Foi um anúncio que deixou os tipicamente ágeis apresentadores de telejornais, repórteres e editores tropeçando nas palavras na quinta-feira: o advogado do soldado Bradley Manning disse que seu cliente gostaria de ser considerado uma mulher e ser chamado de Chelsea.
Com isso, explodiu um debate nas redações, blogs e no Twitter. Na entrevista do advogado David Coombs no programa Today, a apresentadora Savannah Guthrie usou ambas as referências, mas muitos meios de comunicação continuaram a se referir a Manning como “ele”.
Erin Madigan White, porta-voz da agência de notícias Associated Press, disse que a empresa iria seguir seu próprio manual, que orienta os jornalistas a “usar o pronome preferido pela pessoa em questão”. Na mesma noite, a AP atualizou sua política e disse que ia usar referências neutras a Manning.
A National Public Radio vai continuar a ser referir a Manning como “ele”. “Até que o desejo de Bradley Manning seja acompanhado por uma mudança física, usaremos pronome masculino para identificá-lo”, disse a porta-voz.
Sem problemas
Rich Ferraro, porta-voz do grupo de direitos dos homossexuais Glaad, tem procurado órgãos de imprensa para que mudem a maneira comos e referem a Manning.
– Toda a cobertura da mídia mostra como a imprensa está ultrapassada na questão de transgêneros – disse Ferraro.
O manual do “New York Times” orienta os jornalistas a se referirem à pessoa da maneira que ela prefere. Mas Dean Baquet, diretor de redação, disse em um e-mail:
“Em geral chamamos as pessoas por ser novo nome quando nos pedem, e quando realmente começam suas novas vidas. Neste caso, julgamos que nossos leitores ficariam confusos se de uma hora para a outra mudássemos e o nome e o gênero de uma pessoa no meio de um grande caso jornalístico. Essa não é uma decisão política. É destinada ao nosso alvo principal, nossos leitores.”
Alguns meios de comunicação, como o site The Huffington Post, seguiram o desejo de Manning. A revista “New York”, que também se refere ao pivô do caso WikiLeaks como “ela”, explicou sua decisão:
“O que de pior poderia acontecer? Ela muda sua opinião e voltamos a chamá-la de ‘ele’? Mesmo o pior cenário é tão ínfimo que não constitui um problema.”
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Cristine Haughney, do New York Times