Sunday, 24 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

A ‘desocupação’ violenta da Ocupação Willian Rosa

O melhor a se fazer é assumir que Veja é a revista mais pornográfica do Brasil. Se escandalizar com suas matérias e capas lembra a indignação de quem se sente chocado com capas de revistas de zoofilia: a promiscuidade é intensa e geral. E, claro, chocante. Por ora, ficar atentos talvez seja a única coisa que podemos fazer: ao notar uma pessoa lendo a Veja, desconfiar que há ali alguém com sérios problemas de condutas comportamentais e éticas ou, no mínimo, sendo levada para tal fim. Agora, se for assinante… melhor mudar de calçada ou andar mais rápido.

A capa da Veja de 24/1/2001 (ver aqui) de12 anos atrás, com o título “O Cerco da Periferia”, tem uma montagem que mostra uma ilha de classe média, com seus prédios brancos e campos verdes, sendo engolida por uma periferia acinzentada. Não é difícil associar as cores que representam os dois polos retratados a uma configuração racial subliminar. No alto da mesma capa, o destaque para outra reportagem: “Câncer”, inserindo uma outra mensagem subliminar só não perceptível por quem não quer. Esse é apenas um exemplo, entre tantos outros, de como esta revista (mas não só ela) vem fazendo o que há de pior no jornalismo, semana após semana, há muito tempo. Não é de se estranhar termos uma alienação tão grande, principalmente por parte da classe média (mas também não só ela), refletindo, obviamente, na esfera política.

Dia 1 de novembro de 2013: Ocupação Willian Rosa, local em que famílias moram provisória e precariamente num terreno em Contagem, próximo à BH, região desocupada há mais de 40 anos e que foi alvo de uma ação policial noturna, na qual fora deslocada para liberar o trânsito ocasionado por manifestação na BR 040, culminando com uma invasão policial nesta comunidade.

“Não se contentando em atacar a manifestação que acontecia na rua, o agrupamento militar, comandado pelo tenente Thiago (único policial com identificação) passou a atacar diretamente a ocupação. Com uma chuva de balas de borracha e bombas, sem alvo certo. As bombas foram atiradas com escopetas no meio dos barracos e por via aérea. Bombas de pimenta e gás lacrimogênio foram lançadas de helicópteros na área da creche e da cozinha, lugar de refúgio das crianças. Além disso, policiais entraram na ocupação e jogaram gás dentro de barracas com crianças e idosos e agrediram mulheres que estavam cuidando dos meninos. Os policiais colocaram fogo deliberadamente em barracas. Outras barracas se incendiaram pela ação das bombas” (disponível aqui).

Dia 2 de novembro de 2013: Silvia Regina, aluna do departamento de Ciências Sociais da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), foi visitar a Ocupação Willian Rosa. Seu relato exemplifica muito bem a política social que dialoga perfeitamente com a visão que a Veja e afins disseminam (e contaminam) reiteradamente. As mazelas sociais não são fruto da imprensa. Não é ela a causadora dos problemas, claro, mas participa do processo. A Veja é o garçom que traz a comida ruim lá da cozinha. Não foi ele quem fez, mas cospe no prato no meio do caminho antes de servir.

“Um instrumento de ação política”

Relato de Silvia Regina:

“Ontem, sábado, dia 2 de novembro de 2013, andei por entre as barracas para conversar com os moradores da Ocupação William Rosa, colhendo alguns relatos sobre o efeito final da ação da polícia na noite anterior. Fiquei impressionada com os relatos. Muitas famílias, compostas por crianças em sua maioria, tiveram seus barracos atingidos por balas atiradas pela polícia. A ação de terror da polícia de fato intimidou a todos, principalmente os pequenos, que choravam no interior das casas de lonas. Muitas mães e pais apavorados com o incessante, longo e demorado efeito do gás de pimenta nas crianças atordoadas, asfixiadas e assustadas, não souberam exatamente o que fazer a não ser correr de um lado para o outro à procura de uma saída, talvez a casa de madeirit, a creche que ficava ali perto.

Os agentes policiais que implementaram a ação de ataque com bombas de gás de pimenta, bombas de efeito moral, com balas de borracha, inclusive segundo relatos dos moradores atiradas de helicópteros, não pensaram na possibilidade de estarem atacando crianças, mulheres e homens que máximo tinha a roupa que vestiam, eram indefesos, vulneráveis, sem meios de reagir e se defender a não ser com gritos, correrias e proteção das crianças com o próprio corpo.

A polícia com a ação ostensiva trabalha muito bem na proteção da propriedade privada. Provoca o terror em várias pessoas que têm como sonho uma casa para criar os filhos, empilhar os móveis, reunir os amigos. A polícia, em nome do Estado e da propriedade privada, faz surgir não só nos adultos mas também nas crianças traumas, talvez, irreversíveis.

Ao andar pela Ocupação entre as barracas e conversando com várias pessoas percebe-se no relato indignante das pessoas o quanto o Estado, na defesa da propriedade, provoca o genocídio em massa. Traumas eternos, faltas de esperanças, desalegrias, infelicidade.”

Nota: não possuo nenhuma ligação com a Ocupação Willian Rosa, tampouco com qualquer outro movimento social semelhante. Somente compartilho uma visão diametralmente contrária de que a prática de um jornalismo livre não inclua (ou a isente de) responsabilidades. Afinal, como o próprio fundador da revista Veja mesmo disse em outubro de 1987, “a revista é um instrumento de ação política”. Eis, portanto, logo acima descrito, um pouco de seu resultado.

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LEITURAS DA ‘FOLHA’

Tudo o que ele escreve desmancha no ar

Luiz Pondé mostra, reiteradamente, que sabe muito… fazer cena. Filosofia e ciências humanas não é o seu forte. Sua posição na Folha de S.Paulo está bem definida: está lá pra ganhar seu soldo por sua luta em defesa da fronteira reacionária, agradar um público cativo que precisa ver suas próprias incongruências conservadoras planificadas, expostas e servindo de referencial sem, no entanto, estar atrelado a uma realidade ou mesmo a uma lógica científica, crítica e ao mesmo tempo estruturada. Parafraseando um dos citados diversas vezes em seus textos, não há solidez no que Pondé escreve, pois tudo o que ele diz facilmente se desmancha no ar. Poderia dar as mãos ao Olavo de Carvalho (o ex-astrólogo e atual referência da direita contemporânea), deitarem na mesma cama e fazerem juras de amor.

Vale a pena entender, lendo à sua última elaboração intersticial, publicada na Folha de S.Paulo no dia 4/11/2013, sob o título “Eu Acuso”:

“Muitos alunos de universidade e ensino médio estão sendo acuados em sala de aula por recusarem a pregação marxista. São reprovados em trabalhos ou taxados de egoístas e insensíveis. No Enem, questões ideológicas obrigam esses jovens a ‘fingirem’ que são marxistas para não terem resultados ruins.

Estamos entrando numa época de trevas no país. O bullying ideológico com os mais jovens é apenas o efeito, a causa é maior. Vejamos.

No cenário geral, desde a maldita ditadura, colou no país a imagem de que a esquerda é amante da liberdade. Mentira. Só analfabeto em história pensa isso. Também colou a imagem de que ela foi vítima da ditadura. Claro, muitas pessoas o foram, sofreram terríveis torturas e isso deve ser apurado. Mas, refiro-me ao projeto político da esquerda. Este se saiu muito bem porque conseguiu vender a imagem de que a esquerda é amante da liberdade, quando na realidade é extremamente autoritária.

O flerte com a violência “revolucionária”

Nas universidades, tomaram as ciências humanas, principalmente as sociais, a ponto de fazerem da universidade púlpito de pregação. No ensino médio, assumem que a única coisa que os alunos devem conhecer como ‘estudo do meio’ é a realidade do MST, como se o mundo fosse feito apenas por seus parceiros políticos. Demonizam a atividade empresarial como se esta fosse feita por criminosos usurários. Se pudessem, sacrificariam um Shylock por dia.

Estamos entrando num período de trevas. Nos partidos políticos, a seita tomou o espectro ideológico na sua quase totalidade. Só há partidos de esquerda, centro-esquerda, esquerda corrupta (o que é normalíssimo) e do ‘pântano’. Não há outra opção.

A camada média dos agentes da mídia também é bastante tomada por crentes. A própria magistratura não escapa da influência do credo em questão. Artistas brincam de amantes dos black blocs e se esquecem que tudo que têm vem do mercado de bens culturais. Mas o fato é que brincar de simpatizante de mascarado vende disco.

Em vez do debate de ideias, passam à violência difamatória, intimidação e recusam o jogo democrático em nome de uma suposta santidade política e moral que a história do século 20 na sua totalidade desmente. Usam táticas do fascismo mais antigo: eliminar o descrente antes de tudo pela redução dele ao silêncio, apostando no medo.

Mesmos os institutos culturais financiados por bancos despejam rios de dinheiro na formação de jovens intelectuais contra a sociedade de mercado, contra a liberdade de expressão e a favor do flerte com a violência ‘revolucionária’.

A truculência dos autoritários

Além da opção dos bancos por investirem em intelectuais da seita marxista (e suas similares), como a maioria esmagadora dos departamentos de ciências humanas estão fechados aos não crentes, dezenas de jovens não crentes na seita marxista soçobram no vazio profissional.

Logo quase não haverá resistência ao ataque à democracia entre nós. A ameaça da ditadura volta, não carregada por um golpe, mas erguida por um lento processo de aniquilamento de qualquer pensamento possível contra a seita.

E aí voltamos aos alunos. Além de sofrerem nas mãos de professores (claro que não se trata da totalidade da categoria) que acuam os não crentes, acusando-os de antiéticos porque não comungam com a crença ‘cubana’, muitos desses jovens veem seu dia a dia confiscado pelo autoritarismo de colegas que se arvoram em representantes dos alunos ou das instituições de ensino, criando impasses cotidianos como invasão de reitorias e greves votadas por uma minoria que sequestra a liberdade da maioria de viver sua vida em paz.

Muitos desses movimentos são autoritários, inclusive porque trabalham também com a intimidação e difamação dos colegas não crentes. Pura truculência ideológica.

Como estes não crentes não formam um grupo, não são articulados nem têm tempo para sê-lo, a truculência dos autoritários faz um estrago diante da inexistência de uma resistência organizada.

Recebo muitos e-mails desses jovens. Um deles, especificamente, já desistiu de dois cursos de humanas por não aceitar a pregação. Uma vergonha para nós.”

Uma visão simplória de como funciona a sociedade

Ao contrário do que Pondé afirma, não há pregação marxista nas universidades, mas sim, um estudo crítico e conceitual de sua obra. Pelo contrário, o marxismo sofre duras críticas nas mais diversas disciplinas que compõem as faculdades de ciências humanas, pois criticar é a forma de se fazer Ciências Sociais e Filosofia. Mas Marx é extremamente importante, verdade. Em nenhum momento isso é negado. Ele é, para ciências humanas, o que talvez Einsten, Galileu ou Newton são para as ciências naturais, como a Física, sendo estes últimos referenciados e ensinados até hoje nas escolas e universidades mesmo que parte de suas teorias já terem sido superadas, refutadas e descartadas. O materialismo histórico-dialético, não. Nem os processos de alienação, ou sua crítica ao capital, o mais-valia, nem o fetichismo.

Mas em se tratando de Ciências Sociais, as críticas são sempre simplórias, principalmente o que vem da mídia jornalística interessada em vender e agradar seu público consumidor. Lembra a sensação de alguém que dirige seu carrinho de passeio cotidianamente pela cidade, vai até o supermercado, a escola, sai à noite, e que por isso se acha capaz de dirigir um F-1 a 350 km/h por duas horas, sem derrapar, sair da pista e ainda subir no pódio pra levantar a taça. O aluno não entende pinóia nenhuma, visto que tem naturalizada uma visão simplória de como funciona a sociedade (mesmo ignorando os processos e engrenagens escondidos atrás de diversas estruturas que tem em si mesma essa função) e, ao que parece, reclama e chora para o Pondé.

“Essa é a sua opinião… Num concordo”

É mais ou menos como essa piadinha:

Cena 1

Dois homens estão passando por uma rua e encontram um prédio cheio de rachaduras. Um deles diz:

“Ih, já era, esse prédio vai cair…” O outro responde: “Não, tem salvação, depende da intervenção. Hoje em dia tem técnicas modernas de reparo, com tecnologia de último tipo etc.” O outro retruca: “Que nada! Olha o tamanho das rachaduras. Vai pro chão!” “Tô te dizendo, rapaz. Tem jeito, sim. Eu sou engenheiro civil, estudei cinco anos disso, sou especialista nessa área, te garanto que tem solução.” Ao que o outro responde: “Ah, bem! Se você é engenheiro, nem vou discutir. O especialista é você…”

Cena 2

Dois homens estão passando por uma rua e assistem a um acidente de automóveis, com feridos. Um deles diz: “Ih, já era, a mulher já vai morrer…” O outro responde: “Não, tem salvação. Depende do socorro rápido. Hoje em dia tem técnicas modernas de sutura, com laser etc.” O outro retruca: “Que nada! Olha os miolos dela no chão. Tá morta!” “Tô te dizendo, rapaz. Tem jeito, sim. Eu sou médico, estudei seis anos disso, sou especialista nessa área, te garanto que tem solução.” Ao que o outro responde: “Ah, bem! Se você é médico, nem vou discutir. O especialista é você…”

Cena 3

Dois homens estão passando por uma rua e assistem a uma intervenção da polícia numa favela, com tiroteio. Um deles diz: “Ih, num tem jeito não, aí só tem marginal, tem que explodir tudo…” O outro responde: “Não, tem jeito sim, depende de intervenção correta, que leve em consideração a desigualdade econômica e política historicamente construída, buscando uma política de respeito e tolerância, que promova a cidadania, a inclusão social etc.” O outro retruca: “Que nada! Isso é resultado da miscigenação, povo preguiçoso, essa gente tem que morrer!” “Tô te dizendo, rapaz. Tem jeito, sim. Eu sou cientista social, estudei a minha vida inteira isso, sou especialista nessa área, te garanto que tem solução.” Ao que o outro responde: “Essa é a sua opinião… Num concordo. A minha é a seguinte: etc., etc…” (Alexandre Marini)

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LEITURAS DO ‘ESTADÃO’

O perigo de ser jovem e usar roupa preta

Dia 29 de outubro de 2013: o jornal O Estado de S.Paulo publica, com o título “Afronta ao Estado”, editorial a respeito dos Black Blocs. Não é preciso ler todo o texto para ver em que direção segue a opinião editorial: “criminosos fascistoides”, “baderneiros”, “roteiro de vandalismo”, “criminosos”, “bandidos infiltrados em manifestações”, “agressores”, “vândalos”, “delinquentes”, “índole criminosa dessa militância mascarada”. Tudo isso em um só texto, em uma só opinião.

Temos a mania de personalizar o que não pode ser personalizado. A eterna busca do culpado. Poucas vezes nossa capacidade vai além do uso do dedo indicador. Poucas vezes nos damos conta das complexidades e dos mecanismos pouco aparentes que fazem parte das engrenagens que tentamos explicar. Quantas vezes ouvimos “a sociedade faz isso e aquilo”, “a sociedade te obriga”, “a sociedade exige”, sem nos darmos conta de que a sociedade não é “una”, não é uma pessoa, uma entidade, os processos não só únicos e, portanto, apontar um culpado não é tão simples assim. Com os Black Blocs não está sendo diferente. Uma das causas dessa visão simplista dos fenômenos se dá pela ausência de um olhar mais crítico sobre o que se observa, como também a má-fé.

Má-fé: aquela que possui intenção dolosa, que pretende enganar e interpor a outros uma ideia fraudulenta com propósito de influir no entendimento de alguém. Uma de suas características é o uso frequente de adjetivos que dialogam entre si para solidificar uma imagem qualquer. Vide os adjetivos e expressões usados pelo Estado de S.Paulo e replicados no primeiro parágrafo logo acima. Mas, por quê má-fé?

Índoles criminosas presentes nos jornais

Quem conhece o movimento Black Bloc e foi às ultimas manifestações, ou mesmo analisa seus métodos de ação por um prisma maior do que a oferecida pela grande mídia corporativa, sabe que não se trata de um grupo, bando ou quadrilha. Não é “personificável”. Não se trata de apenas se vestir de preto e cobrir o rosto, mas uma tática de ação direta. Cabe lembrar a juíza que soltou manifestantes cariocas ao rejeitar o fato de que jovens estarem usando roupas pretas não é pretexto para classificá-los como do mesmo grupo, os Black Blocs: “Não há como demonstrar a existência de um grupo voltado para a prática de crimes apenas de acordo com a roupa e a faixa etária. Torna-se imperioso, portanto, demonstrar o vínculo dos participantes e a estabilidade desta associação criminosa, o que, por meio de um fato isolado e em uma situação flagrancial, resta impossível. (…) A dura lei não pode ser aplicada em virtude apenas do clamor social, ao passo que se afasta da ética, da verdade real e da própria Justiça.”

O engraçado dessa história é que as tentativas de personificar um movimento, encontrar um culpado, achar uma liderança qualquer e solidificar uma visão monocromática e viciada das manifestações que vêm ocorrendo desde junho, inverte valores e posições. Trata-se de uma ação muito mais orquestrada, pensada e intencional, executada pelos grandes meios de comunicação que fazem com que estas, sim, pareçam formar elas mesmas uma quadrilha (ideológica). Seu intuito: alterar o que é verdade pelo que é verossímil, com seus repetidos achaques à realidade dos fatos. Culpa-se a pretensa resposta violenta de uns em detrimento da violência opressora das mais diversas instituições, seus mecanismos de ação, nos mais diversos graus. Assista os telejornais da Globo, leia a Folha e a Veja e acompanhe a opinião do Estado de S.Paulo e você “não terá” suas próprias conclusões. Nem perceberá verdade alguma.

Os vidros quebrados dos bancos, símbolo (para a mídia) do vandalismo dos Black Blocs, parecem ter afetado muito mais a ética jornalística do que a saúde financeira do sistema bancário, visto que o Bradesco fechou o terceiro trimestre de 2013 com lucro de 3 bilhões e o Itaú com 4 bilhões, grandes parceiras das empresas que vendem notícia.

Vandalismo também se faz com ideias e índoles criminosas também estão presentes nas redações dos jornais. (A.M.)

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Alexandre Marini é licenciando em Sociologia, Belo Horizonte, MG