“Hoje eu preferia ser um sósia de mim mesmo, preferia ser um homônimo, não ser eu. Mas, enfim, fiz um erro tolo.”
O bem-humorado mea-culpa do experiente jornalista Mario Sergio Conti, tenta colocar um ponto final na maior bola fora midiática desta Copa, pelo menos até agora.
Colunista da Folha de S.Paulo e de O Globo, Conti, que também apresenta o programa Diálogos, na GloboNews, escreveu um artigo no qual relatava uma “exclusiva” com Luiz Felipe Scolari, técnico da Seleção Brasileira de futebol, durante um voo da Ponte Aérea entre Rio e São Paulo no qual também estaria Neymar.
O problema é que um “pequeno” detalhe estragou o que seria uma feliz oportunidade jornalística: o Felipão não era o Felipão, era, sim, um sósia. Seu nome, Wladimir Palomo. (O Neymar, presente, também era um sósia.)
Ao constatarem a “Barriga” (ou seria melhor dizer a “canelada”?), Globo e Folha trataram de tirar o texto do ar. Só que, graças a alguns macetes da internet, ainda consegui resgatá-lo na íntegra (ver aqui).
O mais curioso de tudo é, justamente, o conteúdo das últimas linhas da entrevista, quando o sósia se identifica. Nem assim a ficha do jornalista cai. Numa entrevista ao jornal O Globo, ele tentou explicar algo tão inexplicável:
“Conti afirma que achou que Felipão havia feito uma brincadeira depois de se recusar a participar do seu programa na GloboNews dizendo estar muito ocupado durante a Copa.
– Achei que era o Scolari, tive certeza de que era ele. Eu estava lá esperando o voo, ele entrou, sentou-se ao meu lado. Eu fui perguntando e o cara respondendo.”
O jornalista disse que logo que alguém o alertou de que Felipão se encontrava em Fortaleza e que, portanto, não poderia ter dado aquela entrevista, começou a “apagar o incêndio”. E, sobre isso, mais uma curiosidade, as duas notas de desculpas dos dois jornais são exatamente iguais.
Cartão vermelho
Mario Sergio Conti afirmou que nunca tinha estado com Scolari e que sequer já havia visto uma entrevista dele pela TV. Algo realmente impressionante para quem vive no Brasil e para quem conseguiu desenvolver uma entrevista com tantos detalhes sobre a situação de nossa seleção no Mundial.
Tentando manter o bom humor e minimizando o fato, declarou:
“Realmente foi um erro tolo. Agi de boa fé. Percebi o erro e corrigimos, deu para corrigir. Não prejudiquei ninguém, a não ser eu mesmo… Perdão pela confusão. Felizmente, ela não prejudica ninguém. Não afetará a Bolsa, a Copa ou as eleições.”
Com toda certeza a canelada jornalística contundiu apenas seu próprio autor. Não sei, nem mesmo, se ele chegou a levar um cartão amarelo pelo lance. Mas, com toda certeza, se o jornalista responsável pelo texto fosse menos cotado; se não fosse um dos “craques” do time, fatalmente teria recebido um cartão vermelho, sem direito a qualquer tipo de apelação.
Alguém duvida?
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Rafael Casé é jornalista