O Google anunciou na semana passada o lançamento de um aplicativo para celular que combina múltiplas fontes de notícias em uma mesma plataforma e vende assinaturas digitais. O Google Play Newsstand seria mais um nocaute da gigante do Vale do Silício na indústria jornalística, mas seu lançamento com 1900 publicações aponta para um relaxamento da antiga tensão entre as empresas de tecnologia e os veículos de mídia tradicionais, que já dura uma década.
O aplicativo é uma mistura entre a Newsstand (banca de jornais) da Apple, que funciona como uma loja onde leitores podem baixar aplicativos de jornais, e o Flipboard, que agrega conteúdo de diferentes revistas em uma mesma interface. Assim que encontram conteúdo que os interessa no Google Play Newsstand, os leitores clicam no veículo para se registrar nos serviços gratuitos ou para comprar assinaturas daqueles que cobram. Sites de jornais como Financial Times, New York Times e Wall Street Journal estão entre os que possuem paywalls.
O Google não informa como a receita obtida pelo aplicativo será dividida, mas pessoas próximas ao acordo com os veículos participantes dizem que a empresa receberá 30% das assinaturas dos jornais. Em vez de competir com outras empresas de tecnologia – como a Apple – pelo preço, o Google está usando sua arma principal: o alcance massivo do sistema operacional Android, presente em quatro de cada cinco smartphones. O novo aplicativo estará automaticamente instalado em todos os novos telefones com Android.
Segundo Alex Hardiman, chefe do departamento de produtos para celulares do New York Times, a abordagem do Google de deixar veículos forjarem uma ligação direta com seus leitores e novos assinantes ecoa a estratégia do jornal de alcançar leitores através de múltiplas plataformas móveis.
Apesar da nova reaproximação do Google com os jornais, áreas de tensão permanecem, afirma o analista de mídia Ken Doctor. “Para as empresas de mídia, o Google é como o Sol: você não pode viver sem ele, mas tem que tomar certos cuidados”, resume.