O caso Valerie Plame parecia parte do passado da jornalista Judith Miller, mas esta semana voltou a rondá-la. A ex-repórter do New York Times que foi presa por se recusar a colaborar com a justiça no ano passado, foi intimada no processo contra o ex-chefe de gabinete do vice-presidente Dick Cheney, I. Lewis Libby, que enfrenta acusações por obstrução à justiça. Os advogados de Libby emitiram intimações a Judith e à New York Times Company na terça-feira (14/3).
As intimações visam o acesso a documentos sobre a revelação da identidade da agente secreta da CIA Valerie Plame, mulher do diplomata – crítico ao governo Bush – Joseph Wilson. Libby foi indiciado acusado de ter mentido ao grande júri sobre como tomou conhecimento da identidade de Valerie.
Judith testemunhou no ano passado após passar quase três meses na prisão por proteger a identidade de sua fonte confidencial – que ela revelou posteriormente se tratar de Libby. A jornalista também apresentou ao grande júri anotações de suas entrevistas com o ex-chefe de gabinete de Cheney. Judith se afastou do Times em novembro.
Rascunhos e notas
As intimações solicitam as anotações dela e outros materiais, incluindo documentos sobre Wilson escritos por Judith e pelo colunista Nicholas Kristof, rascunhos de artigo assinado pela então repórter sobre o testemunho que prestou, papéis sobre sua relação com um editor do jornal e notas sobre um recente artigo da revista Vanity Fair sobre a investigação.
Os jornalistas Matthew Cooper, da revista Time, e Tim Russert, da NBC News, também receberam intimações. Um dos advogados de Libby não confirmou se outros repórteres e organizações de mídia seriam intimados.
Porta-voz do Times afirmou que os advogados do jornal estavam revisando o documento. O advogado de Judith Miller disse que provavelmente ela irá lutar contra a intimação. Informações de Adam Liptak [The New York Times, 16/3/06].