitoral.


‘É precisamente em período eleitoral que a sociedade civil e a verdade dos fatos mais necessitam da liberdade de imprensa e dos respectivos profissionais. Quadra histórica em que a tentação da subida aos postos de comando do Estado menos resiste ao viés da abusividade do poder político e econômico. Da renitente e porca idéia de que os fins justificam os meios’, disse naquele julgamento.


Essa opinião deve ser novamente expressa na próxima semana.


Como o sr. analisa essa situação, esses processos?


A Constituição distingue duas mídias: a mídia impressa e a mídia representada pelo rádio e pela televisão. Para a radiodifusão, o regime jurídico é uniforme. Para a outra mídia, não, a Constituição é mais generosa. Por quê? Porque jornal não é concessão, permissão ou autorização. É diferente de rádio e de TV.


Nesse sentido, os processos que permitiram essas decisões não seriam abusivos?


Como há uma resolução possibilitando a entrevista com pré-candidato, porém com uma ressalva, que é de que não se faça propaganda ou divulgue propostas, eu tenho sérias dúvidas quanto à sua constitucionalidade. Por isso, na primeira oportunidade que tiver, levarei à Corte esse meu questionamento. Eu entendo que ela se contrapõe à Constituição.


Quando o sr. deve fazer isso?


Na próxima terça-feira, se houver um processo tramitando, posso antecipar essa discussão, antes que esses processos (contra o Estado, a Folha de S. Paulo e a revista Veja) venham de lá.


Então a resolução pode ser alterada?


Pode. Ou pode ser revogada. Nós podemos considerá-la contrária à Constituição.


O que os jornais podem fazer afinal?


Nada proíbe a entrevista, contanto que o conteúdo não resvale para uma clara propaganda eleitoral. Ao fazer isso, estou homenageando a resolução. Porém, na primeira oportunidade, vou questionar perante a Corte a constitucionalidade dessa resolução.’


 


 


Fausto Macedo


Promotoria aciona ‘Estado’ por entrevista com Kassab


‘O Ministério Público Eleitoral representou à Justiça contra o Estado e Gilberto Kassab (DEM) por suposta propaganda antecipada em favor do prefeito por meio de entrevista que ele concedeu e que foi publicada na edição de 14 de junho.


A acusação é subscrita por três promotoras de Justiça que pedem a condenação do jornal e de Kassab ao pagamento de multa. O Estado foi citado ontem às 11h10 para defesa.


Maria Amélia Nardy Pereira, Patrícia Moraes Aude e Yolanda Alves Pinto Serrano de Matos, as promotoras, sustentam em 9 páginas que Kassab, candidato à reeleição, fez ‘clara apologia de sua candidatura’, em violação ao artigo 36 da Lei 9.504/97 (Lei Eleitoral) e da Resolução 22.718, artigo 3º, do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Tais normas, assinala a denúncia, ‘proíbem toda e qualquer propaganda eleitoral até o dia 5 de julho do ano da eleição’.


As promotoras destacam trechos da reportagem, nos quais Kassab anuncia planos se reconduzido ao cargo e afirma que fez mais realizações de cunho social do que a gestão Marta Suplicy (PT), sua antecessora e rival na corrida eleitoral.


As promotoras acusam o prefeito de fazer ‘alusão direta a sua plataforma de governo, sempre com a idéia de continuidade de projetos já iniciados’. Observam que ‘dos trechos da entrevista se extrai claramente a intenção do representado (Kassab) de se colocar como o mais habilitado ao exercício da função’. Para elas, ‘a comparação entre governos, com exaltação do que foi dirigido pelo entrevistado, configura evidente intenção de convencimento do eleitorado quanto às qualidades do candidato’.


‘Incontestável a intenção de captação de votos e a configuração de propaganda eleitoral antecipada’, avaliam as promotoras, invocando o artigo 24 da Resolução TSE, que impõe: os pré-candidatos poderão participar de entrevistas, debates e encontros antes de 6 de julho de 2008, desde que não exponham propostas de campanha.


‘A responsabilidade do jornal se assenta precisamente no fato de ter convidado o candidato para a entrevista e viabilizado sua veiculação e publicação’, argumenta o Ministério Público Eleitoral.’


 


 


Advogado do jornal vai recorrer na segunda-feira


‘O advogado Manuel Alceu Affonso Ferreira, que representa o Estado, deverá entregar até segunda-feira – o prazo legal estabelecido pelo TRE – a defesa do jornal contra a representação das promotoras Maria Amélia Nardy Pereira, Patrícia Moraes Aude e Yolanda Alves de Matos.


A tese central de seu trabalho, adiantou, é que ‘a representação contém uma confusão entre jornalismo e propaganda’. Segundo Manuel Alceu, ‘entrevistas com candidatos não consubstanciam propaganda eleitoral’ e por isso ‘o pedido do Ministério Público Eleitoral não se sustenta’.’


 


 


Roberto Almeida, Silvia Amorim e Clarissa Oliveira


Decisão é ‘sem sentido’ e contra Constituição, diz prefeito


‘O prefeito de São Paulo e pré-candidato à reeleição Gilberto Kassab (DEM) classificou ontem como ‘sem sentido’ a decisão do Ministério Público de representar à Justiça Eleitoral de São Paulo contra o Estado pela publicação da entrevista que ele mesmo concedeu ao jornal, sob o título Não há candidatura do PSDB que vá destruir a aliança em São Paulo. ‘Não se trata de propaganda. A Justiça não pode confundir jornalismo e autopromoção, sob risco de cercear a liberdade de imprensa garantida na Constituição’, argumentou Kassab.


Segundo ele, punir pré-candidatos ou candidatos que concederam as entrevistas e prestaram esclarecimentos sobre suas propostas é errado. ‘Não faz sentido punir veículos de comunicação que estão prestando informações à sociedade sobre políticos que concorrem a cargos públicos importantes’, disse.


O ex-governador Geraldo Alckmin (PSDB) concorda com o adversário na disputa pela Prefeitura de São Paulo. ‘A imprensa tem o dever de informar e a sociedade, o de ser informada. Acredito que a cobertura será isenta, como tem sido. E as entrevistas em questão, parecem-me ter um cunho especificamente jornalístico’, ressaltou.


CONQUISTA


A ex-ministra do Turismo Marta Suplicy (PT) uniu-se a Alckmin e Kassab e saiu em defesa da preservação da liberdade de imprensa. ‘O direito de cidadãos exporem as suas idéias sobre a cidade de São Paulo está sendo cerceado e, com isso, também a liberdade de imprensa. Levamos muitos anos para ter essa conquista e não podemos jogá-la fora’, afirmou a petista.


Marta foi condenada pela Justiça Eleitoral a pagar multa no valor de R$ 42,564 mil por ter concedido entrevistas ao jornal Folha de S. Paulo e à revista Veja São Paulo. Os dois veículos também foram incluídos na sentença, que prevê a aplicação de uma multa no valor de R$ 21,282 mil cada. ‘Espero que ações como essa não prosperem’, completou a ex-ministra.’


 


 


Gabriel Manzano Filho


Para ANJ, representação mostra ‘tentativa de censura’


‘A nova investida do Ministério Público Eleitoral, agora contra o Estado, por ter publicado entrevista com o prefeito Gilberto Kassab, despertou indignação entre entidades jurídicas e entre respeitados constitucionalistas. O presidente da Ordem dos Advogados do Brasil, Cézar Britto, destacou que ‘democracia é sinônimo de debate e transparência e a imprensa é instituição fundamental dentro desse preceito’. Ela ‘exerce papel importante na sociedade. Deve receber elogios e não punições’. E lamenta que o Estado seja ‘alvo de mais uma investida contra o direito à informação – investida essa que merece nosso repúdio’.


No mesmo tom, a Associação Nacional de Jornais (ANJ) ‘reitera a convicção de que está ocorrendo uma tentativa de censura à imprensa’. Segundo o assessor da diretoria, Ricardo Pedreira, a atitude do Ministério Público Eleitoral ‘é um renovado equívoco, de quem parece não compreender a diferença entre propaganda eleitoral e matéria jornalística. Se vigorar o que pretendem esses promotores, terá acabado a imprensa livre em nosso país.’


Também no setor do Ministério Público houve críticas à representação. O promotor de Justiça Roberto Livianu, presidente do Movimento do Ministério Público Democrático, sustenta que ‘o Estado, e toda a imprensa, têm de fazer isso mesmo que estão fazendo, em prol da cidadania’. Ele ressalta que no País ‘o grau de consciência de direitos é tão baixo, e ainda aparecem pessoas querendo limitá-lo’.


Para o promotor, ‘os jornais e revistas não precisam pedir nada a ninguém. Podem, e devem, a qualquer tempo, antes, durante e depois de eleições, entrevistar pessoas, candidatas ou não. Quando assim procedem, contribuem para o fortalecimento da cidadania brasileira’.


Veterano jurista e político, que ajudou a fazer a Constituição de 1988, o professor Tito Costa adverte que ‘a Constituição proíbe a censura. Uma decisão como essa envolve uma censura, ainda que sob a capa de uma decisão judicial. Acho que a decisão não se sustenta no TRE.’


Como ele, o professor Pedro Estêvão Serrano, que ensina Direito Constitucional na Pontifícia Universidade Católica (PUC-SP), considera ‘absurda’ e ‘inconstitucional’ a representação do Ministério Público Eleitoral.


O gesto, prossegue Serrano , revela ‘um rigor excessivo e contrário à Constituição’. Uma iniciativa dessas ‘faria sentido se a Justiça Eleitoral detectasse um tratamento desigual e injusto de um candidato para outro’ – mas isso ‘exigiria uma verificação contínua do comportamento do órgão de imprensa’, o que não ocorreu. Serrano conclui com uma comparação: ‘É fundamental esse debate de idéias. Muito melhor do que showmícios e distribuição de chaveiros e santinhos’.’


 


 


ELEIÇÕES NOS EUA
Jim Rutenberg e Jeff Zeleny, The New York Times


Campanha aumenta controle sobre imagem de democrata


‘Num comício do senador Barack Obama, na segunda-feira, em Detroit, duas muçulmanas foram proibidas de se sentar atrás do candidato democrata porque usavam véus e os assessores da campanha quiseram evitar que elas aparecessem junto com ele em fotos e na televisão.


Após o incidente, o comitê de campanha de Obama pediu desculpas às estudantes. ‘Isso não reflete a orientação da campanha’, afirmou Anita Dunn, assessora de Obama. O caso, divulgado na quarta-feira pelo site Politico.com, revelou os problemas enfrentados pela campanha para controlar a imagem de Obama.


O comitê do democrata está empenhado em combater boatos disseminados na internet – como o que diz que ele é muçulmano – e seus assessores enfatizam o ‘americanismo’ do senador exibindo bandeiras em abundância. Como exemplo desse controle, a campanha impediu o uso de câmeras num encontro de líderes negros do qual Obama participou, também na segunda-feira.


Recentemente, seus assessores se recusaram a fornecer os nomes dos religiosos com as quais o senador se reuniu em Chicago. E, na quarta-feira, o comitê orquestrou a participação da mulher de Obama, Michelle, no simpático programa The View, da rede ABC.


Embora a estratégia receba elogios de estrategistas políticos de ambos os partidos, ela também cria problemas para um candidato, que adota uma discurso de abertura e transparência.


Os estrategistas de Obama deixaram claro que não acreditam que seja necessário tomar medidas para controlar a imagem do democrata. No entanto, os esforços parecem, às vezes, em conflito com o desejo manifestado por Obama de manter a transparência na campanha.


Assessores do senador democrata dizem que sua campanha tem-se mantido fiel a esse compromisso e dão como exemplo a decisão de Obama de ser o primeiro candidato este ano a revelar as sua contabilidade de campanha aos jornalistas.


Na prática, porém, é visível a adoção de uma abordagem mais estratégica e dirigida em relação à imprensa. Nesta semana, por exemplo, Obama concentrou-se em falar sobre economia especificamente para repórteres do The Wall Street Journal e da revista Fortune.


Mas o controle rígido da imagem de Obama tem causado tensão entre a campanha e a mídia. Há duas semanas, seus assessores anunciaram que o candidato estava voando para Chicago, quando, na verdade, ficou em Washington para reunir-se com Hillary Clinton, irritando alguns diretores de jornais e agências de notícia.’


 


 


CUBA
AP e AFP


Fidel acusa Caetano de ‘curvar-se ao império’


‘O líder cubano Fidel Castro acusou o cantor e compositor brasileiro Caetano Veloso de ter pedido ‘perdão’ ao governo dos Estados Unidos por sua música Base de Guantánamo. Fidel afirmou que as declarações do músico ao jornal Folha de S. Paulo, no dia 26, foram ‘uma prova da confusão e do engano semeados pelo imperialismo’.


As acusações do líder cubano foram publicadas no prefácio do livro Fidel, Bolívia e algo mais, lançado esta semana em Cuba, sobre uma viagem que Fidel fez ao país sul-americano em 1993.


No texto, o líder da Revolução Cubana faz referência às declarações de Caetano nas quais ele disse estar ‘100% mais’ do lado dos Estados Unidos do que de Cuba em relação aos direitos humanos – apesar da situação de violência praticada na base naval americana em Guantánamo.


‘O fato de os americanos desrespeitarem os direitos humanos em solo cubano é por demais forte simbolicamente para eu não me abalar’, diz a letra da música de Caetano. Na entrevista, o compositor afirmou que a violência praticada na base de Guantánamo provoca nele sentimento de ‘mal-estar’ porque os americanos são ‘defensores das sociedades abertas’.


Caetano teria afirmado – segundo Fidel – que, se fosse ‘um esquerdista pró-Cuba e anti-Estados Unidos, não sentiria nenhuma decepção pelo que ocorre em Guantánamo.


‘Em duas palavras: o músico brasileiro pediu perdão ao império por criticar as atrocidades cometidas naquela base naval em território ocupado de Cuba’, afirmou o líder cubano – afastado do poder desde agosto de 2006, após ser submetido a uma cirurgia de intestino.


Na terça-feira, cinco meses depois da última aparição de Fidel, a televisão cubana divulgou um vídeo do ex-presidente durante um encontro com o presidente venezuelano, Hugo Chávez.


ROMPENDO COM A ILHA


José Saramago – Escritor português e Prêmio Nobel de Literatura de 1998. Rompeu com Cuba em maio de 2003 por causa da execução de três dissidentes cubanos


Dario Fo – Escritor e dramaturgo italiano. Nobel de Literatura de 1997. Rompeu em maio de 2003


Pedro Almodóvar – Diretor e produtor de filmes espanhol. Rompeu em maio de 2003


Internacional Socialista – É uma organização global de partidos social-democratas, socialistas e trabalhistas. Rompeu em 2003


Refundação Comunista da Itália – Fundada em 1991, por membros do extinto Partido Comunista Italiano. Rompeu em 2003.


Carlos Fuentes – Escritor mexicano. Rompeu em 1971, após a prisão do poeta Herberto Padilla’


 


 


‘Não aceito ordens de ditadores’


‘Em resposta à afirmação de Fidel Castro, Caetano Veloso publicou uma nota em seu site na internet. Eis os principais trechos: ‘Não pedi perdão a ninguém. Procuro pensar por conta própria. Minha irreverência diante dos poderes estabelecidos é impenitente. (…)’


‘Sou um artista. Minhas palavras são: criação e liberdade. Se não me submeto ao poderio norte-americano, tampouco aceito ordens de ditadores. Fidel nos deve explicações a respeito de sua identificação com os Estados policiais que o comunismo gerou. (…)’


‘A canção ?Base de Guantánamo? não seria composta se eu não tivesse a evidência de que nos EUA há respeito aos direitos dos cidadãos como não se vê em Cuba. (…)’


‘O texto de Fidel é autocongratulatório, prolixo e injusto. (…)’’


 


 


ECONOMIA
O Estado de S. Paulo


Para ‘Economist’, Brasil já é país sério


‘Em artigo publicado ontem no jornal espanhol El Pais, o editor para as Américas da revista britânica The Economist, Michael Reid, afirma que o Brasil ‘está começando a se comportar como um país sério’. Intitulado Já é amanhã no Brasil, o artigo, entre outros enfoques, comenta a política econômica do País nos últimos 15 anos. ‘O crescimento brasileiro, ao contrário do venezuelano, se baseia mais no investimento privado do que no gasto público. Diferentemente da Argentina, o Brasil não está permitindo que a inflação ponha em risco a estabilidade econômica’, diz o texto de Reid.’


 


 


INTERNET
O Estado de S. Paulo


Carl Icahn, acionista do Yahoo, lança blog


‘O bilionário Carl Icahn, um dos principais acionistas do Yahoo – e defensor da venda para a Microsoft – lançou ontem seu tão anunciado blog, com a esperança de deflagrar uma campanha popular por um tratamento melhor aos acionistas. ‘Bilhões de dólares estão sendo perdidos e centenas de pessoas estão perdendo o emprego, e os garotos responsáveis estão saindo com centenas de milhões de dólares, mesmo se forem demitidos’, disse Icahn. ‘É ridículo e deveria haver leis para mudar isso’, afirmou. Icahn disse que não falaria do Yahoo nos posts de estréia, embora possa vir a fazê-lo no futuro.’


 


 


Patrícia Villalba


Para copiar Tom Zé sem culpa


‘Numa experiência musical que vai do rádio de galena ao ‘download gratuito remunerado’, só poderia mesmo ser Tom Zé o nome à frente do Álbum Virtual, projeto da gravadora Trama que lança discos gratuitos na internet. Dança-Êh-Sá – A Dança dos Herdeiros do Sacrifício, gravado ao vivo nos estúdios da Trama em parceria com o Canal Brasil no ano passado, pode ser copiado à vontade a partir de hoje no www.albumvirtual.trama.com.br.


Daqui em diante, todos os álbuns lançados pela Trama estarão disponíveis no formato – só depois de um mês na internet é que seguirão como CD para as lojas. Estão na fila, por exemplo, um novo disco de Ed Motta e um da banda Cansei de Ser Sexy. ‘De graça para você, remunerado para o artista’, é o slogan do projeto, mais uma tentativa de se pagar o artista pelos produtos que são copiados em série na internet, sem controle algum. ‘Já está claro que as pessoas não estão dispostas a pagar por música na internet. E as vendas de mídia digital não repõem as perdas dos downloads ilegais. Já tentamos cobrar pelos downloads, mas não deu certo’, explica o presidente da Trama, João Marcello Bôscoli. ‘Agora, estamos dizendo para o público que ele pode baixar estes discos por aí, mas se resolver baixar no nosso site, o artista receberá pelo seu trabalho.’


Quem paga a conta, então, é um patrocinador, num esquema semelhante ao da TV aberta. ‘Você não paga para ver novela, paga?’, compara João Marcello. O patrocínio não é fechado para o site como um todo, mas obra a obra. No caso de Dança-Êh-Sá, o patrocínio é da VR, cujos donos, não por acaso, são sócios de João Marcello na Trama.


Fora do CD físico, num espaço teoricamente ilimitado, o disco tem a vantagem de trazer, além das canções, encarte, ficha técnica, letras, fotos, videoclipes e todo tipo de material, que pode ser desde um registro de bastidores de gravação até versões exclusivas das músicas. Dança-Êh-Sá vem com dois vídeos, além de suas nove músicas: um traz as opiniões de Tom Zé, sempre notáveis, sobre o funk carioca; o outro é uma performance ao vivo de Acum-Mahá.


João Marcello observa que nada melhor do que ter um disco de Tom Zé na manga para lançar o projeto – um artista sempre associado a todo tipo de novidade, um dos nomes da MPB mais buscados na internet e com projeção internacional. E que quis também começar com um disco novo de fato, não algum produto de catálogo. Mas a intenção é disponibilizar em breve todo o acervo da gravadora. ‘Vamos começar com o que é 100% nosso, enquanto sentimos o terreno para ir desenhando melhor o formato’, explica. ‘Coisas que não são totalmente nossas, como o Tim Maia Racional, já estão sendo negociadas.’’


 


 


PUBLICIDADE
Marili Ribeiro


‘Criatividade’ perde espaço em Cannes


‘Rupert Murdoch, o dono do conglomerado de comunicações News Corporation, chegou para sua ‘palestra-entrevista’ no Festival de Publicidade de Cannes com ar despojado, em mangas de camisa. Em tom descontraído, brincou de desconhecer o rival Google e de não ter comprado o Yahoo – alvo recente de uma oferta bilionária da Microsoft – por falta de dinheiro. E passou seu recado para a platéia lotada: ‘Estamos prontos para as mudanças digitais, mesmo que não saibamos muito para onde se vai nesse negócio em plena transição.’


Acompanhe a cobertura online


Apesar de não fazer nenhuma revelação, Murdoch é o astro, este ano, de uma programação que ganha cada vez mais importância no Festival de Cannes: os seminários. Com restritos 45 minutos, esses eventos parecem ter um propósito específico – dar aos publicitários uma oportunidade de contato com uma celebridade do mundo dos negócios, político ou do entretenimento.


Há alguns dias, por exemplo, foi a vez de outra estrela se apresentar, o cantor Tony Bennett, que fez uma simpática conversa sobre sua carreira sob o patrocínio da agência Grey.


João Ciacco, diretor de marketing da Fiat, confirma que os seminários vêm ganhando espaço em Cannes. ‘Nas outras vezes em que estive aqui, o vôo vinha repleto de profissionais de criação’, diz. ‘Este ano, veio lotado de anunciantes e profissionais de outras áreas das agências. Muitos apenas com a intenção de se atualizarem com as palestras. Nem sequer prestam atenção na disputa dos prêmios.’


Ana Paula Cortat, do planejamento da agência Leo Burnett, confirma a tese. Pela primeira vez em Cannes, ela veio assistir as palestras. E tem aproveitado a extensa programação – este ano, são 51 seminários e 33 workshops. Há assuntos para todos os gostos. Mas dominam os voltados para os aspectos do negócio da comunicação. As discussões sobre criatividade são raras.


RESULTADOS


Não houve divulgação de vencedores ontem no Festival. Saiu apenas a lista preliminar com os 604 filmes que vão disputar os Leões. O Brasil classificou 15 peças, sendo que três delas com reais chances de ganharem Leões, de acordo com a ‘bolsa de especulações’ que está a todo vapor no Palais des Festivals, onde o evento se desenrola.


Os Leões devem ficar para os comerciais ‘Primeiros Passos’, criado pela agência Santa Clara para o cliente Fila; ‘Barba’, da F/Nazca, para a Play TV; e ‘Money’, da DM9DDB, para a WWF.’


 


 


TELEVISÃO
Julia Contier


Diarista vai à Malásia


‘Depois de vender produtos para a Austrália, Cingapura, China, Índia e Macau, a Globo Internacional anuncia que fechou acordo com a Malásia. A Diarista foi vendida, segundo a emissora, para o maior grupo de comunicação da região, o Media Prima Berhad, e será dublada para o idioma local, o malaio.


Com estréia prevista para julho, a série reforça a estratégia da Globo de diversificar seu portfólio e ser reconhecida no exterior não só como vendedora de novelas, mas também de séries e documentários.


Com A Diarista, que já tem exibição certa na República Dominicana, Peru, Paraguai e Equador, a Globo oferece ao mercado internacional Os Normais, Antônia, Carga Pesada e Sob Nova Direção.


Enquanto o acordo de séries não esquenta, as telenovelas asseguram a exportação. Na Austrália, o canal La Telenovela – dirigido ao público de língua hispânica – pagou por 1.900 horas de cenas da Globo até 2010. Serão três novelas diárias, a começar por O Clone, Esperança e Uga-Uga. Já em Cingapura, a primeira novela a ser exibida é O Clone. E na Índia, América dá o tom agora, mas o contrato com o canal Firangi prevê mil horas de programação.’


 


 


 


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