O Twitter deu entrada em um pedido para realizar uma oferta pública inicial de ações (IPO, na sigla em inglês). Em um tweet publicado em sua conta oficial no fim da tarde de ontem, a empresa disse que registrou de modo confidencial um documento com informações da empresa, conhecido pela sigla S-1, na Comissão de Valores Mobiliários dos Estados Unidos (SEC, em inglês).
“Nós submetemos um (documento) S-1 à SEC para um IPO planejado. Este tweet não constitui uma oferta de venda de qualquer título”, diz a mensagem. Segundo a agência de notícias Bloomberg, o banco Goldman Sachs estaria coordenando o IPO do Twitter
A oferta pública de ações poderá avaliar o Twitter entre US$ 15 bilhões e US$ 20 bilhões. Quando abriu capital em maio do ano passado, o Facebook era avaliado entre US$ 75 bilhões e US$ 100 bilhões.
O fato de o pedido do Twitter ter sido feito de maneira confidencial indica que a sua receita anual é menor que US$ 1 bilhão. No ano passado, o presidente norte-americano Barack Obama sancionou uma lei que permite a empresas entrarem com pedido de abertura de capital de forma confidencial quando a receita anual está abaixo desse valor. Dessa maneira, os dados financeiros são compartilhados apenas com a agência reguladora e não publicamente.
O Twitter vinha se preparando para a operação com contratações de especialistas no assunto e aquisições, entre as quais está a compra da empresa de publicidade móvel MoPub, anunciada esta semana.
Em entrevista ao Estado em abril, quando as especulações sobre o IPO já eram fortes nos Estados Unidos, o cofundador do Twitter, Jack Dorsey, admitiu a possibilidade de abrir capital, mas disse que não era uma meta. “Eu não acordo pensando no IPO. Acordo pensando por que não temos uma determinada ferramenta. Nosso maior desafio é aumentar a relevância”, disse.
Fundado em 2006, o Twitter tem 200 milhões de usuários ativos por mês e uma média de 400 milhões de tweets por dia.
Mercado
O IPO do Twitter será o mais importante do mercado de tecnologia desde a tumultuada abertura de capital do Facebook, em maio de 2012. A rede social levantou US$ 16 bilhões com a operação, mas perdeu metade do seu valor de mercado três meses depois. As ações, que na abertura de capital custavam US$ 38, chegaram a ser negociadas por menos de US$ 19 meses depois.
No início deste ano a empresa começou a se recuperar e, anteontem, as ações da rede social chegaram a US$ 45,07 pela primeira vez desde a abertura de capital.
Quando registrou seu pedido de IPO, o fundador da rede social, Mark Zuckerberg, escreveu uma carta aos investidores. “O Facebook não foi criado originalmente para ser uma empresa. Foi construído para realizar uma missão social – tornar o mundo mais aberto e conectado”, dizia um trecho.
O mesmo ocorreu quando o Google abriu seu capital, em 2004. “Temos orgulho dos produtos que criamos e esperamos que aqueles que serão criados no futuro tenham um impacto positivo ainda maior no mundo”, escreveu Larry Page, cofundador do site de buscas.
Os documentos do Twitter podem permanecer confidenciais por 21 dias antes de a empresa fazer uma apresentação para investidores e analistas.
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Camilo Rocha e Ligia Aguilhar, do Estado de S.Paulo