Friday, 22 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

‘WP’: uma aposta do mundo online no impresso

A compra do jornal Washington Post pelo dono da Amazon foi um assunto muito discutido ontem (5/8) por jornalistas do mundo inteiro porque foi um fato inesperado. Jeff Bezos, de 49 anos, fundador e diretor-executivo da empresa, fez toda a sua fortuna no mundo pós-jornal impresso. Ele criou o maior varejo online do mundo, a Amazon, que levou tempo para dar lucro; iniciou o e-book, o livro eletrônico e nas suas plataformas os jornais são lidos. Participou de tudo isso, foi pioneiro. Quando se discutia o fim do jornal impresso, ele entra em ação, compra o WP por US$ 250 milhões e fala em inovar, experimentar.

Isso foi considerado animador por vários analistas do futuro da imprensa. Fortalece a ideia de que os formatos transitam, convivem, se multiplicam, mas não necessariamente um substitui o outro. O Washington Post ficou durante 80 anos com a família Graham e vinha perdendo circulação. Também não estava muito bem na internet.

Plataformas várias

Na década de 70, duas reportagens fizeram história: os papéis do Pentágono, publicados pelo New York Times, mostravam que os EUA sabiam que já tinham perdido a guerra do Vietnã, mas continuavam mandando os jovens para morrer. E o caso Watergate, talvez o maior furo de todos os tempos, no Washington Post, derrubou um presidente. O jornal sempre terá essa glória de ter publicado uma reportagem que é caso de estudo no mundo inteiro e considerada a maior reportagem investigativa já feita.

A compra do Washington Post pelo dono da Amazon é uma notícia animadora, uma aposta de uma pessoa do mundo online acreditando no jornal impresso. Esse é um tempo de mudanças. O que essa compra indica é que não há velho nem novo mundo. O que há é notícia e as várias plataformas.

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Míriam Leitão é jornalista