Deu no jornal: Roberto Carlos está para lançar um livro sobre seus 50 anos de carreira. Não ria. Será um livro com palavras? Se for, alguém terá de escrevê-las. E quem será? Ele mesmo, Roberto Carlos, ou um “ghost-writer” de sua confiança? Tanto faz. O texto precisará contar com a participação do próprio Roberto Carlos, já que, como não se cansou de repetir nos últimos meses, só ele é dono de sua história.
Bem, se é assim, espera-se que corrija desde já uma informação errada. E esta se refere aos famosos 50 anos de carreira. Na verdade, Roberto Carlos completou 56 anos de carreira –porque sua estreia como cantor profissional se deu em 1957, aos 16 anos, num programa da TV Tupi, “Teletur”, que ia ao ar às segundas-feiras à noite, comandado por Chianca de Garcia. Foi sua primeira aparição pública paga. Cantou “Tutti Frutti”, sucesso de Elvis Presley, e nunca mais parou. Donde, se a aritmética não falha, 2013 – 1957 = 56.
Conta de chegar
Na mesma notícia, lê-se também que Roberto Carlos pediu autorização a Silvio Santos para incluir no livro uma foto em que os dois aparecem juntos. Autorização prontamente concedida por Silvio Santos. E, com isso, Roberto Carlos nos ensina que assim é que é certo: se se vai usar uma foto num livro, deve-se pedir a autorização de quem aparece nela. Mas terá feito isso com todo mundo nas fotos que cobrem os seus 56 –perdão, 50– anos de carreira?
As notícias sobre Roberto Carlos na nossa imprensa são sempre simpáticas, e esta informa que, até há pouco contrário à publicação de biografias não autorizadas, ele “mudou de posição” e está agora “a favor delas”.
Ótimo. Para provar isso, só lhe resta cessar sua proibição do livro “Roberto Carlos em Detalhes”, de Paulo Cesar de Araújo, de onde tirei a informação sobre seus 50 –digo, 56– anos de carreira.
******
Ruy Castro é colunista da Folha de S.Paulo