A telenovela é citada muitas vezes como o principal canal de alienação das massas via TV. Mas por mais que concordemos que as telenovelas são um subproduto, acredito que nada colabora mais para a alienação e robotização das massas que os telejornais. Sim, os telejornais!
Os telejornais nos modelos criados pela TV (entendo que no princípio era o que havia possível), do apresentador que lia as notícias ao telespectador passivo do outro lado da telinha, era a forma que a notícia chegava até a gente. Valendo-se dessa impossibilidade de interação e falta de meios para que a grande massa pudesse questionar a “notícia” ou o teor do tema, criou-se o “padrão” do “bom jornalismo” televisivo (fato parecido se deu com o impresso). Foi assim, através desse modelo de jornalismo dos telejornais, que assistimos à ascensão meteórica de Collor à presidência achando o máximo ele se exibindo, achando ele lindo. O furúnculo chamado Collor foi um produto das telenovelas? Não. Elas serviram de ressonância (vide O Salvador da Pátria), mas quem o produziu (passou a informação que o país engoliu sem condições de mastigar) foram os telejornais, um telejornal em especial, um telejornal de abrangência nacional.
E assim seguimos até o advento da internet, por anos para poucos. Depois, a popularização após o advento da web 2.0 e sua facilitação estrutural permitiu que em um espaço de cerca de 20 anos cada um de nós pudesse se tornar uma mídia. Jornalistas de todos os veículos correndo para se reinventar, o blog passando de diário eletrônico de menininha romântica a mídia alternativa de longo alcance, até culminar na Mídia Ninja, Negra e tantas outras que vão pipocando Brasil/mundo afora.
O site de famosidades
Pela internet, assistíamos ao movimento “Ocupa Globo”, e no telejornal em rede nacional, ao placar dos gols do último campeonato, notícias internacionais, e subida (nem de longe parecida com o período Sarney, Collor, Itamar, Fernando Henrique) da inflação, mas sobre os protestos em frente à Globo, nada. Daí em diante todo mundo que quer fazer notícia ou ser respeitado como jornalista passou a querer fazer um “jornal sério”, “telejornal sério”, meros proclames que a massa assiste crendo ser a verdade imparcial (uma utopia) dos fatos ou os intelectualoides que acreditam que por estar escrito em páginas em preto e branco e com diagramação quadrada ou na boca de apresentador bem penteado e de olhar sisudo seja tudo verdade verdadeira amém.
Por mais que telenovelas, filmes idiotas, programas humorísticos boçais e programas de culinária sirvam para distrair a gente, é o telejornal que faz a lavagem cerebral. A internet serve para driblarmos essas artimanhas demoníacas de dominação das mentes, mas o sistema já encontrou meios de que pela internet nos mantenha distraídos; MSN, site de famosidades, link aberto para dar uma espiadela na casa… Mas isso é assunto para outro post, em breve.
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Victor Viana é blogueiro e jornalista