A rede de TV Al Jazeera, do Catar, entrou com um pedido de indenização contra o governo do Egito no valor de 330 milhões de reais, alegando danos aos seus negócios no país devido ao tratamento recebido por seus jornalistas. Segundo Cameron Doley, advogado do escritório londrino Carter-Ruck, responsável pela defesa da rede, a Al Jazeera já investiu pelo menos 200 milhões de reais em operações no Egito desde que começou a transmitir no país, em 2001. Essa participação inclui os custos de infraestrutura e de operação para seus quatro canais, compra de ativos fixos, como equipamentos de transmissão, taxas de regulação pagas ao Estado e custos com pessoal. O valor da indenização serviria para cobrir perdas futuras decorrentes da paralisação das operações da rede no Egito.
O processo fragiliza ainda mais as já abaladas relações entre Egito e Catar, estremecidas desde o golpe militar contra o presidente egípcio Mohamed Morsi, e também em função do apoio do Catar à Irmandade Muçulmana, organização islâmica a qual Morsi é ligado, classificada pelo novo governo como grupo terrorista.
Retaliação
Desde o início do conflito entre os países, os jornalistas da Al Jazeera têm sofrido diversas retaliações. Identificar-se como funcionário da rede nas ruas do Cairo pode significar um risco. Alguns profissionais da imprensa chegam a ser espancados. Outros sofrem acusações criminais. É o caso do australiano Peter Greste, do egípcio-canadense Mohamed Fahmy e do egípcio Baher Mohamed, presos em 29 de dezembro de 2013 e julgados sob acusação de ajudar os membros de uma organização terrorista – no caso, a Irmandade Muçulmana.
No início deste ano, um promotor egípcio alegou que os três jornalistas publicaram mentiras, prejudicando o interesse nacional, e forneceram dinheiro, equipamentos e informações a 16 egípcios. Eles também foram acusados ??de usar equipamentos sem licença de transmissão. Os três negam as acusações. Autoridades egípcias disseram que os jornalistas detidos levantaram suspeitas por operar sem as devidas credenciais. O caso foi amplamente condenado por grupos de direitos humanos, que alegam que as autoridades estão massacrando a liberdade de expressão.