Gary Thomas pretende ficar rico com moedas virtuais – mas não as bitcoins. O engenheiro elétrico americano está apostando em recém-chegadas como alphacoin e fastcoin. Thomas começou a negociar moedas digitais este ano, trabalhando na sua casa, perto de Boston. Ele diz estar convencido de que descobriu o passaporte para a riqueza, mesmo após uma primeira tentativa ter terminado em desastre – investiu em ações de empresas digitais durante a bolha da internet. “Acho que este é um ponto na história que nunca vai se repetir”, diz Thomas. “Essas coisas vão decolar como ninguém imagina.”
A febre do que tem sido chamadas de “criptomoedas” – por sua dependência na criptografia – já produziu mais de 80 novatas, como a peercoin, namecoin, worldcoin e a hobonickel. Só em outubro e novembro, desenvolvedores lançaram a gridcoin, fireflycoin e zeuscoin. A bbqcoin renasceu após um começo malsucedido em 2012. A litecoin, que surgiu em 2011, tornou-se a principal alternativa à bitcoin.
Especialistas em moeda virtual apontam a entrada explosiva da bitcoin na consciência pública como causa da enxurrada de novas moedas – e da crescente legião de adeptos sonhando em ganhar dinheiro com elas. A bitcoin, lançada em 2009, estava sendo negociada a US$ 657 a unidade no fim da tarde de ontem em Nova York, o que leva o valor total de todas as bitcoins existentes a cerca de US$ 7,9 bilhões, segundo o CoinDesk. com, um site que calcula a média dos preços da bitcoin em várias bolsas.
Novatas valem uma fração da bitcoin
A ascensão da bitcoin motivou uma audiência no Congresso americano esta semana, durante a qual autoridades a descreveram como uma moeda legítima, mas também manifestaram receios de que ela possa ser usada para atividades ilegais. A audiência foi um momento de ouro para a criptomania. Os preços da bitcoin saltaram para US$ 781,82 na segunda-feira, antes de cair novamente. O valor de algumas outras moedas digitais também subiu.
A bitcoin foi inventada por uma pessoa ou um grupo não identificado que dizia se chamar Satoshi Nakamoto. Uma quantidade limitada de bitcoins pode ser criada, ou “minerada”, através da solução de complexos problemas matemáticos em computadores. Depois, a moeda pode ser negociada digitalmente. Investidores também compram e vendem as moedas em bolsas online. Alguns comerciantes as aceitam como pagamento por bens e serviços.
As novas moedas geralmente usam os mesmos princípios básicos, mas têm pequenas diferenças nos algoritmos ou nas regras que podem acelerar a velocidade das transações ou alterar a frequência e a dificuldade com que elas são concedidas. Como nenhuma dessas moedas é universalmente aceita ou usada como a bitcoin, os investidores negociam as novatas por uma fração do valor da bitcoin.
Alguns varejistas aceitam a litecoin
Greg Schvey, chefe de pesquisa da Genesis Block, firma de pesquisa e dados de Nova York que monitora moedas digitais, diz que o altíssimo número de novas moedas sendo lançadas “pode ser contraproducente”. Muitas delas não vão sobreviver e vão acabar não valendo nada, diz. Algumas dessas moedas nem foram criadas como um empreendimento sério.
Andy Pilate, que tem 17 anos e está estudando ciência da computação em Paris, lançou a bbqcoin “só de brincadeira”, segundo uma mensagem que publicou no site bitcointalk.org, um fórum online de moedas digitais. Muitos participantes do fórum criticaram a bbqcoin por ser um clone de outras moedas e por tirar a importância das moedas virtuais. Ela rapidamente desapareceu. Mas este ano alguns dos seus antigos adeptos a ressuscitaram. Agora, certos comerciantes até aceitam a bbqcoin.
Taylor Minor, dono de um café em Ohio, cria a bbqcoin e a aceita como forma de pagamento no seu estabelecimento. “Isso meio que uniu os dois mundos para mim, o de comida e das criptomoedas”, disse. A litecoin surgiu como alternativa mais forte à bitcoin. Seu valor de mercado no fim da tarde de ontem estava em torno de US$ 214 milhões, segundo o coinmarketcap.com, que acompanha o valor de moedas virtuais.
A litecoin foi concebida para processar transações quatro vezes mais rápido que a rede da bitcoin, embora perca alguma eficiência no processo de geração, disse o criador da moeda, Charlie Lee, que agora é um engenheiro de software na Coinbase Inc., uma empresa iniciante que busca facilitar a aceitação da bitcoin por comerciantes. Alguns varejistas já aceitam a litecoin.
Fundação promove a moeda virtual
Thomas, que minera suas moedas digitais em seu próprio computador, afirma que muito mais moedas vão ganhar valor. Ele está confiante que seu montante, que diz valer atualmente cerca de oito bitcoins, ou US$ 4.384, valerá mais de US$ 10 milhões daqui a um ano. “Já houve tantos momentos no passado em que eu estava no lugar certo, mas com medo de correr um grande risco, e por isso eu olho para trás e digo: ‘Por que não fiz isso?’”, disse.
Pilate confessa que não prestou muita atenção à moeda desde que a abandonou. “Fico feliz que as pessoas finalmente a estejam usando”, diz.
Alguns partidários da bitcoin não se sentem ameaçados pela litecoin. Jinyoung Lee Englund, porta-voz da Fundação Bitcoin, uma organização sem fins lucrativos que promove a moeda virtual, diz acreditar que as moedas possam coexistir da mesma maneira que investidores usam mais de uma commodity para armazenar valor.
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Joe Light, do Wall Street Journal