Monday, 25 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

Sem apresentar lucro, Twitter tem queda no número de usuários

Na semana passada, o Twitter divulgou seu lucro do primeiro trimestre e o mercado de ações reagiu imediatamente: em apenas meia hora, o preço das ações caiu 9%, uma das maiores quedas desde que o Twitter se tornou uma empresa de capital aberto.

Os números gerais estavam, em sua maioria, alinhados às expectativas dos analistas, tanto que Dick Costolo, CEO da empresa, declarou que o Twitter teve um “ótimo primeiro trimestre”. No entanto, o microblog registrou perda líquida de US$132 milhões.

Ainda assim, ninguém esperava que a empresa fosse dar lucro neste trimestre, e a receita global duplicou em relação ao primeiro trimestre do ano passado – atingindo o valor de US$250 milhões.

O sinal de alerta mais evidente é a queda contínua no número de usuários. O Twitter ganhou 14 milhões de novos usuários no primeiro trimestre, um avanço em relação ao trimestre anterior, que registrou nove milhões de novas contas, porém ainda baixo se comparado ao primeiro trimestre do ano passado, que marcou 19 milhões de novos usuários.

Quando o número de usuários começa a desacelerar antes mesmo de ser possível ao menos farejar algum lucro, os investidores ficam preocupados. Pior ainda: o crescimento da atividade nas contas está defasado em relação ao número de usuários. Em 2014, a atividade total não acompanhou o pico de 2013.

Ferramenta dispensável

Os números ruins também chegam num momento em que o Twitter recebe algumas duras críticas de vozes de destaque na imprensa. Adam Wurtzle, diretor de pesquisa da NBCUniversal, disse ao Financial Times que o Twitter impactou muito pouco as transmissões dos Jogos Olímpicos de Inverno pela NBC, no início do ano. A companhia esperava que as mídias sociais tivessem um efeito dominante sobre o público que acompanhava os Jogos. No entanto, durante os 18 dias de cobertura, apenas 19% dos telespectadores postaram sobre o evento nas mídias sociais.

Outra questão é que o Twitter ocupa um nicho estranho no universo da imprensa. Se você é jornalista ou relações públicas, o Twitter se mostra essencial, tanto como fonte de furos como meio de transmissão. Mas, para o restante do mundo, ele dificilmente se revela imprescindível. Pelo contrário: dá para se viver muito bem sem o Twitter. Ao contrário do Facebook, com seu fluxo de fotos bonitinhas dos filhos dos amigos, o Twitter não tem o poder de prender ninguém.

Isso o coloca em uma posição vulnerável. Conforme a empresa aumenta o volume de publicidade necessária para “monetizar” seus negócios adequadamente, dá aos usuários cada vez menos motivos para acessar o microblog, e ao mesmo tempo não cria um atrativo para fazer as pessoas permanecerem nele.

Desta forma, estaria o Twitter em apuros? Vale lembrar que o Facebook também sofreu duras críticas após a abertura de capital, até ficar claro que a empresa tinha transformado seu aplicativo móvel em uma mina de ouro publicitária. Se a receita de publicidade do Twitter continuar a aumentar, os investidores não se preocuparão com o número de usuários. Mas ainda é muito cedo para jogar terra sobre o túmulo do Twitter. No entanto, é seguro dizer que a lua de mel acabou.