Uma matéria publicada no Washington Post há duas semanas sobre Omar Williams e sua questionável conduta para se tornar um jogador de basquete na Universidade George Washington (GWU, sigla em inglês) gerou diversas críticas por parte de leitores, em sua maioria estudantes, professores, funcionários e ex-alunos da universidade. Por isso, a ombudsman do jornal, Deborah Howell, dedicou sua coluna de domingo [12/3/06] a esclarecê-las.
O artigo revela que Williams não terminou o colegial, nem fez grandes progressos nos estudos em três escolas preparatórias para a faculdade que freqüentou – duas das quais não existem mais. O diploma que ele conseguiu em uma delas o ajudou a entrar na GWU e na equipe de basquete universitário, sendo um jogador importante para levar o time à sexta colocação do ranking nacional. No entanto, as escolas que Williams freqüentou foram vetadas pela Clearinghouse, empresa criada pela Associação Atlética Universitária Nacional para rever a integridade acadêmica dos diplomas e históricos escolares dos atletas.
Controvérsia
A história é mais um exemplo de uma antiga controvérsia na área de esportes. Funcionários de universidades, ex-alunos e fãs geralmente não gostam de ler sobre problemas acadêmicos e de recrutamento da equipe. O único interesse é sobre a vitória do time que vai colocar em destaque a universidade e os atletas. Mas isto não impede que a divulgação de problemas no ingresso de atletas no time da universidade local seja constante na seção de esportes do Post.
Deborah revela que muitas críticas questionaram a escolha da data da publicação da matéria – justo perto do fim de uma temporada repleta de vitórias. Alguns alegaram que Williams foi escolhido como a vítima da vez. A ombudsman explica as razões para a divulgação do caso. O primeiro motivo é que o jornal está há um ano produzindo uma série de reportagens sobre basquete universitário e sobre como ‘o chamariz de contratos de milhões de dólares e o crescimento do basquete universitário aumentaram o interesse de jogadores jovens, seus pais, técnicos e patrocinadores’. A outra razão é que tanto o Post quanto o New York Times estão publicando matérias sobre falsas escolas preparatórias que só existem para fornecer diplomas para atletas que precisam deles para ingressar na faculdade. Quando o Post havia terminado de apurar o caso, a história foi publicada para o jornal não ser furado pelo Times. Williams foi o personagem central da matéria por ser um exemplo de como o sistema permite que alguém sem requisitos acadêmicos entre na universidade.
Boa apuração
Para a ombudsman, a matéria foi bem apurada. ‘Fiquei impressionada com a honestidade dos funcionários de duas escolas da Filadélfia que contaram ao Post que as escolas não funcionavam da maneira que a Clearinghouse havia afirmado’, escreveu Deborah. Muitos dos que não gostaram do artigo alegaram que o caso de Williams é uma história de sucesso e que, segundo a GWU, ele estaria se formando em sociologia este ano. ‘Isto me faz querer saber mais sobre Williams e como ele conseguiu – nas palavras de um ex-companheiro de time e funcionários da escola que ele freqüentou – ser um aluno brilhante sem ir às aulas ou ter interesses acadêmicos’, afirmou Deborah.
O jogador não foi entrevistado pela equipe do jornal porque foi proibido por funcionários da universidade, segundo informou o editor-assistente da seção de esportes, Emilio Garcia-Ruiz. Um repórter conseguiu uma declaração de um funcionário da GWU, que não quis se identificar, afirmando que Williams não teria sido admitido na universidade. Como o anonimato não foi justificado de acordo com as normas do jornal, a afirmação não foi incluída na matéria.