O repórter Ilton Caldeira, do Valor, descobriu uma peculiar parceria, com ar de promiscuidade, e publicou uma senhora matéria na edição de 16/7. Ele apurou que os participantes dos comitês de empresários criados pelo PT para ajudar na arrecadação de fundos eleitorais têm também a atribuição de discutir ‘projetos de Parceria Público-Privada (PPP) a serem apresentados depois da aprovação da lei que ainda está sendo debatida no Congresso’.
Embora o presidente do PT, José Genoíno, ache tudo normal e compatível com a tradição republicana que o partido teria na relação com o segmento empresarial (sem aspas no original), não é bem o que pensam especialistas em financiamento de campanhas e em finanças públicas ouvidos pelo repórter.
Para eles, segundo o texto, ‘nessa relação pode haver um perigoso conflito de interesses, já que as empresas do setor privado, como empreiteiras e grandes conglomerados do setor financeiro, estão entre os principais interessados no projeto das PPP e também figuram entre os maiores financiadores de campanhas eleitorais’.
Além do furo, o bom da matéria é que ela não se limita a aspas. Mostra, por exemplo, que nas eleições municipais de 2000 em São Paulo, do dinheiro arrecadado pelos três principais candidatos a prefeito, perto de 44% veio de empreiteiras, empresas de lixo e setor financeiro.
A reportagem também descreve em linhas gerais o projeto das PPP e as críticas que lhe são feitas, por exemplo, pelo diretor executivo da ONG Transparência Brasil (identificado imprecisamente como Cláudio Abramo, como se chamava o grande jornalista, pai do entrevistado Cláudio Weber Abramo).
Por fim, há um quem é quem dos 20 empresários que comandam os comitês petistas em igual número de estados. Em São Paulo, é Lawrence Pih, dono do Moinho Pacífico, o maior da América Latina no setor trigo. No Rio, é o engenheiro Jorge Copello, conselheiro de Energia da Fierj. E, no Amapá, é o próprio secretário de Administração da prefeitura petista de Macapá, José Roberto Galvão. Ou seja, ele bate escanteio, corre para cabecear e, se deixarem, ainda faz a defesa.