A publicidade para a televisão representará US$ 2,9 bilhões. Algumas marcas estimam investir US$ 2 milhões por dia.
Para ir acalmando as expectativas, o Mundial já tem um claro vencedor.
Nesta Copa do Mundo se espera que o investimento publicitário na TV seja superior a US$ 2,9 bilhões, um recorde, e isso sem contar os US$ 3,5 bilhões que a Fifa já arrecadou por direitos de exploração e patrocínios.
É o que indica um estudo elaborado pela consultoria Deloitte, que ressalta o tamanho da aposta com um dado: “Inclusive há empresas como a AmBev, a Coca-Cola, o Banco Itaú, a Johnson & Johnson, a Hyundai, a Nestlé, a Oi e a Magazine Luiza, entre outras, que preveem investir US$ 2 milhões em cada dia de competição”.
Como comparação, “a arrecadação publicitária diária no Brasil equipara o investimento do Super Bowl norte-americano”, a partida que define o campeão da NFL (futebol americano), onde neste ano chegaram a ser pagos até US$ 4 milhões de dólares por um anúncio de 30 segundos na televisão.
Patrocinadores
São números surpreendentes, ainda mais se levarmos em consideração que nenhuma das 32 seleções que participarão na Copa conta com menos de 15 patrocinadores. “As principais marcas do mundo são patrocinadores, mas a Adidas, a Coca-Cola e a Nike são as que têm maior presença”, indica o relatório da Deloitte.
A seleção argentina tem um total de 15 patrocinadores, uma lista integrada entre outros por Adidas, Coca-Cola (ambas patrocinam também a Copa do Mundo), Claro, Easy (loja de departamentos), Quilmes, Noblex, Tarjeta Naranja (sistema de compras), banco ICBC, Gillette e Volkswagen.
Segundo a agência Euroamericas Sport Marketing, o total da arrecadação publicitária das seleções latino-americanas que participarão da Copa (Argentina, Brasil, Colômbia, Uruguai, Chile e Equador) atinge US$ 180 milhões. Nesse lote e a respeito dos montantes, por enquanto só nisso, a Argentina está em primeiro lugar, inclusive acima do Brasil.
O especialista Juan Anllo, analista de negócios esportivos da Deloitte, explica que a Copa de futebol e os Jogos Olímpicos são os principais eventos globais por seus níveis de audiência.
Por isso o interesse das marcas em participar destes acontecimentos internacionais.
Para destacar a evolução das copas do mundo, a consultoria internacional Ernst & Young realizou a seguinte comparação: em 1950, na primeira vez que o Brasil foi sede de uma Copa, “participaram 13 países, foram disputadas 22 partidas em seis estádios, com um público estimado em um milhão de espectadores. A edição de 2006, realizada na Alemanha, tinha 32 equipes, foram disputadas 64 partidas em 12 estádios, com um público de 3,35 milhões de espectadores”.
A arquitetura da Copa do Mundo do Brasil 2014 é parecida com a da Alemanha.
Multidão
Anllo, da Deloitte, calcula que as transmissões televisivas serão vistas por cerca de três bilhões de pessoas no mundo inteiro.
Tamanha vitrine explica em grande medida os investimentos publicitários. É o caso do McDonald’s, patrocinador há 20 anos de todos os campeonatos organizados pela Fifa.
“A Copa é algo que cruza transversalmente o mundo e, para a marca, associar-se ao evento é carregar-se de atributos positivos”, disse ao caderno de economia do Clarín, o Ieco, Gonzalo Alfonsín, diretor de Marketing de Arcos Dourados, empresa que promove a marca em toda a região.
O executivo indica que por trás do investimento “há uma construção de longo prazo”, mas que também se esperam resultados concretos nos locais da franquia: “Mais transações, mais visitas, mais trânsito de gente e um aumento do consumo”.
A repercussão para as marcas esportivas (principalmente Adidas, Nike e Puma) é muito maior. As áreas de marketing segmentaram suas estratégias a nível local e global.
Quilmes
É o caso da AmBev, a maior empresa cervejeira do mundo, dona da Quilmes, a marca líder da Argentina. A AmBev é patrocinadora da Fifa e a Quilmes, da seleção argentina, cuja mensagem publicitária é que os rivais “vão se encontrar com um país unido em pós de uma mesma ilusão”.
Digital
Uma fonte da empresa disse que 40 por cento do investimentos publicitários estarão destinados aos meios de comunicação tradicionais (TV, rádio, gráfica e via pública), 50 por cento para ações diretas e outros 10 por cento ao setor digital.
Embora ninguém questione que, para as marcas, a televisão concentrará as apostas, muitos ressaltam que os meios de comunicação digitais e as redes sociais, especialmente Twitter, terão um papel preponderante.
Uma projeção publicada pela revista oficial da AFA (Associação de Futebol Argentino) indica que durante os 31 dias da Copa serão enviados 1,7 bilhão ao de tuítes, número que contrasta com os 11 milhões enviados na Copa da África do Sul 2010.
Um levantamento da IAB Argentina, a entidade que agrupa as agências criativas de publicidade, indica que em 2013, a publicidade online faturou 4 bilhões de pesos, apenas 14 por cento do total.
Apesar disso, “o efeito Copa contribuirá muito para que o investimento em publicidade online continue na mesma linha”, disse Alejandro Fishman, presidente da IAB Argentina.
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Damián Kantor, do Clarín