A disputa das operadoras de telefonia móvel, que nunca foi tranquila, vai ficar ainda mais acirrada. As empresas tentam garantir a fidelidade do cliente, sobretudo no segmento pré-pago, que responde por quase 80% do mercado brasileiro. Com a perspectiva de expansão limitada de serviço de voz, as companhias iniciaram uma verdadeira batalha para vender seus pacotes de acesso à internet.
A Claro anuncia nesta semana que todos os seus usuários terão acesso à rede 4GMax (de quarta geração), a partir de abril, sem custo adicional. “Seremos a primeira operadora a oferecer esse serviço”, diz Rodrigo Vidigal, diretor de marketing da companhia. Mais do que buscar um posicionamento de liderança no mercado, as operadoras querem avançar na oferta de serviços de rede para aumentar rentabilidade nos planos pós e pré-pagos. “As companhias não têm alternativa. O serviço de voz, em termos de receita, está chegando ao seu limite”, afirma Eduardo Tude, diretor da consultoria Teleco.
Cerca de 30% dos celulares ativos contam com serviço de rede no Brasil. Na Argentina, a média é de 50%, segundo Tude. “Hoje, a Vivo é líder, com cerca de 30%. As outras operadoras ficam com aproximadamente 20% cada uma.” Christian Gebara, diretor executivo de mercado individual da Telefônica Vivo, prevê um 2014 desafiador. Mas, apesar do cenário de desaceleração, o ano será de crescimento para a operadora, de acordo com o executivo. “Teremos maior visibilidade com a Copa do Mundo, já que a Vivo é patrocinadora da seleção brasileira.” No segmento 4G, a companhia possui um plano de compartilhamento de dados entre smartphones, tablets, notebooks, com pacote de plano único.
Em 2013, a Claro ultrapassou a Vivo e assumiu a vice-liderança no mercado pré-pago, alcançando 25,71% de participação com uma política agressiva de preços. A TIM é líder nesse segmento, de acordo com dados da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel).
Segundo Gebara, os critérios de medição de clientes de pré-pagos são diferentes de operadora para operadora. A companhia, diz ele, tem uma política mais rigorosa de desconexão de clientes pré-pagos. O prazo regulamentar estabelecido pela Anatel para descredenciar clientes é de 60 dias após o vencimento da recarga. “Se fôssemos menos rigorosos, se comparados às outras operadoras, teríamos uma base de clientes maior, com cerca de 15 milhões de pessoas a mais”, diz Gebara.
Dados da Anatel divulgados em janeiro mostram que dos 272,3 milhões de celulares ativos, 212,3 milhões são na modalidade pré-pago. Do total dos ativos, 106,4 milhões deles têm acessos banda larga. Números compilados pela Teleco mostram que no quarto trimestre de 2013 a Vivo, líder no segmento pós-pago, registrou maior receita média por usuário, de R$ 24,80. A Oi ficou com R$ 19,90, seguida pela TIM, com R$ 19,20. A média da Claro ficou em R$ 16,00.
Com liderança em pré-pago, a TIM aposta nos chamados planos híbridos, nos quais os usuários têm pacote de preço fixo em que, quando passado o limite, o serviço é bloqueado.
“Na prática, as pessoas ainda usam o celular para falar. Mas cada vez mais querem ter acesso à rede”, diz Roger Solé, diretor de marketing da TIM. Segundo ele, os serviços de acesso à internet são um caminho sem volta e um dos pilares de crescimento da companhia no País.
Tendência
Para João Moura, presidente da Associação Brasileira das Prestadoras de Serviços de Telecomunicações Competitivas (Telcomp), a tendência no futuro é que o serviço de voz perca espaço para aplicativos, como WhatsApp e outras ferramentas interativas nas redes sociais, que são oferecidos por pacote de dados. “A modalidade pré-paga, como foi concebida, quando muitos usuários só recebiam ligação, fazia sentido no passado.”
******
Mônica Scaramuzzo, do Estado de S.Paulo