Falta de memória é realmente incrível. Para se ter uma ideia, matéria do jornal O Globo de domingo (27/4) informava que “Casarão do Catete que já abrigou a UNE será sede 50 start-ups tech” – o que vem a ser um programa do governo estadual para fomentar o desenvolvimento de empresas de tecnologia. A matéria segue tecendo loas para a iniciativa que, segundo O Globo é “a semente de um Vale do Silício carioca”.
Tudo bem, só que foi esquecido um detalhe. O local, desde janeiro de 2001, estava reservado pelo governo do estado ao Centro de Cidadania Barbosa Lima Sobrinho. Houve até uma solenidade na UERJ que anunciava a inauguração do referido Centro, localizado na Rua do Catete 243, onde também funcionou a Universidade do Estado da Guanabara (UEG), que abrigava um curso de Direito.
Na solenidade estiverem presentes várias entidades, inclusive a direção da ABI, na época sob a presidência de Fernando Segismundo, alguns associados, entre os quais o autor destas linhas, representações da Prefeitura e do governo do Estado.
Lançamento ignorado
Na época se divulgou que “do Centro de Cidadania Barbosa Lima Sobrinho, a primeira fase constava na elaboração dos projetos arquitetônicos e técnicos de execução de obras emergenciais indispensáveis ao estancamento do processo de ruína em que se encontra o prédio principal e reforço estrutural do Bloco Principal”. E vale informar ainda que no noticiário constava que “o conjunto arquitetônico destinado às instalações do Centro de Cidadania Barbosa Lima Sobrinho é constituído por um prédio principal, edificado nos primeiros anos do século XIX, e por três anexos, construídos nas décadas de 30 e 40. Tombado pela Prefeitura da Cidade, o imóvel necessita de obras de restauração e adaptação para o funcionamento das atividades”. A Petrobras ficou de bancar a obra de restauração.
Treze anos depois da inauguração, o governo do Estado anuncia a criação da “sede de 50 start-ups tech”. E o jornal que anuncia a “novidade” também ignorou que já houve o lançamento do Centro de Cidadania Barbosa Lima Sobrinho.
Não seria o caso de a direção da ABI tomar uma medida junto ao governo do Estado e em consideração à memória de Barbosa Lima Sobrinho?
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Mário Augusto Jakobskind é jornalista