Em agosto, o site BuzzFeed – que mistura com sucesso notícias com listas de curiosidades e besteiras divertidas – registrou 85 milhões de visitantes únicos, de acordo com um memorando do fundador e CEO Jonah Peretti. Destes, é cada vez maior o número de jovens que vão ao site em busca de notícias, e não apenas para ver a parte das besteiras divertidas – como os populares vídeos de gatos. “Acreditamos que a mídia tradicional desistiu dos jovens e não se comprometeu a escrever matérias que são interessantes para pessoas com menos de 40 ou 50 anos”, declarou o presidente e diretor de operações Jon Steinberg, na conferência Mipcom, de TV e entretenimento, em Cannes.
Atualmente, o BuzzFeed tem 100 redatores em tempo integral, com uma proporção crescente com foco em notícias e política. Segundo Steinberg, 40% do tráfego vêm de links compartilhados no Facebook e 70% de redes sociais em geral. “Estamos com mais notícias em uma base relativa do que as redes de TV tradicionais”, comparou ele, reforçando, entretanto, a parceria com a CNN no canal no YouTube. A CNN fornece conteúdo em vídeo e o BuzzFeed edita e remixa em um formato curto e compartilhável, destinado à audiência jovem do YouTube. “Há muito pouca canibalização. Não há quase interseção entre audiência de TV e de notícia online”, avaliou.
Steinberg reforça que não é apenas uma questão de tecnologia; é preciso escrever e produzir notícias para a web social, saindo de uma abordagem de otimização de busca para compartilhamento social. “O mais importante é pensar no que pode ser feito para que alguém queira compartilhar o conteúdo. E isso é conteúdo de alta qualidade”, afirmou.
Oportunidade
Moeed Ahmad, gerente do departamento de novas mídias da al-Jazira Media Network, que estava no mesmo painel de Steinberg, concorda que as redes de notícias tradicionais não estão atendendo à “geração YouTube”. A al-Jazira está lançando um canal online, chamado AJ+, dedicado a este público. “As notícias no YouTube ou em outras plataformas são ainda muito limitadas comparadas ao conteúdo de entretenimento. Essa é uma grande oportunidade. Nossa ideia é respeitar essa audiência e tornar o conteúdo nativo para eles, de modo que eles queiram consumi-lo”, explicou, reforçando que o objetivo do canal não é divulgar notícias de última hora, mas procurar contextualizar as informações noticiosas.
O diretor de parcerias do Facebook, Andrew Mitchell, que também compôs o painel, disse que a popular rede social está preocupada com esta audiência e com novas formas de divulgar conteúdo. Segundo ele, o Facebook está continuamente sintonizando seu algoritmo de feed de notícias para garantir que, quando as pessoas clicarem em muitos links sobre um tema específico, elas vejam mais matérias sobre ele.