Thursday, 21 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1314

O padrão de beleza imposto pela mídia

(Imagem: Vince Fleming/Unsplash)

Temos vivido a era dos direitos humanos, mas por desconhecer o poder de influência que a mídia, através dos meios de comunicação, exerce em nossas vidas, em como penetra em nossa mente, não percebemos que nossos direitos jamais foram tão violados como nos dias de hoje. Temos visto um verdadeiro massacre humano, de mulheres, adolescentes se matando para atingir um inatingível padrão de beleza imposto pela mídia. Em uma sociedade democrática, as mulheres tornaram-se escravas da indústria da beleza, tão difundida pelos meios de comunicação, os quais tem dilacerado a nossa juventude, pessoas que estão perdendo o prazer de viver, tornando-se solitárias, por estarem inconformadas com sua forma física, controlam alimentos que ingerem, para não engordar; esta escravidão assassina a autoestima, produz uma guerra contra o espelho e gera uma auto rejeição terrível.

Diante disso, procuramos mostrar através de pesquisas, o que estas influências tem feito com nossa juventude, sendo estes os motivos que levaram o rumo desta pesquisa, a não conformação com esta situação, este massacre, de pessoas se matando para estarem como os meios de comunicação difundem que tem que ser para se dar bem na vida. O que leva uma pessoa a se destruir dessa forma? A perder o prazer de viver? Tudo isso para atingir um padrão de beleza? Estas indagações não nos deixa calar diante dessa fábrica de pessoas doentes e frustradas que tem sido nossa sociedade.

Padrão de beleza e sociedade

Ao longo dos anos e mais precisamente depois da Segunda Guerra Mundial, a mulher vem adquirindo direitos e mudando sua forma de atuação na sociedade. Elas estão se especializando, através de estudos e qualificações profissionais, promovendo, assim, um melhor planejamento familiar e conquistando maior respeito e admiração, pois estão conquistando uma posição atuante e fora de casa.

Hoje, podemos ver mulheres independentes, confiantes e distribuindo confiança, temos no Brasil uma mulher no comando do país, Dilma Rousseff, entre tantos outros exemplos de mulheres no comando de empresas, na chefia de cargos públicos, entre outros.

O conceito de mulher, dona de casa, mãe e esposa, mudou. As mulheres ainda são mães, esposas e dona de seu lar, porém, junto a tudo isso, estão no mercado de trabalho atuando de forma efetiva diversas funções. As conquistas são constantes, e as quebras de tabus são diárias, em meio a esta avalanche cultural que temos vivido.

Descarte, em meio a todas essas conquistas, temos vistos, também um verdadeiro massacre humano, onde pessoas, principalmente mulheres, dilaceraram seu prazer de viver e sua liberdade para atingir o inatingível padrão de beleza, pregado pelas mídias em nossas vidas.

As cobranças que as mulheres tem feito a si mesma para atingir o padrão de beleza imposto pela mídia, tem lhes prejudicado em todos os sentidos, tanto psicológicos, como em seu corpo. A sociedade exige uma dupla ou tripla jornada de trabalho (cuidar da casa, do marido, das crianças, do emprego, do curso de especialização, do cabelo da estética, entre outros). Diante de tudo isso vem o stress, a não aceitação de seu corpo, as dietas malucas, distúrbios alimentares e mais tarde doenças como bulimia e anorexia nervosa.

Os meios de comunicações tem imposto um estereotipado padrão de beleza feminina, os comerciais, desfiles, novelas, propagandas tem mostrado que para ser aceito na sociedade deve ser magra, vestir manequim 36. Nas capas das revistas vemos belos corpos de modelos magérrimas, a pura perfeição. Diante disso vem a cobrança de ser assim, para se sentir bonita e atraente, sexy, bem vista e aceita pela sociedade, assim como afirma Bohm:

“O padrão estético de beleza atual, perseguido pelas mulheres, é representado imageticamente pelas modelos esquálidas das passarelas e páginas de revistas segmentadas, por vezes longe de representar saúde, mas que sugerem satisfação e realização pessoal e, principalmente, aludem à eterna juventude” (BOHM, 2004, p.19).

As mulheres, que ao longo dos anos vêm lutando por sua liberdade de expressão, independência financeira e direito de voto, consideradas por muitos anos como o sexo forte, mostram-se hoje como o sexo frágil e escravas do padrão de beleza imposto pela mídia.

Indústria da beleza

O discurso da mídia decorre de uma pluralidade de produtos e avanços tecnológicos a fim de aprimorar a estética e forma física. Vemos todos os dias surgirem novos produtos de emagrecimento, são pílulas, sucos, comidas diet, light e zero, parelhos de ginásticas, academias com uma imensidão de aparelhos, vídeos com séries de exercícios pra se fazer em casa e perder medidas, revistas especializadas em perda de peso em tantos dias, cosméticos, cirurgias plásticas, redução de estômago.

O país pode está na maior crise financeira de todos os tempos, mas a indústria da moda não para de crescer. Para todos os lugares que se olha, se ver a influencia ao culto de um corpo perfeito, uma barriga saradinha, uma constante luta contra a balança, uma conta de calorias presente em cada refeição. Os meios de comunicação apresentam diariamente o glamour da glória e do sucesso, de pessoas magras e em forma se dando bem em tudo que fazem, sem sofrer nenhum tipo de preconceito, apenas bem e com intensa ascensão social.

Obsessão pela forma física e os transtornos

A perda de peso já se tornou o objetivo da maioria das mulheres e a indústria da beleza mostra que é algo possível de se alcançar, basta ter vontade, pois todos os dias surgem novas formas, tecnologia que permitem uma rápida e satisfatória perda de peso. A mídia, em sua forma escrita e televisiva, prega o poder, honra, beleza, mobilidade social, através das modelos, top moldes, e as mulheres em especial da faixa adolescente, sentem a necessidade de estarem com o corpo de modelo. Recorrem constantemente a indústria da beleza para satisfazer esta necessidade que a mídia mostra que ela teve ter. O ideal de corpo perfeito. Mas assim como diz Cury em seu livro, a ditadura da beleza e a revolução das mulheres, que gostaria que as pessoas descobrissem a beleza única que cada uma tem e não procurasse ser igual a ninguém:

“Aprenda diariamente a ter um caso de amor com a pessoa bela que você é, desenvolva um romance com a sua própria história. Não se compare a ninguém, pois cada um de nós é um personagem único no teatro da vida” (CURY, 2005, p.1).

Em contraste a essa ideia, temos os meios de comunicações, como, por exemplo, blogs, sites de relacionamentos, incentivando as pessoas a serem iguais as modelos, se sacrificarem para ficar magra, encontramos termos como Ana e Mia, para designar as doenças, anorexia e bulimia, respectivamente. Onde muitas adolescentes se identificam e aprendem a como perder peso, como passar horas sem se alimentar, a como controlar a ansiedade. Estes blogs tem influenciado meninas de todo o mundo, ensinando com ser uma pessoa anoréxica e em como enganar os pais, para que não percebam de imediato o que elas estão fazendo consigo mesmas, se matando, desistindo da vida para atingir o inatingível padrão de beleza.

As pessoas que tem estes transtornos alimentares, costumam enfrentar uma guerra todos os dias com o espelho, todas as vezes que se olham no espelho, se veem gordas, deformadas, não gostam do que ver em sua frente, nunca conseguem se sentir bem consigo mesma. Isso acontece muitas vezes com pessoas que já estão abaixo do peso considerado saudável. O pior de tudo isso é que temos visto milhares de pessoa sofrendo dilaceradas pelo mal que tem assolado famílias ricas e pobres, muitas meninas morrendo de fome tendo de tudo em casa para comer, parece utopia, mas é realidade de muitas pessoas, é um imenso contraste, enquanto a indústria de alimentos vendem gorduras exuberantes, a indústria da beleza luta com regimes e defende o uso de alimentos de baixo valor calórico ou nenhuma caloria.

O resultado é uma paulatina deterioração física e mental, que começa com sintomas leves, como tonturas, tremedeiras, fraquezas, gastrites, variações de humor, complicações cardiovasculares e renais, podendo levar a morte.

Diante disso, é uma missão impossível compreender o que leva uma pessoa a fazer isso consigo mesma, desistir de lutar pela vida, querer muitas vezes a morte, do que ter uns quilos a mais. A maior indignação e por que não dizer revolta que nos dar, é que todo esse sofrimento poderia ser evitado se as pessoas acreditassem na sua beleza genuína e singular, que não quisessem ser iguais as modelos dos desfiles e comerciais.

Indústria do consumo

O século 19 foi o século das maiores conquistas que as mulheres tiveram ao longo de sua história; a luta pelo direito de votar, opinar, igualdade de trabalho, frequentar universidades. A sociedade abriu espaço para as mulheres serem livres, mas no século 20, vimos que a indústria do consumo, que tanto ajudamos a construir, tem feito as mulheres escravas de um padrão inatingível de beleza.

A indústria do consumo tem o objetivo de vender seus produtos, sejam eles: Cigarros, carros, cervejas, roupas, calçados, ou até mesmo comidas, com o corpo da mulher. Hoje o corpo feminino vende tudo, mas esta imagem de corpo perfeito, esta espetacularização da moda, tem trazido consequências drásticas à nossa sociedade, milhares de pessoas insatisfeitas consigo mesmas e seus corpos em frente ao espelho só lhes mostra defeitos, as pessoas não enxergam mais sua beleza interior, existe sim um vazio enorme em seu interior, pois querem ser o que não são, querem ser como as modelos das capas de revistas e comerciais.

Estes efeitos causados pela indústria do consumo, na sociedade, só lhes trás mais crescimento e sucesso, por que pessoas insatisfeitas correm às lojas para comprarem objetos afim de satisfazerem seus desejos, acabar com a ansiedade, aumentar sua auto estima. Mas esses prazeres são passageiros, pois logo após alguns segundos, já querem outro produto, pois o que comprara a pouco tempo já se tornou obsoleto, tudo isso devido a vida líquida em que vivemos nessa sociedade moderna, onde nada se firma, não dar tempo as coisas tomarem forma, os avanços são constantes, as modas passageiras, a cada minuto surge uma nova tecnologia. Assim como nos diz Cury: “Estamos mais ricos financeiramente hoje, mais muito mais miseráveis e infelizes interiormente” (CURY, 2005, p. 39). A indústria do consumo tem o objetivo de promover inconscientemente a insatisfação e não a satisfação, como muitas pessoas pensam e se deixam influenciar. Pessoas satisfeitas, bem humoradas, com auto estima não precisam da paranoia de viver comprando desenfreadamente, ou viver correndo atrás das coisas que estão na moda, a qual muda todo dia, trazendo assim um desgaste constante, viver trocando carro, celular, roupas, calçados; Pessoas bem resolvidas consomem mais ideias do que estética. A cada dia as pessoas estão sendo vistas por essa indústria de consumo, como mais um número de cartão de crédito, mais um comprador em potencial, e não como uma pessoa que deve ser valorizada por sua inteligência, capacidades e beleza interior.

Não importa o que as indústrias da moda, da beleza, do consumo e os meios de comunicações nos impõem, ou os produtos que colocam no mercado, prometendo milagres da beleza, do rejuvenescimento, dizendo que isso fará ser bem aceito na sociedade e ter ascensão social, não adianta está se matando para atingir o inatingível, pois cada pessoa tem uma beleza única, e deve serem aceitas como são, se cuidar e ser vaidosa faz parte da natureza de cada mulher, mas não chegar ao ponto de se deixar escravizar por isso. O envelhecer é nosso destino, viver feliz e com dignidade deve ser nossa meta.

Considerações finais

Pretendeu-se neste trabalho, proporcionar de forma sintética, mas objetiva, uma familiarização com as influencias e consequências que o padrão de beleza impõe em nossa sociedade. Para satisfazer este objetivo, optou-se por uma descrição sequencial dos componentes típicos de um documento desta natureza. O resultado obtido satisfaz os requisitos de objetividade e a pequena dimensão que pretendia atingir, que era mostrar como a sociedade paga caro por ceder as influências dos meios de comunicações através da indústria da beleza. Ele também constituirá um auxílio útil, para o leitor que pretenda reagir às influencias e padrões que a mídia impõe em nossos jovens em especial. Faz-se notar, todavia, que a complexidade e abrangência dos assuntos crescem e constroem-se dia-a-dia, através das experiências e da cultura.

Referências bibliográficas

BOHM, Camila Camacho. Um peso, uma medida. O padrão de beleza feminina apresentado por três revistas brasileiras. São Paulo: Uniban, 2004. 100p.

CURY, Augusto Jorge. A ditadura da beleza e a revolução das mulheres. Rio de Janeiro: Sextante, 2005. 120p.

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Henriette Valéria da Silva é estudante de Jornalismo