Depois de avanços (na média) de cerca de 30% ao ano entre 2009 e 2012, o segmento de televisão por assinatura já avança mais devagar. Apresentou aumento de 11,3% na sua base de clientes em 2013, como apontou dia 7 de fevereiro a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel). E começa a enfrentar a inexorável concorrência da internet.
Para Oscar Simões, presidente da Associação Brasileira de Televisão por Assinatura (ABTA), a redução de ritmo já reflete expectativas menos otimistas da população. “Ainda assim é excelente avanço, especialmente quando comparado com o crescimento médio da economia brasileira, de um quarto disso”, afirma.
A consultoria especializada PTS calcula que o avanço da base de clientes do setor deve manter-se em torno de 10% ao ano nos próximos anos.
Hoje, a televisão paga chega a 28% dos lares brasileiros, com um público de até 57,6 milhões de pessoas, de acordo com o critério do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) de 3,2 pessoas por domicílio. “O potencial de expansão é alto. A população brasileira ainda tem pouco acesso à cultura e a televisão é vista como principal fonte de lazer e informação”, observa Simões. De acordo com a consultoria PTS, no México e no Chile, 43% das residências possuem serviços de TV por assinatura e, nos Estados Unidos, já são 90% dos domicílios.
Pirataria deletéria
O consolidado mercado de televisão paga nos Estados Unidos, no entanto, já vem sendo desafiado pelos serviços de transmissão através da internet, como a imprensa especializada vem noticiando. Pesquisa divulgada pelo NPD Group em janeiro deste ano identificou que o número de assinantes de canais pagos caiu 6 pontos porcentuais em 18 meses, enquanto sites que transmitem vídeos online cresceram 4 pontos porcentuais.
A vantagem que esses serviços oferecem é a ampla possibilidade de escolha, já que é possível acessar a programação por meio de computadores, tablets e smartphones. A Netflix, líder do segmento, já possui 33 milhões de assinantes só nos Estados Unidos e outros 10 milhões ao redor do mundo. Grandes marcas como Amazon e Sony também estão investindo no segmento de “subscription video on demand” (assinatura de vídeos por solicitação, na tradução livre).
Simões ainda não identifica ameaça à TV paga no Brasil proveniente do segmento dos serviços de transmissão pela internet, porque mais da metade dos telespectadores recebe o sinal via satélite e não tem acesso à banda larga. Mas ela não pode ser minimizada.
Empresas como NET/Embratel, Sky/Directv, Oi e GVT já se mexeram para oferecer programação “sob demanda”, além de recursos técnicos diferenciados, como a possibilidade de gravar, pausar ou programar o horário para assistir a filmes ou séries.
No Brasil, as ligações clandestinas (gatos) são a maior dor de cabeça do setor de televisão por assinatura. Esse tipo de pirataria não causa estragos apenas para as operadoras, que deixam de faturar. Também prejudicam os assinantes, que são obrigados a pagar mais pelos outros, e os Tesouros, que perdem arrecadação. (Colaborou Danielle Villela)
******
Celso Ming é colunista do Estado de S.Paulo