Monday, 23 de December de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1319

Juiz revoga censura contra jornais de São Paulo

Leia abaixo a seleção de terça-feira para a seção Entre Aspas.


************


O Estado de S. Paulo


Terça-feira, 1 de julho de 2008


 


CENSURA
Gabriel Manzano Filho


Juiz revoga censura contra ‘Estado’ e ‘JT’


‘O juiz federal substituto Danilo Almasi Vieira dos Santos, da 10ª Vara Federal Cível de São Paulo, revogou ontem a decisão que impedia o Grupo Estado de publicar reportagem sobre possíveis irregularidades que estariam ocorrendo no Conselho Regional de Medicina do Estado (Cremesp).


O despacho, datado da sexta-feira, mas só disponibilizado ontem, põe fim ao período de seis dias em que o Estado, o Jornal da Tarde e as versões online dos dois jornais estiveram sob censura prévia, por decisão do juiz federal Ricardo Rezende Silveira. A reportagem sobre o Cremesp está sendo publicada abaixo, nesta página.


Na sentença que revoga a censura prévia, o juiz Vieira dos Santos confirma que o Cremesp havia pedido ‘a extinção do feito sem resolução do mérito, por carência superveniente, posto que teve tempo hábil de exercer seu direito de defesa perante o réu’. Dado que o autor do pedido inicial ‘revela nítido pedido de desistência da ação’, o juiz acrescenta que esse fato ‘implica a extinção do processo’. Ele menciona, a propósito, trechos com a argumentação de decisão anterior do Superior Tribunal de Justiça (STJ) em que idêntico pedido levou à extinção pura e simples da ação.


O juiz Danilo Vieira dos Santos informa, ainda, que ‘não há necessidade de concordância da ré – (a S. A. O Estado de S. Paulo) com a desistência, uma vez que ocorreu antes da citação’. E finaliza: ‘Ante o exposto, decreto a extinção do processo, sem a resolução do mérito, nos termos do art. 267, inciso VIII, do Código de Processo Civil. Em decorrência, revogo decisão de fls. 47/48’.


ULTERIOR DECISÃO


A decisão a que ele se refere foi a que tomou na terça-feira passada o juiz Rezende Silveira. Julgando um ‘pedido de antecipação de tutela’, feito pelo Cremesp, Silveira decidiu dar ao Jornal da Tarde – que preparava a reportagem em questão – um prazo para apresentar suas razões. ‘Em homenagem ao princípio do contraditório e da ampla defesa’, dizia sua sentença, ‘intime-se o réu a prestar esclarecimentos no prazo de 72 horas, suspendendo, no entanto, a publicação da reportagem em questão até ulterior determinação deste Juízo’.


A medida, na prática, se estendia ao Estado e despertou protestos em meios jurídicos, órgãos como a Associação Brasileira de Imprensa (ABI), a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), a Associação Nacional dos Jornais (ANJ) e Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj). Até mesmo procuradores do Ministério Público criticaram a decisão – como Roberto Livianu, presidente do Movimento do Ministério Público Democrático.’


 


 


***


Para entidades, decisão deve ser saudada


‘A suspensão da censura prévia ao Grupo Estado foi recebida com satisfação e elogios por entidades como a Associação Brasileira de Imprensa (ABI) e a Associação Nacional de Jornais (ANJ). ‘É uma notícia auspiciosa’, comentou o assessor da diretoria da ANJ, Ricardo Pedreira. ‘Deve ser saudada e festejada’, completou Maurício Azêdo, presidente da ABI.


A ANJ comemora ‘que o Conselho Regional de Medicina tenha voltado atrás e a Justiça tenha decidido pela extinção da ação’. E espera ‘que deixem de existir situações que resultem em censura à imprensa’. ‘É um desserviço à convivência democrática, um prejuízo para os cidadãos e um desrespeito à Constituição.’


Segundo Azêdo, o Cremesp ‘fez uma autocrítica e percebeu o grave erro que cometeu ao tentar impedir o Grupo Estado de exercer um direito – e dever – fundamental de informar a sociedade’. Ele considera ‘digno de aplauso’ que o conselho tenha reavaliado uma decisão que, ‘levianamente, estava afrontando a liberdade de expressão’. Mas acrescenta que ‘essa homenagem não pode, no entanto, ser estendida ao juiz que, ao suspender o direito dos jornais, cometeu uma lamentável transgressão ao art. 220 da Constituição.’ Azêdo diz esperar ‘que o episódio tenha para o juiz o valor pedagógico que lhe permita avaliar a importância dessas garantias constitucionais’.’


 


 


Felipe Grandin


TCU apura irregularidades em seis gestões do Cremesp


‘O Tribunal de Contas da União (TCU) investiga irregularidades que teriam sido cometidas por membros da diretoria do Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo (Cremesp) nos últimos 7 anos. O processo 018.478/2005-6 está em andamento, mas um parecer de dois técnicos do órgão questiona, entre outras medidas, a compra, aluguel e reforma de imóveis sem licitação, no valor de R$ 687.722; a contratação de 33 funcionários sem concurso público; e o pagamento de diárias e salários a 21 conselheiros suplentes como eles se fossem titulares.


Cinco ex-presidentes da instituição, além do atual titular do cargo, foram chamados a dar explicações. O órgão contestou o relatório no início do ano.


Os documentos estão sendo avaliados pelo relator do caso no TCU, ministro Marcos Bemquerer. Se confirmadas as irregularidades, os responsáveis podem sofrer sanções, como multa ou afastamento, e até serem processados pelo Mistério Público Federal.


A reportagem ouviu o presidente do Cremesp, Henrique Carlos Gonçalves, que falou em nome dos cinco ex-presidentes – todos do mesmo grupo político – a respeito das supostas irregularidades. Inicialmente ele disse que não faria ‘julgamento pelo jornal’ e que as explicações já tinham sido enviadas ao TCU. Dois dias depois, enviou nota com explicações detalhadas. Dos antigos presidentes convocados pelo TCU, quatro ainda são integrantes do conselho regional.


A exceção é Regina Ribeiro Parizi Carvalho, do mandato anterior. A médica dirigiu o Cremesp de 2000 a 2002, saiu para se candidatar a deputada estadual pelo PT, não foi eleita, e reassumiu o conselho entre 2002 e 2003. Hoje é presidente da Geap, entidade pública de previdência para servidores federais.


No período em que Regina esteve à frente do Cremesp, foram encontrados indícios de quatro irregularidades, segundo o laudo do TCU. Uma delas foi a contratação de 21 funcionários sem concurso público.


Entre outras supostas irregularidades no Cremesp aparece a compra, em 2001, de um imóvel para instalar a Delegacia de Santos. Além de não ter feito licitação, a entidade teria pago R$ 25.196,55 a mais do que o preço de avaliação feita pela Caixa Econômica Federal (CEF).


Ainda segundo o relatório preliminar do TCU, o mandato com mais indícios de irregularidades – seis no total – teria sido o do conselheiro Clóvis Francisco Constantino, que presidiu a entidade entre outubro de 2003 e dezembro de 2004. Além de ter contratado cinco pessoas sem concurso, ele teria firmado sem licitação um contrato com o escritório de advocacia Mendes Advogados Associados.


O relatório aponta ainda que durante a gestão de Constantino foram feitas obras sem licitação nos prédios das delegacias de Botucatu , Taubaté , São Bernardo e Campinas. Teria corrido ainda uma tentativa de compra de sala com documentação irregular, para instalar a Delegacia de Mogi das Cruzes. Após consumir mais de R$ 10 mil em obras e aluguel, o negócio foi encerrado em 2005.


Isso não impediu que um ano depois, na gestão de Desiré Carlos Callegari, fosse comprada sala no mesmo prédio, sem licitação. No período, foi aprovado um plano de cargos e salários que, segundo o relatório, permite a ascensão funcional (promoção de um funcionário público para carreira diferente da qual ingressou), o que é proibido. Segundo o laudo, três funcionários foram promovidos no mandato atual.’


 


 


Fausto Macedo


Magistrados defendem juiz que multou ‘Veja’


‘A Justiça e o Ministério Público uniram-se ontem em solidariedade a seus pares, um juiz e quatro promotores eleitorais criticados por juristas e entidades da sociedade civil porque protagonizaram ações que culminaram em condenação de veículos de comunicação – alvos de sanções pecuniárias por publicarem entrevistas com dois pré-candidatos à Prefeitura de São Paulo, Marta Suplicy (PT) e Gilberto Kassab (DEM).


O ato de desagravo foi na sede da Associação Paulista de Magistrados (Apamagis). Juízes e promotores manifestaram apoio a Francisco Carlos Shintate, da 1ª Zona Eleitoral da capital. Ele considerou que as reportagens caracterizaram propaganda antecipada. Na semana passada, o Tribunal Superior Eleitoral reformou resolução, autorizando entrevistas em fase pré-eleição.


A manifestação estendeu-se às promotoras Maria Amélia Nardy Pereira, Patrícia Moraes Aude e Yolanda Alves Pinto Serrano de Matos e ao promotor Eduardo Rheingantz, que subscreveram pedidos de condenação da Folha de S.Paulo e da Veja. ‘Fiquei muito satisfeito’, agradeceu Shintate, de 40 anos, desde 1991 na magistratura. ‘O ato foi importante como manifestação em prol da independência funcional do juiz e do promotor.’


‘O objetivo é defender a liberdade e a independência do magistrado, afastando qualquer intimidação’, acentuou o desembargador Henrique Nelson Calandra, presidente da Apamagis. ‘Onde não há juízes livres não podemos falar em Estado Democrático de Direito.’


O ex-governador Fleury Filho (1991-1994), procurador e ex-presidente da Associação Paulista do Ministério Público, e o deputado Fernando Capez (PSDB), promotor de Justiça, participaram da sessão. Todos defenderam a liberdade de imprensa e a independência da toga e da promotoria. Repudiaram ‘críticas injuriosas’.


‘A seriedade jamais pode ser posta em xeque’, declarou Paulo Dimas de Bellis Mascaretti, desembargador-presidente da 8ª Câmara de Direito Público do Tribunal de Justiça do Estado e primeiro vice-presidente da Apamagis, referindo-se ao comportamento de juízes e promotores. ‘As críticas são pertinentes ao Estado democrático, mas não se admitem ataques pessoais, quando magistrados e promotores agem no cumprimento do dever.’


Mascaretti afirmou: ‘Magistratura e promotores não se intimidam. Temos de atuar com seriedade, dignidade, defendendo as leis, o Estado democrático. Quem se sentir vulnerado deve recorrer à via própria, recursal, não criar campanha na imprensa, muitas vezes difamatória.’


Fleury disse que ‘a crítica é válida quando se prende à decisão, mas não pode ser aceita quando resvala para o ataque pessoal’. Capez enalteceu o trabalho da imprensa e afirmou: ‘O juiz e os promotores não prepararam sua peça jurídica a partir de uma elucubração, de um desejo próprio, um capricho, mas apenas obedeceram a resolução do TSE, que tem força de lei.’’


 


 


INTERNET
Ana Luísa Westphalen


Google cria filtros contra pedófilos e atende à Justiça


‘Entra em vigor a partir de hoje um pacote de medidas de segurança e novas ferramentas de cooperação legal em todos os sites da Google Brasil. O objetivo é combater a circulação de conteúdo abusivo nos serviços oferecidos. A empresa se comprometeu também a manter os registros de acesso e números IPs de todos os usuários do site de relacionamentos Orkut por pelo menos 180 dias. Além disso, disponibilizará evidências relacionadas a crimes contra crianças e adolescentes solicitadas pelas autoridades brasileiras, sem a necessidade de acordos internacionais.


O Google informou que até desenvolveu um novo filtro tecnológico de imagens. Elas serão previamente identificadas e removidas, caso apresentem conteúdo abusivo. A empresa também se comprometeu a estabelecer um diálogo permanente com as autoridades brasileiras e investir na educação dos internautas, por meio da publicação de cartilhas e campanha online sobre comportamento adequado na web.


De acordo com o presidente do Google Brasil, Alexandre Hohagen, a empresa assinará termos de acordo de cooperação com o Ministério Público Federal e a organização não-governamental (ONG) SaferNet, que monitora conteúdos impróprios na internet. ‘As conversas com essas duas instituições avançaram muito nos últimos tempos e entendo que, do nosso lado, não há empecilho para a assinatura dos acordos.’


O conjunto de ações anunciado ontem pelo Google atende à ordem judicial do relator da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Pedofilia, senador Demóstenes Torres (DEM-GO), que ameaçou pedir ao Ministério da Justiça a suspensão das atividades da empresa no País, caso ela não concordasse em repassar informações ao Ministério Público, à Polícia Federal e ao Congresso. A CPI da Pedofilia chegará a Roraima na sexta-feira para ouvir 14 pessoas supostamente envolvidas com o crime, entre elas o ex-procurador-geral Luciano Alves de Queiroz, preso no dia 6 de junho pela Operação Arcanjo, da Polícia Federal.’


 


 


Marianna Aragão


Pequenas empresas apostam em blogs


‘Manter ou não um blog corporativo tornou-se decisão estratégica para as empresas nos últimos anos. E, enquanto no Brasil ainda são poucas as grandes companhias que apostam nesse canal menos convencional de relacionamento com o cliente, os pequenos e médios empresários já se colocam como os maiores usuários da ferramenta.


‘As pequenas e médias são mais ágeis para implementar novidades e foram as grandes pioneiras na adoção dos blogs ‘, diz o consultor da Deloitte e autor do livro Blog Corporativo, Fábio Cipriani. Segundo um levantamento feito por ele, existem hoje 81 blogs de pequenas e médias empresas no País e 27 de grandes corporações.


‘Os blogs das grandes empresas hoje estão mais focados em campanhas de marketing do que em relações públicas’, diz. As PMEs, por sua vez, têm descoberto novas – e variadas – funções para a ferramenta. Promoção da marca, de um produto, relacionamento com cliente e simples expressão de opiniões do empreendedor são algumas delas.


A possibilidade de aparecer no topo da página de resultado em sites de busca é uma vantagem para o pequeno empresário. ‘Como o blog é atualizado constantemente, o endereço se posiciona melhor nos resultados das buscas. Isso faz aumentar o tráfego do blog, e, por conseqüência, a exposição da marca’, diz Cipriani.


O empresário Roberto Machado, dono de um pequeno atacado de doces em Ribeirão Preto (SP), resolveu criar o blog da empresa em 2006. ‘Sem grandes pretensões’, conta ele. A idéia era apenas divulgar e fortalecer a marca no interior paulista, única região em que atuava. Mas as constantes atualizações e participações de Machado em outros blogs fizeram a página da DoceShop ficar conhecida na ‘blogosfera’.


Logo, surgiram contatos de leitores – e futuros parceiros – em mercados que, segundo ele, não estavam no radar da empresa.


‘O blog abriu meus olhos para a possibilidade de expansão do negócio’, afirma o empresário, que estima em 30% o crescimento no faturamento com novos contratos em Estados como Minas Gerais, Bahia e Mato Grosso.


Mauro Gherperri, sócio da Sanna Consultoria Empresarial, é outro empresário que conseguiu fazer seu negócio expandir por meio do blog. Há dois anos no ar, a página traz textos sobre gestão e mundo corporativo e é voltada para os cerca de 40 clientes da consultoria. ‘Em alguns casos, apresentei temas novos, que despertaram o interesse desse público por um determinado serviço oferecido pela empresa.’


HUMANIZAÇÃO


Para o consultor Fábio Cipriani, além de dialogar com o clientes e aumentar as vendas, o blog corporativo também serve para ‘dar um rosto’ à empresa. ‘A dedicação do empresário ao blog humaniza e dá transparência ao negócio.’


Um dos primeiros blogs corporativos brasileiros, o diário da loja virtual Camiseteria surgiu em agosto de 2005 com essa proposta. O sócio da empresa e criador do blog, Fábio Seixas, escreve principalmente sobre o dia-a-dia da empresa, em linguagem informal e bem-humorada. ‘Queremos mostrar para os nossos clientes que há pessoas de verdade por trás da empresa’, diz o empresário. O blog recebe em média 15 mil visitas por dia.


ENTENDA OS BLOGS CORPORATIVOS


O que é : abreviação de ‘weblog’ (diário virtual), os blogs são páginas na internet com atualizações organizadas de forma cronológica – as informações mais recentes aparecem à frente das antigas. Podem ser pessoais, como uma espécie de diário, ou corporativos


Quem utiliza: micro, pequenas, médias e grandes empresas


Objetivos: Nas grandes companhias, o uso ainda é restrito ou limitado à comunicação interna ou para campanhas de marketing. Micro, pequenas e médias utilizam os blogs corporativos como canal de comunicação com clientes e de divulgação da marca


Temas: um bom blog corporativo fala das novidades da empresa e assuntos que interessem ao público-alvo, com espaço para os internautas comentarem. Críticas devem ser recebidas e respondidas


Linguagem: os textos devem parecer uma conversa, não um relatório. Use linguagem leve, mas evite a linguagem de internet onde se abreviam e trocam letras


Cuidados: apesar do espaço livre para comentários, deve-se manter a ordem no blog: ofensas e palavrões, por exemplo, não devem ser aceitos. Também é recomendável fixar dias para escrever, para criar o hábito no leitor’


 


 


Livia Deodato


O acalanto da alma


Projeto inédito do Instituto Auditório Ibirapuera reúne canções de ninar do mundo inteiro em um site com a finalidade de formar acervo e discutir as suas origens


‘Como é que não nos esquecemos das canções de ninar que nossas mães cantavam, se tínhamos bem menos que 2 anos e ainda não decifrávamos o signo da linguagem? Será que chegamos a sentir medo do bicho-papão que estava em cima do telhado, à espreita de uma má-criação? Do bote do boi da cara preta ao insinuarmos uma careta? Ou só sentíamos a melodia tranqüilizadora porque entoada no colo materno? Questões como essas, assim como muitas outras, estão surgindo a partir de uma iniciativa inédita que vem sendo tocada, há cerca de 4 meses de forma mais intensa, pelo Instituto Auditório Ibirapuera: a de montar um acervo de acalantos do mundo inteiro.


‘Antes de iniciarmos o trabalho, pesquisamos na internet se já havia algum projeto nesse sentido, com o objetivo de reunir canções de ninar de diversos lugares e entender a sua origem. Mas não encontramos nada’, conta Mário Cohen, presidente do Instituto Auditório Ibirapuera. É possível que a partir de hoje, dia do lançamento oficial da biblioteca de acalantos pela internet, outras entidades, nacionais ou internacionais, anunciem projetos similares que já vêm sendo tocados nessa área tão inerente à grande maioria dos seres humanos. E isso só servirá para unir esforços na tentativa de compreender como foi mesmo que tudo isso começou.


A idéia desse projeto teve início, justamente, a partir de um acalanto. Há cerca de dois anos, Fabiana Marchezi, coordenadora pedagógica da escola do Auditório Ibirapuera, lembrou do acalanto Boa Noite, Meu Bem enquanto tomava banho. ‘Ocorreu-me, então, que todas as mães do mundo deviam cantar para ninar seus filhos’, relembra. A operadora de telefonia móvel TIM, que construiu o Auditório Ibirapuera em outubro de 2005 (e o doou à Prefeitura de São Paulo), desenvolveu um lema que vem ao encontro com a recente iniciativa – ‘música sem fronteiras’. ‘O acalanto é, sem dúvida, uma música sem fronteiras’, arriscou dizer Fabiana em sua lucubração baseada, até então, no empirismo.


No entanto, os pouco mais de 90 acalantos que a equipe de pesquisadores do Auditório já coletou ao redor do mundo mostram que, de fato, a afirmação de Fabiana pode mesmo ter um fundamento. O clássico Nana, Nenê, por exemplo, é manifestado com sutis alterações na letra e na melodia tanto no Brasil, quanto em diversos outros países. Em português, é assim mais conhecido: ‘Nana, nenê/Que a cuca vem pegar/Papai foi pra roça/Mamãe foi trabalhar/Bicho papão sai de cima do telhado/Deixa (o nome da criança) dormir sossegado(a).’ Enquanto numa versão espanhola mais enxuta (e um tanto aterradora), cantada pelo biólogo Francisco López, fica assim: ‘Durma menino/Durma já/Que vem o cuco/E vai te comer.’


Leandro de Lajonquière, professor titular da Universidade de São Paulo, responsável pelo Laboratório de Estudos e Pesquisas Psicanalíticas e Educacionais Sobre a Infância (Lepsi), foi convidado pelo Instituto Auditório Ibirapuera para iniciar um pensamento sobre os pilares do acalanto – e de como eles se transformam com o passar dos anos e de região para região. ‘A partir da análise da psicanálise, o acalanto se trata de tecer um fio de ordem psíquica e não naturacional. Sem essa fiação – ou filiação – não haveria processo de humanização’, afirma.


Lajonquière ainda arrisca a dizer que os acalantos, entoados no interior das línguas-mãe, significam muito mais para quem está cantando, em detrimento daqueles que somente escutam. ‘Quando a mãe canta, ela canta para si mesma: a mãe se tranqüiliza, o filho se tranqüiliza. Ela afaga a criança para que ela pare de chorar, porque amanhã terá de levantar cedo para trabalhar. A letra, assim, acaba se tornando irrelevante e a musicalidade impera sobre o significado daquela história.’ Essa teoria se reafirma quando assistimos a um vídeo disponível no YouTube da índia Piã, da etnia sateré-mawé, habitante da Amazônia: ela entoa o acalanto Tonen Tonte Kukuton (Sapo Cururu Debaixo do Jirau), para um macaquinho. ‘O animal só está ali como suporte’, afirma o professor.


Um texto de Lajonquière e outro do pianista Marcelo Bratke iniciam o debate e a criação de um pensamento sobre a história dos acalantos, que você poderá ajudar a enriquecer, enviando teses, críticas e sugestões de cantigas de ninar para o site www.auditorioibirapuera.com.br/home_acalanto.aspx.’


 


 


Keila Jimenez


Ex-BBBs fora da Globo


‘Das campanhas com ex-BBBs no ar atualmente, nenhuma é exibida na Globo. Na emissora líder, os garotos-propaganda em sua maioria são atores e atletas. No SBT, são cantores e apresentadores . A TV brasileira tem mais comerciais com famosos do que a americana. É isso que aponta pesquisa recente realizada pela Controle da Concorrência, que monitora inserções comerciais para o mercado publicitário.


Matéria publicada recentemente no New York Times sinaliza que, do total das propagandas no ar atualmente na TV americana, cerca de 13% são estreladas por celebridades.


Aqui, esse número, segundo a pesquisa, bate a casa dos 16% na média de todas as emissoras e chega a quase 22% apenas na RedeTV!, canal que mais exibe comerciais com famosos hoje. Em segundo lugar vem a Band, com 18,7% de comerciais com celebridades, seguida por SBT, com 18,4%, Record, com 12,1%, e Globo, com 11,6%. A emissora líder é a que tem menos comerciais com famosos em exibição.


A pesquisa também mostra que, no universo dos famosos, os humoristas são os que mais estrelam campanhas publicitárias.’


 


 


FOTOGRAFIA
EFE


Fotografia revive polêmica sobre Gardel


‘Uma antiga fotografia escolar reavivou a polêmica sobre a cidade natal do cantor de tangos Carlos Gardel, já que a pesquisadora argentina Martina Iñiguez afirma que a imagem foi tirada em Montevidéu e não em Buenos Aires, como se acreditava até agora. Na foto, o artista ainda menino está junto a um grande número de alunos da escola número 27, que funcionou na Rua Durazno da capital uruguaia, segundo Martina. Ela disse ao jornal Clarín que deu início a suas investigações a partir de dúvidas sobre a afirmativa de pesquisadores de que Gardel, morto em 1935, havia estudado na escola Nicolás Avellaneda em Buenos Aires.’


 


 


 


************


Folha de S. Paulo


Terça-feira, 1 de julho de 2008


 


PUBLICIDADE
Janio de Freitas


Varejo


‘SERÁ QUASE um suicídio administrativo do ministro José Gomes Temporão e dos dirigentes da Anvisa, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária, caso efetivem o seu plano de restrições rigorosas à publicidade de alimentos com proporção de gorduras, açúcar e sal relacionada a obesidade, diabetes e problemas cardiovasculares. Desses produtos vem grande parte do faturamento de dois exércitos aliados e dos mais poderosos no Brasil: o das redes de TV e o da publicidade. A reação se antecipa às primeiras iniciativas da Anvisa e já provoca articulações exaltadas, tendo por alvos pretendidos a opinião pública e, mais importante, o próprio presidente da República. Em época de eleição.


A Anvisa tem dois apoios fortes e pode encontrar um terceiro. Dos já disponíveis, um é o levantamento científico, minucioso e feito ao longo de um ano, da publicidade de alimentos e sua relação com inconvenientes sérios para a saúde e agravamentos de doenças. Outro é o custo, para a população ou para o governo ou para ambos, das doenças relacionadas a excessos daqueles ingredientes em alimentos e bebidas.


O terceiro apoio é um antecedente que sempre merece consideração no Brasil, dada sua procedência. O forte ataque à obesidade teve início repentino nos Estados Unidos, à maneira de guerra-relâmpago, pouco mais de dez anos atrás. Espalhou-se, ganhou o mundo, tem recebido pesada contra-ofensiva, mas sobrevive. Por que a investida súbita? Foi decisão de governo, tomada no período de Bill Clinton. Ao ser demonstrado que a proliferação da obesidade provocava gastos diretos de US$ 50 bilhões por ano com decorrências da obesidade, além de gastos indiretos incalculáveis, com os efeitos familiares, sociais e laborais. A medicina foi convocada pelo governo a atentar mais para o problema, já correspondeu em parte -e é fácil demonstrar que tudo isso só fez bem.


Palavra e atitude


A ministra Dilma Rousseff dá sinais de que se torna política, mesmo. É de triste incoerência a sua afirmação de que o governo quer ‘reforçar as agências reguladoras’ [Anvisa, Anac, Anatel e irmãs], impedindo que ‘sejam capturadas por interesses privados’ porque assim ‘é que podem garantir a competição’. Com omissão ou participação interna da ministra Dilma Rousseff, o que o governo faz na Anatel, a Agência Nacional de Telecomunicações, é torná-la ‘capturada’ pelos interesses privados que se integram na compra da Brasil Telecom pela Oi/Telemar.


Ainda Dilma Rousseff: ‘A literatura sobre agência reguladora, em todos os países, diz com clareza: a agência não pode ser capturada por interesses privados’.


Em certos códigos de direito também se encontram normas aplicáveis a ações como improbidades nas agências reguladoras e por intermédio delas.


Na mesma


Com a tempestade de protestos contra a suspensão, nos boletins do Ipea, das previsões trimestrais para a economia, até parece que essas previsões erravam menos que as dos demais economistas.’


 


 


CENSURA
Lilian Christofoletti


Ato apóia juiz que condenou entrevista de pré-candidato


‘A Apamagis (Associação Paulista de Magistrados) e a APMP (Associação Paulista do Ministério Público) realizaram ontem um ato de desagravo ao juiz Francisco Carlos Shintate e a quatro promotores de Justiça que foram criticados por terem considerado propaganda eleitoral antecipada algumas entrevistas publicadas com pré-candidatos sobre plataforma de campanha.


Para cerca de 80 pessoas, o presidente da Apamagis, desembargador Henrique Nelson Calandra, afirmou que o ato não era contra os veículos de comunicação, mas contra as críticas pessoais que, segundo ele, atingiram a honra do magistrado e dos promotores.


O que mais irritou a categoria foi uma entrevista concedida pelo ex-ministro da Justiça Saulo Ramos à Folha, que atribuiu o entendimento do juiz e dos promotores Eduardo Rheingantz, Maria Amélia Nardy Pereira, Patrícia Aude e Yolanda de Matos a uma suposta falta de escolaridade.


Histórico


No ato, os magistrados frisaram que Shintate, o juiz que condenou veículos de comunicação e pré-candidatos, sempre se destacou nos estudos.


Em 1982, com 14 anos e na oitava série (nono ano), passou no vestibular para a Faculdade de Direito da USP (Universidade de São Paulo), uma das mais concorridas do país.


Em 1983 e 1984, foi aprovado em diversas faculdades, sempre com boa colocação. Em 1985, quando concluiu o ensino médio, ficou em 47º lugar na Faculdade de Direito da USP e em primeiro lugar em medicina da Santa Casa e da PUC (Pontifícia Universidade Católica de São Paulo) de Sorocaba.


Shintate disse ter ficado contente com o ato e que não iria comentar as críticas recebidas.


Compareceram ao ato, entre outros, o ex-governador Luiz Antonio Fleury Filho (PMDB), o deputado estadual Fernando Capez (PSDB), o presidente da APMP, procurador de Justiça Washington Barra, o conselheiro do TCE-SP (Tribunal de Contas do Estado de São Paulo) Cláudio Alvarenga (sogro de Shintate), a procuradora Janice Ascari e o desembargador aposentado Álvaro Lazzarini.’


 


 


***


Conselho de medicina de SP desiste de ação contra o ‘JT’


‘A ordem judicial que proibia o ‘Jornal da Tarde’, do Grupo Estado, de publicar reportagem sobre supostas irregularidades no Cremesp (Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo) foi derrubada ontem.


O pedido para o fim do veto judicial partiu do próprio Cremesp, que havia representado contra o jornal para tentar suspender a publicação da reportagem.


O conselho de medicina afirmou que a entidade, que elegerá seu próximo representante em julho, vem sendo alvo de ‘inúmeras denúncias sem fundamento’. Disse ainda que o pedido de proibição da reportagem foi feito para evitar o uso da imprensa para fins eleitoreiros.


O Cremesp desistiu da ação após a repercussão negativa causada pela decisão do juiz federal Ricardo Geraldo Rezende Silveira, que, no último dia 24, condicionou a publicação do texto a uma nova decisão dele.


A reportagem do ‘Jornal da Tarde’ se baseava em um relatório produzido pelo TCU (Tribunal de Contas da União). De acordo com nota divulgada pelo Cremesp na semana passada, as supostas irregularidades apontadas pelo tribunal de contas são ‘exclusivamente administrativas e formais’.


Ontem, o juiz federal substituto Danilo Almasi Vieira Santos, da 10ª Vara Cível Federal de São Paulo, declarou a ação extinta.


‘Entendo que a manifestação do autor [o Cremesp] revela nítido pedido de desistência da ação’, disse o juiz.


Com a extinção do processo, a determinação que suspendia a publicação da referida matéria foi revogada.’


 


 


TODA MÍDIA
Nelson de Sá


‘Fantastic Four’?


‘Roger Cohen, colunista do ‘New York Times’ mais entusiasmado com os emergentes, Brasil em especial, voltou a escrever sobre ‘o mundo de ponta-cabeça’. Diz que ‘uma forma de ver a crise [de EUA e Europa] é como um ajuste entre as velhas estruturas de poder econômico e as emergentes’. Nos Brics, ‘os novos consumidores ainda vivem melhor’, as reservas estão altas e ‘a confiança persiste’. O ‘Washington Post’, em análise, também se estende sobre como ‘Lucrar com o Quarteto Fantástico’, como chama. Diz que ‘o crescimento os próximos dez anos estará nos Brics’.


Por outro lado, o ‘Financial Times’ publica que a ‘Inflação pressiona economias emergentes’, China e Índia sobretudo, que ‘sofreram solavanco este ano’. Daqui, o problema sublinhado é a queda na Bovespa.


INFLAÇÃO & IBOPE


No topo do Google Notícias, ontem, enunciados tipo ‘65% esperam alta da inflação’, da Folha Online, e ‘Aprovação do combate à inflação cai para 41%’, do baiano ‘A Tarde’. Na manchete do site da ‘Veja’, ‘Volta da inflação não reduz aprovação a Lula’, até agora.


O PIOR DESDE…


Na manchete do Globo Online, a ‘Bovespa termina junho com o pior resultado desde abril de 2004’. E no G1, o portal da Globo, ‘Bolsa de Nova York registra pior junho desde 1930’. O índice Dow Jones caiu 17,7% ‘no mesmo mês da Grande Depressão’.


UM PUNHADO DE PAÍSES


Ontem na capa do ‘NYT’, os 29 países que limitaram a exportação de alimentos ‘para assegurar que seus povos tenham o bastante para comer, a preços acessíveis’. Mas assim ‘o custo da comida sobe ainda mais’, no enunciado.


A conclusão de impacto do texto, escrito de todo canto da Terra, é que, com o locaute na Argentina e a seca na Austrália, ‘o mundo está cada vez mais dependente de um punhado de países: Tailândia, Brasil, Canadá e os EUA’.


E O AÇÚCAR SOBE


A Reuters destacou desde Londres que o açúcar agora também vive alta nos preços, ‘impulsionados pelo custo’ dos combustíveis. O petróleo ‘sobe e sobe e está sugando o complexo’ das commodities. O Brasil se mantém ‘origem chave’, mas os ‘bloqueios de estrada’ e outros problemas devem derrubar a Argentina.


BUTIM IRAQUIANO


O ‘NYT’ deu que os EUA participam da negociação dos contratos que o Iraque vem fechando com a Exxon, a Shell e outras, para ‘consultoria técnica e serviços’. O governo iraquiano confirmou depois, mas, no destaque do site do ‘WSJ’, argumentou que os campos abertos ontem para licitação são ‘prêmio’ maior.


VOANDO ALTO


O ‘Barron’s’, espécie de ‘WSJ’ dominical, fez especial da Petrobras, sob o título ‘Perfurando fundo e voando alto’. Afirma que, se os novos campos confirmarem produção, ‘a Petrobras poderia se tornar uma das maiores empresas de petróleo do mundo’.


Após detalhar Tupi e os demais, chega a perguntar: ‘Isso tudo e, mais, preços altos do petróleo. É possível ficar melhor do que isso?’.


‘A DEUSA’


Em domingo de derrotas no Ibope, a Globo deu entrevista com Gisele Bündchen, no ‘Fantástico’, e comercial com Gisele Bündchen, num intervalo do mesmo ‘Fantástico’’


 


 


TELES
Folha Online


Oi emitirá R$ 3,6 bi em notas promissórias para comprar BrT


‘O grupo Oi (ex-Telemar) já começou a estruturar financeiramente a aquisição da Brasil Telecom, embora as mudanças na regulamentação do setor de telecomunicações -que permitem a fusão das duas empresas- ainda não tenham sido confirmadas oficialmente.


O Conselho de Administração da empresa operacional Telemar Norte Leste autorizou a diretoria a tomar as medidas necessárias para realizar uma emissão de até R$ 3,6 bilhões em notas promissórias. Os recursos serão usados no ‘financiamento dos processos de aquisição’.


Serão vendidas 144 notas promissórias com valor de R$ 25 milhões cada uma. A operação de compra pode movimentar até R$ 12,6 bilhões.’


 


 


Sardenberg dirigirá Anatel até 2010


‘O presidente da Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações), Ronaldo Sardenberg, ficará no cargo até 2010. Foi publicado ontem no ‘Diário Oficial’ decreto do presidente Luiz Inácio Lula da Silva que o mantém no posto até o dia 5 de novembro de 2010. Sardenberg se tornou presidente da agência reguladora em julho do ano passado. O mandato dura cinco anos.’


 


 


IMAGEM
Cecilia Giannetti


A Stasi das curvas femininas


‘ESTA COLUNA VAI para as meninas que fazem pequenos cortes com gilete nas coxas que consideram grossas demais; para as mulheres que entram na faca em lipoesculturas arriscadas e desnecessárias. E para a gente incapaz de estabelecer mentalmente a diferença entre uma modelo bem paga que desfila no São Paulo Fashion Week e a estudante que desfila em festinhas de faculdade.


O assunto predominante na última SPFW foi a ‘obesidade’ da modelo tcheca Karolina Kurkova. Como diria meu avô, eu já estava p**** dentro da roupa para escrever sobre isso. Passou-se uma semana desde o acontecido, mas nunca é tarde para se comentar asneiras daquele naipe.


No sábado, dia 21, o stylist Paulo Martinez afirmou aos jornais: ‘Achei ela obesa, foi um erro trazê-la’, referindo-se à top Karolina.


Concordamos que modelos internacionais que recebam cachês estratosféricos para desfilar de biquíni devem vir secas -como pede o padrão da moda. Porém, a obesidade é reconhecida pela Organização Mundial da Saúde como uma doença grave. Chamar de obesa Karolina Kurkova é um exagero irresponsável de quem se esqueceu de que existe um mundo fora daquele dos desfiles.


Irresponsável porque atinge de maneira negativa meninas que podem morrer em função de distúrbios alimentares -e mulheres comuns que morrem por dentro por se acharem inadequadas até para arranjar um parceiro, sair na rua ou, simplesmente, comprar um vestido. A modelo jamais deveria ter aceitado uma grana preta para exibir a bunda onde celulites haviam teimado em aparecer. Mas chamá-la de ‘obesa’ mexe com mulheres que vivem fora desse universo onde é comum uma adulta vestir 32.


Gente comum que não está doentiamente acima do peso -só fora do que a Stasi do binômio moda-mídia demanda- entra em parafuso com tamanhas exigências. Um padrão de beleza menos famélico não faria das moças que desfilam profissionalmente cabides menos eficazes para as criações das grifes. E tornaria menos infelizes mulheres que sofrem por não se encaixar -em roupas e no padrão de beleza.


A regra do raquitismo ultrapassa o ambiente onde a moda é produzida, entra sem cerimônia no nosso dia-a-dia, sem que a gente o peça. E mexe com a cabeça de muita gente boa.


A modelo tcheca foi apedrejada com adjetivos equivocados por ter ultrapassado os, sei lá, 45 quilos considerados normais para pessoas de 1,90 m de altura. Tal incongruência invade uma realidade na qual isso não deveria existir como um padrão comparativo. Chamar de ‘obesa’ aquela mulher gostosa é como dar uma instrução à população feminina: ‘Alimentem-se exclusivamente de alface, comprimidos de Desobesi e água’. Graças à inanição dessa dieta estúpida, em breve você perderá muitos quilos, saúde e a capacidade de fazer sinapses. Viva!


Na mesma semana do Kurkova Gate fui cobrir a ‘Quartas Intenções’, promovida por Silvia Paz -primeira festa exclusivamente para mulheres em uma sauna gay no Rio de Janeiro. Fêmeas de todos os tamanhos e formas circulavam de toalha ou biquíni. As menos tímidas, seminuas. A ala masculina da Stasi da SPFW teria ficado roxa de ódio com a diversidade vista por lá; não havia dedos acusatórios: ‘Celulites! Obesa!’. Fato: neste caso, mulher gosta muito mais de mulher do que alguns homens poderão jamais apreciá-las. Porque, como diria a fofa Bridget Jones, é preciso gostar ‘do jeitinho que ela é’.’


 


 


TELEVISÃO
Daniel Castro


Governo suspende narração para cego na TV


‘O ministro das Comunicações, Hélio Costa, suspendeu ontem dispositivo legal que obrigava as emissoras de TV, desde a última sexta-feira, a irradiarem pelo menos duas horas diárias de programação com narração para cegos.


Costa atendeu a pedido das redes, que alegaram dificuldade técnica e alto custo para implantar o recurso, uma tecla SAP para deficientes visuais.


Chamado de audiodescrição, o recurso está previsto em portaria assinada por Hélio Costa em 27 de junho de 2006. A portaria dava dois anos para as TVs começarem a irradiar pelo menos uma hora das 8h às 14h e uma hora das 20h às 2h de programação com recursos de acessibilidade. Os recursos deverão ser ampliados ano a ano até atingir a totalidade da programação das TVs em 2017.


De acordo com a portaria, são recursos de acessibilidade, além da audiodescrição, a legenda oculta (closed caption) e a dublagem em português, já oferecidas pelas redes. A portaria publicada ontem no ‘Diário Oficial’ suspendeu apenas a implantação da audiodescrição. Ou seja, as TVs estão obrigadas a veicular pelo menos duas horas de closed caption.


A legislação define a audiodescrição como ‘locução sobreposta ao som original do programa, destinada a descrever imagens, sons, textos e demais informações que não poderiam ser percebidos por pessoas com deficiência visual’.


CHORO DAS ESTRELAS 1 Xuxa Meneghel já sabia, mas reclamou no programa de sábado de ter sido obrigada pela Globo a sair de férias. Devido à Stock Car, ao vôlei e à Olimpíada de Pequim, seu ‘TV Xuxa’ só retorna ao ar em 30 de agosto.


CHORO DAS ESTRELAS 2 ‘Xu não quer, mas Xu vai fazer’, começou Xuxa. ‘Desculpa eu dar férias pra vocês’, encerrou. A apresentadora lamentou ainda a duração e o horário de sua atração ‘para toda a família’. ‘Gostaria que o horário fosse bem maior. Não acho que deveria ser de manhã, mas mais tarde’, discursou.


CHORO DAS ESTRELAS 3 Também no sábado, Angélica, no ‘Estrelas’, reclamou que não tem um camarim na Globo para guardar um presente que recebera de um entrevistado.


ACONTECEU O futebol da Record bateu o da Globo. Domingo, a final da Eurocopa rendeu 15,3 pontos (das 15h33 às 17h52). Cruzeiro x São Paulo cravou 13,7, a pior média de uma partida do Campeonato Brasileiro na Globo.


RETRANCA A Globo adiou para 2009 a primeira edição do ‘Calculando’, a versão matemática do ‘Soletrando’. A ‘culpa’ é do Corinthians, que, jogando a Série B, tomou parte do espaço do programa de Luciano Huck.


DIA DA AMIZADE A Globo fará neste ano três edições do Brazilian Day, evento de seu canal internacional para assinantes no exterior. Além de Nova York e Tóquio, realizará um em Luanda. Em Angola, o canal tem 160 mil dos 450 mil assinantes.’


 


 


Lúcia Valentim Rodrigues


‘Cocoricó’ tem choque de civilizações


‘A abertura do programa continua a mesma, mas a turma da fazenda Cocoricó vai tomar um choque de modernidade nesta nova temporada, que estréia hoje, com a chegada do primo João, vindo da cidade grande.


Na bagagem, o menino leva ao campo coisas do seu dia-a-dia: computador, internet e aparelhos eletrônicos.


A confusão começa por causa de um laptop -copiando um Macintosh, mas com uma pêra mordida na tampa, no lugar da maçã. O cavalo Alípio vê ali um aparelho de som ‘maneiro’, o papagaio Caco acredita que é um estojo ‘mágico’ e a galinha Lola enxerga um álbum de fotos ‘modernoso’.


O garoto Júlio, a princípio, fica com ciúmes das novidades que o primo mostra só para os bichos, e segredos entre crianças são imperdoáveis.


A briga dura pouco, mas a mudança não. A galera vai ter de lidar com a vinda da civilização para o campo e até emprestar seu protagonista para o mundo urbano.


Dos 52 episódios desta temporada, somente a metade vai se passar na fazenda. A outra parte vai mostrar Júlio na cidade, tendo de lidar com a vida agitada numa capital, a tecnologia e a saudade dos amigos. O garoto e a bicharada vão fazer parte da geração internet.


COCORICÓ – TEMPORADA 2008


Quando: a partir de hoje (de seg. a sex., às 18h; sáb. e dom., às 10h45, 14h35 e 20h); livre


Onde: na TV Rá-Tim-Bum’


 


 


LITERATURA
Ivan Finotti, enviado especial a Cordisburgo (MG)


Guimarães Rosa, ano 100


‘-Vilminha, vou te dar uma dica de escrita. Sabe o que é mais importante na hora de escrever um conto? É o começo.


-Por quê, papai?


-Para a pessoa se interessar e ler inteirinho. Agora, me descreva o que você está vendo.


-Uma moça alegre e bondosa, papai.


-Nada disso, Vilminha. É uma moça de vestido amarelo.


Se ela é alegre e bondosa, você vai falar depois. Na primeira vez que você descreve alguém num conto, diga só o que você vê. Entendeu, Vilminha?


Mas nada disso vale fala, porque a estória de um escritor, como a história de um burrinho pedrês, é bem dada no resumo de um só dia de sua vida. E a existência de João Guimarães Rosa foi toda comemorada em algumas horas -nove da manhã às nove da noite- no dia 27 de junho de 2008, que o autor nasceu em dia igual de 1908, na pequena Cordisburgo, perto da gruta do Maquiné, no centro de Minas Gerais.


E na comemoração de seus cem anos serão lançados 15 livros, sendo que dois já o foram na sexta passada, em Cordisburgo, nome meio latim, meio alemão, que significa cidade do coração, a uma hora de distância de Belo Horizonte, mais ou menos, a depender dos caminhões.


Teve missa de manhã, abertura de exposição no museu do escritor, almoço com torresmo, orquestra sinfônica na igreja, lançamento de selo dos Correios e show ao vivo, sem falar na canjica com amendoim servida na praça. Foi lançado um livro biográfico, escrito por sua filha, a Vilminha, que lhe seguiu os passos no mundo das letras depois de tanto ouvir dicas; e outro, para as crianças, sobre um dos assuntos preferidos do escritor, os bichos. Nesse infantil, Rosa comete descrições exatas do mundo animal. Como essa, que define o macaco e, de quebra, o homem também: ‘O macaco: homem desregulado. O homem: vice-versa; ou idem.’


O burrinho pedrês, primeiro personagem de ‘Sagarana’ (1946), tão querido dos leitores, não entrou no livrinho, então aí vai para que ninguém fique triste: animal miúdo, idoso, beiço inferior caído, pêlo ralo e encardido; não entra em lugar de onde não pode sair.


E quem conheceu de perto o burrinho pedrês foi o Juca Bananeira, personagem do conto e figura andante de Cordisburgo. Bananeira era empregado do seu Florduardo, o pai de João Guimarães Rosa, e foi pajem do menino. Contava-lhe histórias, que João mais tarde escreveu.


Além de cuidar do Joãozito, Juca Bananeira foi boiadeiro, carroceiro, açougueiro e ainda por cima delegado. Isso tudo sem saber ler nem escrever.


Pois Bananeira morreu com 104 anos em 1998 -um ano depois do Manuelzão, outro boiadeiro que virou personagem do Rosa. E a neta do Bananeira, Tania Cristina Trambini, 42, está comemorando o aniversário do escritor em Cordisburgo.


E a filha dela, bisneta do Juca Bananeira, que não sabia ler nem escrever, já está na faculdade de enfermagem; é a evolução do sertão.


Boiada


A dona Antonieta da Silva tem 87 anos e veio para a missa em homenagem ao escritor. Ela conheceu o homem em pessoa, em 1952, quando Rosa acompanhou oito vaqueiros trazendo uma boiada desde a fazenda da Sirga, na beira do São Francisco, até a fazenda São Francisco, em Araçaí, tudo sendo em Minas Gerais. Foram 11 dias e 240 km, e essa viagem é importante demais porque foi ela que inspirou um bocado de coisas, como ‘Grande Sertão: Veredas’ e as nove novelas de ‘Corpo de Baile’. A boiada vinha de vereda em vereda, que no sertão vereda é como oásis no deserto, uma junção de vegetação com água no meio. E a vegetação é principalmente um aglomerado de palmeiras chamadas buritis, com folhas tão verdes como os olhos de Diadorim -o escritor escreveu essa comparação depois, para dar uma idéia da importância dessa viagem para a literatura brasileira-, e que brilham sob o sol.


Na ocasião, a comitiva parou na fazenda do marido da Antonieta e pediu pouso. ‘Ele disse assim para mim: ‘O que vocês comerem eu como, não se preocupem comigo’. E pro meu marido ele disse: ‘Muito linda a sua esposa’, relembra satisfeita a senhorinha, que já esqueceu o que serviu de comer ao Rosa.


Em matéria de relembrar, Vilminha, ou Vilma, que não é mais o pai quem lhe fala, lançou seu livro ‘Relembramentos’ e foi homenageada pela Academia Cordisburguense de Letras, que a empossou presidenta. Vestida com camisa de onça e sapato de onça, a filha do escritor ganhou até apelido da gurizada de Cordisburgo: ‘Já acabou a posse da onça?’. Não, não acabou. Parecia que não acabava nunca a cerimônia, que Cordisburgo pode ter só 9.000 filhos, mas tem 30 ilustres escritores, e todos tinham o que dizer na posse da onça.


O curioso é que Joãozito, quando adolescente, freqüentava a fazenda do primo perto do ribeirão do Onça, ‘do’ Onça porque é do (município) do Onça. E quem sabe desses detalhes todos da vida do Rosa é o Brasinha, José Osvaldo dos Santos, 52, que tem uma loja de roupas em Cordisburgo, mas cujo gosto mesmo é estudar o escritor.


‘Eu procuro o real dentro da ficção’, conta o Brasinha, que seguiu os passos de Manuelzão, Juca Bananeira, Zito, Santana, Gregório e do burrinho pedrês, aquele mesmo que não entra em lugar de onde não pode sair.


Brasinha conhece uma vereda a 15 km de Cordisburgo. ‘Divera, Brasinha?’ ‘Divera! Vamos lá conhecer, que você tá num cangari. Assim é peta.


Mesmo que você não queira, o sertão é assim’. É preciso tomar cuidado nos sertões, para não pegar sinais de bicheira, a exemplo do burrinho pedrês, que é esperto, prefere evitar danos inúteis e nunca entra em lugar de onde não pode sair. É que lá ‘fazem vôo, zumbidoras e mui comadres, a mosca do berne, a lucília verde, a varejeira rajada, e mais aquela que usa barriga azul’.


-Vilminha, tenho mais uma dica para você. Sabe qual é a outra coisa mais importante num conto?


-O quê, papai?


-É o fim. Para que a pessoa tenha vontade ler o próximo.


O jornalista IVAN FINOTTI e o repórter-fotográfico FERNANDO DONASCI viajaram a convite da Editora Nova Fronteira’


 


 


***


Contos inéditos marcam centenário


‘Toda vez que coloca os olhos na planilha dos mais vendidos da editora Nova Fronteira, o diretor-superintendente, Mauro Palermo, toma um susto. É que a lista traz, além do nome e dos números, uma coluna com a data de lançamento da obra. E os mais vendidos sempre são recém-lançados: ‘abril de 2008’, ‘setembro de 2007’. Mas de repente aparece um ‘1946’ aqui. E um ‘1956’ ali. E outro lá. Obra de quem? Do Guimarães Rosa.


‘Ele sempre vendeu muito bem’, diz Izabel Aleixo, diretora editorial da Nova Fronteira, que esteve em Cordisburgo na semana passada na ocasião do centenário do autor. Somadas as vendas em livrarias com as de programas de governo, bibliotecas e universidades, estima-se que Rosa venda entre 10 mil e 15 mil livros todo mês.


Eis aí, então, uma boa justificativa para que se comemore o centenário do autor lançando mais e mais produtos: serão 15 no ano que começou sexta passada e vai até 27 de junho de 2009. A principal novidade é uma obra com nove contos inéditos em livro. Cinco desses textos foram publicados na revista ‘O Cruzeiro’ e quatro fariam parte de ‘Sagarana’, mas acabaram de fora.


A Nova Fronteira, aliás, assinou por mais dez anos os direitos de publicação com os três herdeiros, as filhas Vilma e Agnes, do primeiro casamento, e o filho Eduardo, do segundo.’


 


 


LICITAÇÃO
Mônica Bergamo


Abre-alas


‘O governo Lula vai abrir em breve licitação para rádios e TVs comerciais em todo o Brasil. Será a primeira da administração petista -os processos estavam parados até agora porque o TCU (Tribunal de Contas da União) entendia que eles só poderiam ir em frente com um parecer de seus técnicos. O impasse, de acordo com o Ministério das Comunicações, foi superado. Cerca de 300 licitações serão feitas nos próximos meses.


PARA ENTENDER


Até agora, o governo fazia concessões de TVs educativas ou de processos aprovados ainda no governo FHC.’


 


 


INTERNET
Marco Aurélio Canônico


O blog vai ao cinema


‘Ali pela virada do século, a gaúcha Clarah Averbuck tornou-se uma das primeiras celebridades da internet brasileira.


Tinha seus 20 e poucos anos, escrevia em um e-zine cultuado (o extinto Cardosonline), estava de mudança para São Paulo (em 2001), começava a escrever um livro (‘Máquina de Pinball’) e a criar um blog (Brasileira!preta) popular.


Na mesma época, o cineasta Murilo Salles (‘Como Nascem os Anjos’) descobriu o blog e a escritora lendo sobre a fama deles em uma coluna de jornal. Comprou o livro e mandou um e-mail para a autora dizendo que queria adaptá-lo.


Sete anos depois -tempo suficiente para Averbuck publicar outro livro e escrever incontáveis posts, que acabaram se somando à adaptação para as telas-, o filme ficou pronto.


É ‘Nome Próprio’, com estréia marcada para o próximo dia 18, dirigido por Salles e baseado nos livros ‘Máquina de Pinball’ e ‘Vida de Gato’ e no ex-blog de Clarah Averbuck (atualmente ela tem outro, adioslounge.blogspot.com).


Conta as aventuras e desventuras de uma jovem blogueira e aspirante a escritora, vivida por Leandra Leal (a atriz também tem blog, alicemepersegue.blogger.com.br).


‘Está se formatando uma nova maneira de narrar. O filme é sobre narração, que é a questão que a internet traz, com as soluções incríveis que as pessoas estão adotando para se expressar, se individualizar’, diz Salles.


‘Não é minha biografia’


Para Averbuck, o efeito imediato do filme -que tem tido pré-estréias dirigidas aos internautas, com convites distribuídos pela rede- foi um aumento da confusão que o público faz entre autora e personagem.


‘Isso é inevitável, já acontecia com o blog e piorou. O filme não é uma biografia precoce minha, nada daquilo aconteceu. Já no livro eu partia de fatos para criar ficção’, afirma a escritora à Folha.


‘Isso ficou uma confusão, as pessoas acham que é minha vida e, para piorar, a Leandra ficou muito parecida comigo.’


Para esclarecer: Clarah Averbuck não é Camila, a protagonista de ‘Máquina de Pinball’, de ‘Vida de Gato’ e de ‘Nome Próprio’. Os livros não são coletâneas de posts de seu blog (papel que cabe a ‘Das Coisas Esquecidas Atrás da Estante’, de 2003, que não entrou no filme).


A julgar por Averbuck, nem a personagem do filme é sua -ela não participou do roteiro final, que é de Salles, Elena Soarez e Melanie Dimantas.


‘Eu gosto do filme, mas acho que ele tirou muitos elementos importantes que estão nos meus livros. Ele escolheu fazer uma outra Camila. Um dos pilares da minha Camila é o sarcasmo, ela tira onda da própria desgraça, e a do filme só sofre, ficou um pouco chata.’


Ela e o diretor falam sobre isso no blog do filme (nomepropriofilme.blogspot.com), o veículo que fecha o círculo entre a obra e a rede.


‘Já que o filme é patrocinado com dinheiro público, queria que ele ganhasse sentido público na rede. Estamos falando de uma blogueira, então o filme tinha que ter um blog’, conclui Salles.’


 


 


***


MySpace lança primeiro longa gerado pelos usuários


‘Enquanto os grandes estúdios seguem em guerra contra os downloads ilegais, o cinema e a internet vão desenvolvendo um relacionamento cada vez mais harmonioso, que tem gerado híbridos dos dois meios.


O mais recente deles é ‘Faintheart’ (www.myspace.com/faintheartthemovie), que se autodenomina ‘o primeiro longa gerado pelos usuários’ -porque teve diretor, trilha sonora e mesmo parte da trama e dos atores escolhidos pelos internautas, via MySpace.


O conceito do filme, que estreou no festival de Edimburgo, na última sexta, foi criado pela produtora britânica Vertigo com o MySpace.


‘A idéia era envolver a audiência potencial do filme com sua realização’, disse Jamie Kantrowitz, vice-presidente de marketing do MySpace, ao jornal britânico ‘The Times’.


Candidatos a diretor enviaram curtas para a página do filme no MySpace (foram cerca de mil) e, após uma pré-seleção feita por um júri especializado, os internautas escolheram o vencedor, Vito Rocco.


Os usuários também puderam se candidatar a dez papéis menores (foram 20 mil inscritos) e escolher as canções e bandas que fariam a trilha sonora, além de palpitar sobre o roteiro a partir de cenas que foram postadas no site.


Paulo Coelho


Outro projeto do gênero envolve o escritor Paulo Coelho, que está convocando leitores a participarem da criação de um filme para a TV baseado em seu livro ‘A Bruxa de Portobello’.


E, no YouTube, um dos sites de vídeo mais processados pelos estúdios -por permitir que usuários coloquem no ar material que consideram ‘ilegal’-, há mais uma iniciativa de aproximação entre o cinema e a internet: o YouTube Screening Room.’


 


 


 


************