O anúncio dos resultados do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) pelo Ministério da Educação entrou na pauta de diversos jornais na primeira quinzena, mas não com a mesma força que a divulgação dos resultados do Plano de Desenvolvimento da Educação (PDE), dias antes. O destaque ficou para o alcance em 2007 de metas estipuladas para 2009 e a melhora nos índices das redes públicas do Nordeste.
Chama a atenção que os jornais com cobertura que fugiram da simples reprodução dos dados das metas possuem repórteres especialmente dedicados ao tema da educação. Foi o caso de O Estado de S. Paulo, Jornal da Tarde, Folha de S. Paulo, O Globo e Correio Braziliense. Os jornais do Grupo Estado destacaram que o MEC admite que os avanços daqui para frente serão mais difíceis e apontam os limites do Ideb para avaliar o progresso de uma rede de ensino. Já a análise de Antonio Góis, na Folha, avalia que as melhorias identificadas pelo Ideb devem ser ‘celebradas com moderação’, pois os resultados seriam inferiores aos de 1995. Outros entrevistados apontaram que as metas iniciais foram modestas.
A maioria dos jornais deu mesmo mais atenção ao desempenho das redes locais, reproduzindo dados sobre as metas e ouvindo o ministro da educação, os secretários de educação e governadores. O Globo informou que a ‘nota do ensino médio piorou no Rio e a do ensino fundamental melhorou’; Jornal do Brasil noticiou que ‘DF fica em primeiro lugar em avaliação de estudantes’; o Zero Hora disse que ‘acostumado a estar sempre no topo dos rankings de qualidade, o Rio Grande do Sul perdeu espaço ou permaneceu na mesma posição nos três estágios avaliados’. Na região Norte, o Diário do Pará revelou ‘que o Pará não alcançou as metas para este ano no ensino médio e nas últimas séries do ensino fundamental’ e no Amazônia Jornal, o secretário de educação atribuiu ‘o mau desempenho do Pará no Ideb a descaso com ensino’.
No Diário de S. Paulo, a chamada destacava que o ensino paulista ‘teve a melhor avaliação no Ideb no ensino fundamental ciclo 2 do país’, mas ‘perde no ensino médio’. Já O Estado de Minas abordou o tema dentro de reportagem sobre a adesão do governo estadual ao movimento Todos pela Educação e reproduziu declarações do governador, que desconfiou dos dados fornecidos pelo MEC, já que Minas Gerais não teria atingido a meta esperada. O Valor Econômico reproduziu na íntegra a notícia da Agência Brasil, destacando a superação das metas na região Nordeste.
O professor ainda é assunto
O debate sobre o alcance das metas do IDEB tem intensificado a discussão sobre as condições de trabalho e de formação dos professores das redes públicas. Apesar de a discussão ainda acontecer de forma fragmentada e as reportagens refletirem a falta de informações e pesquisas abrangentes e comparativas sobre o tema, a solução apontada – direta ou indiretamente – é a remuneração por desempenho, o bônus para os professores mais destacados, menos faltosos.
Nota-se a ausência de fontes de informação vinculadas às instituições de ensino e pesquisa, e as análises são feitas com base em dados produzidos por institutos vinculados a fundações privadas ou pelos órgãos de governo.
O Globo
, em 1º de junho, abordou as condições de saúde dos professores fluminenses, informando que 5 mil professores – o que corresponde a 6,5% do total dos servidores da Educação – ficaram doentes no mês de abril. O jornal também noticiou que o governo deve terceirizar a perícia médica para ‘ter um retrato detalhado do que está acontecendo, desenvolver um programa de saúde específico para os docentes’ e estudar ‘mecanismos para o acompanhamento das faltas’.Já a Folha de S. Paulo, em 9 de junho, apresenta com bastante destaque pesquisa da Fundação Lemann e Instituto Futuro Brasil que aponta a pouca valorização da carreira do magistério por parte dos melhores alunos formados no ensino médio. ‘Ao contrário dos países com sucesso educacional, o Brasil atrai para o magistério os profissionais que possuem mais dificuldades acadêmicas e sociais’. A mesma pesquisa é fonte para texto da revista Veja que, na mesma semana, destaca a pouca especialização dos professores brasileiros, em comparação com países desenvolvidos. A solução, diz a revista, é ‘não apenas estabelecer um bom piso salarial como, sobretudo, conseguir criar um ambiente em que os professores têm o talento reconhecido e estimulado’.
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Da equipe do Ação Educativa