Thursday, 19 de December de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1318

Editor é ameaçado

O editor de um jornal vespertino no sul do México foi ameaçado por um bilhete deixado em frente à porta principal do escritório do periódico na segunda-feira (09/06), dois dias depois que uma cabeça humana foi encontrada nas proximidades, de acordo com informações da imprensa e entrevistas realizadas pelo CPJ.

Juan Padilla, diretor editorial de El Correo de Tabasco, havia liderado uma série de reportagens do jornal sobre tráfico e seqüestro de imigrantes no estado de Tabasco. No sábado (07/06) – ‘Dia da Liberdade de Expressão’ no México – a cabeça decapitada de um homem foi encontrada em frente à porta do jornal na capital estadual de Villahermosa.

As autoridades mexicanas identificaram a cabeça como pertencente ao corpo de um narcotraficante de menor expressão encontrado em outro bairro da mesma cidade, informou La Jornada. Autoridades mexicanas encontraram uma nota com o corpo que parecia ser uma advertência a possíveis informantes: ‘Isto vai acontecer aos que apontam o dedo para outros.’

Dois dias depois, outra nota dizendo ‘Você será o próximo, Diretor’ foi encontrada em frente às instalações do jornal, não muito longe de onde a cabeça decapitada havia sido localizada, informou ao CPJ um assistente de Padilla. O procurador-geral do estado de Tabasco, Gustavo Rosario, explicou que o último bilhete era dirigido a Padilla, informou a Associated Press.

Crimes sem resolução

‘Estamos alarmados pelas horripilantes ameaças de morte contra Juan Padilla e seu jornal’, declarou Robert Mahoney, subdiretor do CPJ. ‘O presidente do México, Felipe Calderón, se comprometeu esta semana a combater a violência e a perseguição contra a imprensa. Assim, instamos as autoridades a investigarem estas ameaças, levarem os responsáveis à justiça e a garantirem a segurança de El Correo de Tabasco e seus funcionários.’

O México é um dos países mais perigosos para os jornalistas na América Latina, segundo a investigação do CPJ. Nos últimos cinco anos, com a intensificação da guerra entre os cartéis de drogas, jornalistas locais que informam sobre crime organizado e narcotráfico enfrentam sérios riscos.

O CPJ examinou três casos recentes de assassinatos não resolvidos de jornalistas em um informe especial lançado no sábado (07/06). Vinte e um jornalistas morreram no México desde 2000, sete deles em represália direta por seu trabalho. Desde 2005, outros sete jornalistas desapareceram. O México figura em décimo lugar no Índice de Impunidade do CPJ, uma lista de países onde jornalistas são assassinados de maneira recorrente e os governos fracassam na resolução dos crimes. [Nova York, 10 de junho de 2008]

******

CPJ é uma organização independente, sem fins lucrativos, sediada em Nova York, que se dedica a defender a liberdade de imprensa em todo o mundo