Um casal de mulheres da África colonizada junto à imagem de um pai e seu filho em um protetorado palestino, a imagem de um templo em Birmânia, de um antigo castelo escocês, de um escudo de armas de linhagem desconhecida… Mais de um milhão de rostos e cenários registrados ao longo dos séculos 17, 18 e 19 integram o imenso catálogo gráfico que a Biblioteca Britânica acaba de publicar na internet de forma gratuita através do portal Flickr, para todos aqueles usuários que desejem descarregar e inclusive manipular as fotos como quiserem.
O projeto foi possível depois que os direitos de autor desse prodigioso material expirou e a Microsoft ofereceu-se para digitalizar esse milhão de mapas, ilustrações, sátiras cômicas, letras decorativas, paisagens e pinturas procedentes de livros e telas, sem cobrar um centavo por isso. As imagens não estão catalogadas – singelamente, aparecem na página uma atrás da outra – e os promotores de seu acesso público têm por objetivo solicitar a colaboração de estudiosos ou meros curiosos para tentar agrupar as coleções e determinar a origem de muitas delas.
A British Library – uma das bibliotecas de maior prestígio no mundo, com sede em Londres – lançará a princípios de ano um aplicativo para que todo mundo possa contribuir com suas ideias ou achados sobre um legado histórico que permaneceu trancado durante séculos atrás dos muros da instituição e que, em muitos casos, nunca viram a luz. De fato, a origem e a história de algumas das imagens continua sendo um mistério para a biblioteca que foi sua histórica depositária. A coleção é tão diversa quanto variada (de interesse histórico, político, científico, junto a cenas naturais ou trabalhos de ficção) e, desde que na sexta-feira passada aparecesse pela primeira vez online, já recebeu mais de 6 milhões de visitas. “Recolhemos tantas imagens que realmente não sabemos ao certo ainda todas as pérolas que contém (o catálogo)”, admitem os responsáveis por este projeto digital que busca “estimular e apoiar” a investigação das ilustrações, mapas e outros achados para descobrir entre um milhão de possibilidades.
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Patricia Tubella, do El País, em Londres