A Abraji (Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo) repudia a prisão da repórter Vera Araújo, de O Globo, no Rio de Janeiro. Na tarde do último domingo (15.jun.2014), a jornalista foi presa pelo sargento da Polícia Militar Edmundo Faria enquanto registrava a prisão de um torcedor argentino que estaria urinando na rua.
O sargento determinou que Vera desligasse o equipamento. Mesmo após mostrar sua identificação profissional ao policial, a jornalista foi presa “por desacato à autoridade”. De acordo com informações de O Globo, o sargento deu voltas com a repórter no carro durante uma hora e confiscou o celular que ela usava para tentar contatar o jornal. Antes de chegar à delegacia, o PM algemou-a com força suficiente para machucar seus pulsos e, segundo Vera, a agrediu verbalmente.
Ela registrou o caso como abuso de autoridade e fez exame de corpo de delito no Instituto Médico Legal. O tenente-coronel Cláudio Costa, relações públicas da PM do Rio, disse a O Globo que a corregedoria vai apurar a responsabilidade do sargento Faria. De acordo com nota da PM, o policial “ficará preso administrativamente no Batalhão de Campanha, unidade onde é lotado”.
A Abraji considera a prisão de Vera injustificada sob todos os aspectos, configurando um grave atentado à liberdade de expressão. As agressões verbais e física devem ser punidas exemplarmente pelo comando da Polícia Militar, que em nota diz considerar o trabalho da imprensa “fundamental para a garantia da democracia”.
O material de trabalho de um jornalista não deve ser apreendido em nenhuma hipótese. Tal atitude é típica de contextos autoritários e censores, em que revelar qualquer fato diverso do que o Estado pretende mostrar é considerado crime. [Diretoria da Abraji, 16 de junho de 2014]