O braço australiano da News Corporation está com um novo executivo-chefe. O escolhido por Rupert Murdoch para liderar a News Corp Australia, maior editora de jornais do país, foi o ex-executivo de jornais Julian Clarke. Ele substituiu Kim Williams, ex-chefe da TV paga do grupo, que anunciou sua aposentadoria com menos de dois anos no cargo.
O primeiro-ministro Kevin Rudd relacionou a nomeação aos crescentes ataques a seu governo por jornais locais do grupo durante uma campanha eleitoral dividida. Para ele, a mudança veio depois de Murdoch enviar o jornalista Col Allan deNova York, onde era editor-chefe do New York Post, para Austrália para aumentar os ataques a seu governo antes das eleições que serão realizadas no dia 7/9.
Já para alguns analistas de mídia, a substituição dos executivos estava mais relacionada à divisão da News Corp em braços de publicações e de entretenimento no começo do ano do que à campanha eleitoral. Essa visão é reforçada por Paul Xiradis, chefe de redação e gerente de investimentos da Ausbil Dexia, maior gestora de acionistas das ações australianas da News Corporation, a saída de Williams teve mais a ver com negócios do que com política. A redação do site de notícias crickey.com.auficou aliviada com a saída de Williams, pois havia um mal-estar interno sobre os cortes de custos e mudanças estruturais.
Campanha antigoverno
No entanto, não há dúvidas que a mídia australiana não quer a vitória de Rudd. O principal jornal de Sidney, o Daily Telegraph, publicou na semana passada, no primeiro dia da campanha eleitoral, uma foto de Rudd na capa com a manchete “Expulse essa multidão”. O principal diário de Murdoch em Queensland foi além e publicou a manchete “Traga o palhaço”,acompanhada da foto do candidato e seu candidato surpresa para um assento-chave, o ex-premiê popular Peter Beattie.
Segundo Margaret Simons, analista de mídia da Universidade de Melbourne, a News Corporation é há muito tempo contra o Partido Trabalhista sob a administração de Rudd e seu antecessor, a primeira-ministra Julia Gillard. “A chegada de Allan foi crucial. Soube que ele foi enviado para escrever sobre como Kim Williams estava liderando a operação local. Quando ouvi que ele estava chegando, estava claro que não poderia ser possivelmente bom para Kim”, disse. Ela ainda afirmou que a indicação sugeria uma mudança cultural no império de mídia de Murdoch, com executivos de jornais tradicionais assumindo cargos importantes. “Há uma batalha cultural acontecendo dentro da empresa e obviamente esse é um dos resultados”, disse.