A polêmica sobre as severas restrições ao uso das fotografias dos jogos da Copa do Mundo em jornais e sítios parece estar longe de ser resolvida. Em resposta à manifestação de desapontamento da Associação Mundial de Jornais (WAN, sigla em inglês) e de agências de notícias, na semana passada, sobre a decisão da Fifa de desistir das negociações sobre as restrições, o presidente da entidade, Joseph Blatter, manifestou-se novamente sobre o assunto nesta quarta-feira (1/3), através de uma carta aberta ao executivo-chefe da WAN, Timothy Balding. Na mensagem, Blatter afirma que não irá mudar nenhuma das regras, e que as negociações estão definitivamente encerradas. ‘As regras sobre o uso das fotografias na internet não estão abertas a futuras negociações’, completou, acusando a WAN de ter ‘feito ameaças repetidamente’.
Inicialmente, os sítios só poderiam divulgar as fotos na internet duas horas depois do fim dos jogos, mas a Fifa reduziu esta proibição, permitindo que imagens do primeiro tempo fossem divulgadas logo após o término das partidas e as do segundo tempo, 45 minutos depois – o que continuou desagradando à imprensa mundial. Sobre a restrição à quantidade de fotos usadas em sítios – cinco fotos por cada tempo de jogo e mais duas, caso haja prorrogação –, nada foi modificado.
Interesses comerciais
Na carta, Blatter nega as acusações da WAN de que a Fifa está somente interessada em lucros comerciais da exploração do evento e que teria virado as costas para a imprensa, alegando que é a associação de jornais que está motivada por interesses comerciais. ‘O assunto em questão nesta disputa é a proteção de contratos comerciais com os veículos que compraram os direitos do nosso campeonato em um novo mercado que surgiu apenas nos últimos anos’, afirmou. Blatter alega também que as únicas reclamações se referem às fotos online e que a cobertura dos jornais impressos não será prejudicada. Aproximadamente seis mil jornalistas foram credenciados, incluindo 1.500 fotógrafos, para o campeonato mundial deste ano.
Um dia depois da carta aberta de Blatter, a Associação Americana de Editores de Jornais (ASNE, sigla em inglês) também se manifestou contra as restrições da Fifa em uma carta aberta dirigida ao presidente da federação. ‘[As restrições] ameaçam o direito do público de receber informações e idéias, e não são protegidas pelo Artigo 19 da Declaração Universal dos Direitos Humanos, nem pelo Artigo 10 da Convenção Européia sobre Direitos Humanos’, declarou o presidente da ASNE, Rick Rodriguez. Sobre o fato de Blatter ter sido membro da Associação Suíça de Repórteres Esportivos por 50 anos, Rodriguez acusa: ‘Por que, então, você foi tão rápido para virar as costas à imprensa e, mais do que isso, aos fãs do esporte, para favorecer interesses comerciais?’. Informações de Julia Day [The Guardian, 2/3/06] e de Mark Fitzgerald [Editor & Publisher, 2/3/06].