Com a massa assistindo à CPI, é de estranhar que não haja mais indignação dos leitores publicada por aí. Nós assistimos e depois lemos uma coisa totalmente diferente na mídia.
No caso da D. Renilda, imagino milhares de senhoras ‘do lar’ assistindo ao seu depoimento, colocando-se no lugar dela, chorando por sua família e aplaudindo-a por sua calma, firmeza e paciência com pessoas que não tinham a decência para ouvir o que já foi perguntado mil vezes, nem educação para conjugar verbos corretamente.
Isso para depois ser lembrada com chamadas do tipo: ‘Desmorona…’; ‘Depoimento marcado por crises de choro…’; ‘Diz que Dirceu sabia…’
Desmorona? Não vi. Como assim, diz que Dirceu sabia? Ela diz que ouviu o marido dizer. Crises de choro? A maioria não conseguiria se recompor tão rapidamente. E as fotos, então!? Questão de opinião, talvez? Às vezes acho que os jornalistas assistem a outros depoimentos.
Em tempo: os nossos deputados e senadores (e, pelo jeito, jornalistas também) vivem em outro mundo se não sabem que deve haver centenas de milhares de mulheres brasileiras na mesma posição que a de D. Renilda: apolíticas, sócias do marido com procuração assinada e que não se envolvem nos negócios.
Talvez isto seja uma lição para elas. E uma boa pauta para revista feminina, não?
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