O jornal “The New York Times” estreou na quarta-feira sua nova versão digital, com alterações visuais e nos formatos publicitários do site, mas sobretudo com uma mudança profunda na infraestrutura de publicação, o chamado “backend” ou publicador.
O “backend” foi trocado por inteiro e integrado a áreas externas à Redação, o que dá mais liberdade para realizar futuras reformas. E o sistema agora é dinâmico, permitindo, por exemplo, a criação de páginas que se montam sozinhas, com títulos e fotos.
“Não estamos só redesenhando o visual e a sensação do site, mas estabelecendo a base que nos dará a capacidade de renovar e melhorar a experiência do usuário”, disse a vice-presidente de Produtos e Serviços Digitais da NYT Company, Denise Warren.
Agora, o site passa a fazer incrementos regularmente, não mais grandes reformas. Warren comparou a reconstrução da infraestrutura de publicação, feita ao longo do último ano, a “trocar o motor de um avião em pleno voo”.
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Para Rosental Calmon Alves, diretor do Centro Knight para o Jornalismo nas Américas, nos EUA, “o redesenho vale mais pelo que não se vê”, Segundo ele, “o mais impressionante é como essa nova infraestrutura lida com dados do que fazemos on-line”.
De acordo com ele, a personalização ficou melhor. “Tenho minha conta desde 1996. Eles coletam dados sobre meus hábitos de leitura há quase 18 anos. Já era hora de usarem esses dados de forma a me beneficiar diretamente.”
Segundo Warren, parte do esforço para desenvolver “uma plataforma inteligente de negócios” voltou-se a criar um sistema de etiquetagem. “Quase tudo que se imaginar [de hábitos de usuários] é etiquetado de forma que possamos analisar.”
A reforma visual aproximou, em parte, o site do jornal impresso. A fonte dos títulos passou do azul ao preto, com abundância de espaços em branco na homepage e nas reportagens, que não se dividem mais por várias páginas.
Um dos motivos para o fim das reportagens paginadas é que a métrica de audiência por “page views”, páginas vistas, vinha perdendo importância para o jornal desde a bem-sucedida adoção do acesso pago, o chamado “paywall”, em março de 2011.
“As mudanças dão à Redação as melhores ferramentas para publicar”, afirmou Jill Abramson, editora-executiva do “New York Times”.
“Com vídeos mais proeminentes, os recursos são altamente imersivos e ampliam a capacidade do leitor de compartilhar e comentar.”
Os espaços em branco também dão maior proeminência à publicidade, disse Warren, tanto em vídeo como nos textos chamados de “native advertising”, publicidade nativa ou natural. São “informes publicitários”, que o site destaca como “posts pagos”.
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Nelson de Sá, da Folha de S.Paulo