Friday, 27 de December de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1319

Época

TELEVISÃO
Guilherme Ravache

Espaçonaves, mentiras e robôs

‘Os personagens da série Battlestar Galactica vivem numa colônia de 12 planetas. Inventaram robôs – os Cylons – para servir a raça humana, mas eles se desenvolveram e se voltaram contra os criadores. Começa a guerra, e os Cylons quase destroem os humanos. Mas 50 mil pessoas escapam dos planetas sob a liderança do comandante Adama em sua nave, Battlestar Galactica. Seguindo uma profecia, o grupo busca a Terra e descobre que, entre os sobreviventes, há Cylons capazes de se fazer passar por humanos. Com uma fórmula que mistura crítica social a bordo de espaçonaves, paisagens futuristas e casos de amor, a série revolucionou o modo de fazer ficção científica na TV.

O inimigo pode ser qualquer um e estar em qualquer lugar. Sob o pretexto da sobrevivência, tudo se torna justificável. Vilões e heróis se confundem. Cylons operam como redes terroristas, com agentes adormecidos – pessoas normais que só se revelam ao atacar. Humanos torturam Cylons, enquanto discutem o que é tortura e quais seus limites. Tais questões foram inspiradas em casos como os abusos cometidos pelo Exército americano nas prisões iraquianas. Assassinatos são justificados. Cogita-se limitar a democracia. Trama-se até mesmo a morte de um bebê. Do outro lado, Cylons discutem Deus, vida eterna, reencarnação e auto-sacrifício por uma causa maior. ‘Temos feito adaptações para a Al Qaeda e a guerra ao terror’, diz David Eick, produtor da série. ‘Ficção científica é melhor se for socialmente relevante.’

Galactica faz sucesso na televisão, mas é na internet que virou fenômeno. Fãs impacientes de todo o mundo não esperam a versão dublada – no Brasil, ela vai ao ar pelo canal pago TNT, às 23 horas das terças-feiras. Horas depois da exibição nos Estados Unidos, mais de 50 mil computadores já baixam a série da internet. Jornada nas Estrelas vislumbrava um futuro sem pobreza ou guerras, liderado pelo Capitão Kirk e seus comandados do Bem. Em Galactica, o amanhã pode ser traiçoeiro. É notável como os americanos mudaram a imagem que têm de si próprios nos últimos 40 anos.’



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Folha de S. Paulo – 1

Folha de S. Paulo – 2

O Estado de S. Paulo – 1

O Estado de S. Paulo – 2

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