A novidade jornalística do fim de semana tem a ver com o resgate de Ingrid Betancourt e mais propriamente com o investimento feito pelos três jornalões nacionais, que rapidamente despacharam repórteres a Bogotá. Quando chegaram à Colômbia, a ex-refém já estava a caminho de Paris para rever os filhos e receber as homenagens de sua segunda pátria.
Mas os enviados especiais trouxeram uma contribuição importante para o leitor brasileiro, a Folha de S.Paulo especialmente: a fria e distante posição do nosso governo não apenas durante o longo seqüestro e as tentativas de negociação, mas também na hora da libertação dos 15 seqüestrados decepcionou os colombianos.
Hugo Chávez, até há pouco inimigo do presidente Uribe, depois da façanha chamou-o de ‘hermano’ e Fidel Castro condenou o seqüestro como anti-revolucionário e desumano.
A nossa diplomacia, famosa por sua competência e agora sob tripla direção perdeu uma rara oportunidade para projetar-se na América do Sul, simplesmente porque não queria desagradar as FARC. A prova disso está nos efusivos agradecimentos de Ingrid Betancourt à presidente da Argentina, Cristina Kirchner, pelas demonstrações pessoais de carinho. Nenhuma palavra ao Brasil, nenhuma palavra ao governo e ao povo brasileiro.
Se nossos grandes veículos tivessem correspondentes fixos nas principais capitais sul-americanas, nossa diplomacia seria mais cobrada e talvez se comportasse de forma mais esperta e mais humana.
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