Friday, 22 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

Apelação aceita no caso de Hatfill contra o NYT

A Suprema Corte americana recusou-se nesta segunda-feira (27/3) a cancelar o prosseguimento do caso de difamação aberto contra o jornal New York Times pelo ex-cientista militar Steven Hatfill. O cientista abriu o processo depois de ter sido acusado, em colunas do jornalão, de ter ligação com os assassinatos por cartas contaminadas com antraz ocorridos nos EUA, em 2001.


Autoridades nunca solucionaram o envio de cartas com a substância, que matou cinco pessoas e deixou 17 doentes pouco depois dos ataques terroristas de 11/09/2001. Embora não tenha sido acusado formalmente, Hatfill, especialista em bioterrorismo e físico, foi rotulado como ‘pessoa de interesse’ nas investigações oficiais pelo então procurador-geral dos EUA John Ashcroft. O procurador e o governo estão sendo processados por Hatfill pelo vazamento das informações que o fizeram ser citado na mídia como o possível remetente das cartas com antraz.


Um juiz federal havia anulado a ação por difamação e causa intencional de stress emocional aberta pelo cientista contra o Times por causa de textos assinados pelo colunista Nicholas Kristof. As colunas, de 2002, acusavam o FBI de não investigar Hatfill de maneira mais agressiva. No entanto, a Corte de Apelações restabeleceu o processo, considerando que as colunas podiam ser consideradas difamatórias. Um dos juízes discordantes afirmou que o Times apenas tentou revelar o fracasso na investigação do FBI, e não acusou Hatfill dos assassinatos.


Ameaça à liberdade de expressão


O advogado do Times, David Schulz, afirmou que a decisão da Corte de Apelações enfraquece a proteção da liberdade de expressão de jornalistas e incentiva a abertura de processos similares. Trinta empresas de mídia pediram à Corte que usasse o caso para esclarecer as regras de proteção à liberdade de expressão de repórteres. O advogado de Hatfill, Christopher Wright, afirmou que as colunas de Kristof foram negligentes e continham vários erros, incluindo a alegação de que o cientista havia sido reprovado em três testes poligráficos.


A própria Suprema Corte foi atingida pelo pânico provocado pelos casos de antraz, há pouco mais de quatro anos. Traços da substância foram encontrados na sala de correspondências, forçando o fechamento do prédio por uma semana, em outubro de 2001. Informações de Gina Holland [Associated Press, 27/3/06].