Saturday, 23 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

A saúde na mídia

[do release da editora]

No mundo todo e independentemente de classe social, a saúde é a preocupação número um das pessoas. E os meios de comunicação reagem a esse interesse. Tanto assim que os veículos de informação estão recheados de reportagens sobre saúde. A questão é: será que os jornalistas estão preparados para lidar com o tema? E os profissionais de saúde? Com o avanço das tecnologias, os desafios aumentaram. As universidades não ensinam os médicos a lidar com a mídia. Tão pouco os jornalistas possuem formação suficiente e estão preparados para tratar de temas variados nessa área. Numa era em que o paciente está cada vez mais informado, saber falar de saúde é fundamental.

No livro A saúde na mídia – Medicina para jornalistas, jornalismo para médicos (216 p., R$ 59,90), lançamento da Summus Editorial, a jornalista especializada em ciência e medicina Roxana Tabakman recorre a médicos, jornalistas, pacientes e ONGs para propor caminhos concretos de interação. O aspecto analítico está presente na leitura crítica do que se produz na mídia – do Brasil e do exterior. O seu foco, porém, está nos caminhos a seguir para alcançar os objetivos de comunicar bem e ajudar a população a se informar.

“A situação atual da imprensa de saúde é o ponto culminante de uma evolução muito rápida e ainda em processo de mudança”, afirma Roxana. Segundo ela, o interesse dos leitores pela medicina não é mais do que o reflexo de uma mudança de atitude na qual os pacientes se encarregam da própria saúde e buscam informações em todas as fontes possíveis. No entanto, diz ela, talvez pela própria juventude do jornalismo de saúde, muitos fatores atentam contra a qualidade. “A linha editorial que muitas vezes tende ao espetáculo ou à cura milagrosa, o corporativismo e a busca desmedida de crédito pessoal por parte de médicos e instituições, a ingenuidade ou falta de capacitação de alguns jornalistas e as pressões de diferentes origens, entre outros”, complementa a autora.

Na sua avaliação, isso acontece em um cenário de mudanças, no qual a imagem dos profissionais da saúde está desgastada e a medicina é vista como mais mercantilizada do que nunca. Além disso, há décadas, tem havido um crescimento inesperado das pseudociências, com curandeiros atualizados que dominam as técnicas de comunicação de massa, e os cidadãos passaram a utilizar cada vez mais a mídia e depender dela, incluindo a internet, para cuidar da própria saúde.

Informação e vida

Dividido em oito capítulos, o livro, que tem prefácio do jornalista Alberto Dines, mostra que a missão do jornalismo médico é obter informação verdadeira e oferecê-la às pessoas para que tomem decisões e formem uma opinião com liberdade genuína. A autora aborda temas como o espaço da saúde na mídia, em quem confiam os jornalistas, como explicar e atrair, do interesse público ao interesse do público, a influência da mídia, a ética da informação médica, os pontos difíceis e o futuro jornalismo de saúde. Ao longo da obra, ela analisa questões importantes para o desenvolvimento dessa comunicação, entre eles a busca do que é notícia ou do que é apelativo, a relação com as diversas fontes médicas, o impacto da informação de massa sobre saúde nas pessoas e as doenças midiáticas. “Tamanha responsabilidade deve ser compartilhada”, afirma Roxana.

Dessa forma, o livro tem dois públicos-alvo. De um lado, jornalistas e estudantes de jornalismo que querem escrever e editar matérias de saúde e qualidade de vida com máximo rigor científico e de maneira clara e atraente. De outro, profissionais da saúde que interagem com a imprensa ou pretendem fazê-lo, ou que produzem conteúdos de forma independente e procuram orientações para chegar melhor a seus destinatários. “O objetivo é que a qualidade da informação que o cidadão recebe contribua para seu bem mais valioso: a vida”, conclui a autora.

A autora

Formada em Ciências Biológicas, Roxana Tabakman decidiu que sua vocação era o jornalismo científico. Começou sua nova carreira nas páginas de Ciência do jornal diário La Vanguardia, da Espanha. Voltando a seu país, a Argentina, colaborou com os jornais La Nación e Página 12 e dirigiu o programa de rádio do Instituto Científico Weizmann, de Israel. Posteriormente, criou a cadeira de jornalismo científico da Universidad de Belgrano e foi editora de Medicina da revista Noticias, de Buenos Aires. Recebeu vários prêmios e distinções, entre eles a da Sociedad Argentina de Sida, e o prêmio Longines de Destaque em Jornalismo. Mora no Brasil, onde está incursionando também por duas novas áreas: comunicação digital e ficção científica.