Wednesday, 18 de December de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1318

Sistema ‘paywall’ divide conglomerados da informação

Parece não ter mais volta o sistema de pagamento pelo cidadão para o acesso à informação jornalística. Estudo sobre o estado da arte do negócio jornalístico no mundo, feito pela revista espanhola Capital e divulgado em 2 de outubro, mostra que é cada vez maior o número de grandes empresas jornalísticas que aderiram ao sistema do jornalismo pegue & pague. Diante das forças centrípetas do capitalismo financeiro e da descentralização midiática da sociedade da informação e da comunicação, os blockbusters da nova ordem mundial da informação organizaram-se para colocar catracas eletrônicas nas portas de entrada e saída das suas estruturas noticiosas.

É o caso dos jornais norte-americanos New York Times, Washington Post e Wall Street Journal, dos alemães Bild e Die Welt, dos britânicos The Times, o Sun e Sunday Times, e dos brasileiros Folha de S.Paulo, Estadão e O Globo. O sistema de pagamento, conhecido como paywall, começou a ser introduzido no início deste século, principalmente nos Estados Unidos e na Europa, diante da crise financeira e da queda abrupta dos ingressos publicitários.

O estudo da revista Capital mostra, por exemplo, que, apesar das receitas da publicidade continuarem crescendo na Ásia, na América Latina e no Oriente Médio, as dotações originárias da propaganda caíram cerca de 25% na Europa e mais de 10% na América do Norte, entre 2008 e 2012.

Nichos territoriais

O estudo “A boa informação vale dinheiro” mostra que, no fundo, o universo da comunicação informacional está dividindo os conglomerados em dois grandes grupos: aqueles que mantêm acesso livre dos usuários à sua informação e os que introduziram o sistema de pagamento, estabelecendo um tipo de jornalismo pegue-pague.

Embora o levantamento tenha viés econômico e valorize o processo de comercialização da “mercadoria jornalística qualificada”, a verdade é que o estudo mostra que o processo de enclausuramento da informação em nichos territoriais e em sistemas mercantis derruba e contraria o preceito universal da informação como um bem público do cidadão e como um direito humano universal.

******

Leandro Marshall é doutor em Ciências da Comunicação, pós-doutor em Sociologia, mestre em Teorias da Comunicação e especialista em Filosofia