Sunday, 24 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

Empresas de jornalismo apostam na análise de dados

O aumento do volume de informações digitais com que as empresas têm de lidar está transformando estatísticos em celebridades. A tecnologia chamada de Big Data, que permite a análise em tempo real deste volume gigantesco de dados, tem se mostrado essencial para a tomada de decisões empresariais. As organizações de notícias já entenderam a importância do Big Data, e estão contratando especialistas para ajudá-las nas mais variadas funções, desde a redação de reportagens até a conquista de assinantes online. Abaixo, alguns exemplos de projetos adotados por veículos de mídia que contam com cientistas de dados em sua equipe.

The Huffington Post

Com as eleições legislativas se aproximando nos EUA, o site Huffington Post contratou seu primeiro cientista sênior de dados para trabalhar em período integral. Natalie Jackson, que tem um Ph.D. em Ciências Políticas, vai trabalhar com Mark Blumenthal, diretor-sênior de pesquisas, para auxiliar na apuração de pesquisas e previsão de resultados do pleito.

“Os editores e jornalistas sempre trabalharam com cientistas de dados; só que antigamente eles eram chamados ‘pesquisadores’. O poder da computação avançou. O armazenamento de dados tem avançado e, graças à Internet, agora todos temos acesso a estes dados. Podemos fazer coisas inéditas”, diz Blumenthal.

Vocativ

No site de notícias Vocativ, lançado no ano passado, cerca de 50 repórteres trabalham junto a meia dúzia de analistas de capital privado, ONGs e consultoria jurídica. Eles garimpam a chamada “deep Web” (conteúdo da internet que não é indexado aos mecanismos de busca padrão) e analisam dados com uma plataforma autoral chamada Open Mind para chegar, por exemplo, a histórias sobre milícias civis ucranianas (que acabou ganhando destaque na mídia tradicional), ou sobre a relação entre papéis femininos fortes e rentabilidade cinematográfica.

“Achamos que este é o melhor jeito de conseguir reportagens que outros não conseguem”, explica Markham Nolan, gerente editorial do Vocativ. “Quando utilizamos pessoas que entendem de dados, que sabem como monitorar fontes muito obscuras, pode-se encontrar um conteúdo muito original”. Cerca de metade do conteúdo do site é produzido dessa maneira.

The New York Times

Com anunciantes comprando cada vez menos espaço na mídia impressa, o New York Times está se voltando para os assinantes para gerar receita. Desde o lançamento de sua paywall, suas receitas de circulação superaram as de publicidade. Para ajudar, a empresa contratou Chris Wiggins, que possui Ph.D. em Física e coordena uma equipe que aplica conhecimentos digitais para analisar os fatores responsáveis pela fidelização do assinante; antes o trabalho era feito por meio de pesquisas, sem uso de muita tecnologia.

Mashable

Para apoiar sua missão de expandir-se no nicho das notícias gerais, o Mashable reconheceu que precisava realizar uma abordagem matemática séria para aumentar seu número de acessos. Para isso, no ano passado o site contratou Haile Owusu, que possui doutorado em Física da Matéria Condensada e que agora aplica sua formação solucionando problemas tecnológicos. Owusu passa boa parte de seu tempo trabalhando com a Mashable Velocity, plataforma que vasculha a rede e prevê qual pode vir a ser o próximo viral.

The Wall Street Journal

O Wall Street Journal montou recentemente uma equipe formada por jornalistas investigativos, analistas de dados e jornalistas com experiência em análise de dados. Além disso, a Dow Jones tem uma equipe de cientistas que em breve deve começar a trabalhar em estreita colaboração com a redação para analisar dados para reportagens, desenvolver novas formas de narrativa e fortalecer o jornalismo investigativo do jornal, diz o editor-executivo Almar Latour, responsável pela transformação digital na redação.