Em resposta às críticas por colaborar com as restrições do governo chinês à liberdade de expressão, o Google defendeu a política de censurar os resultados de seu sítio de busca na China, insistindo que deve cumprir as leis locais. No lançamento do novo nome de sua marca na China – que passará a se chamar Gu Ge –, Eric Schmidt, CEO do Google, afirmou que, se a empresa quiser operar no mercado chinês, não há outras opções além de seguir a lei. ‘Não é uma opção para nós disponibilizarmos amplamente informações ilegais, inapropriadas ou imorais’, disse.
Embora a empresa tenha como lema moral ‘don´t be evil’ (não faça o mal), para obter a licença chinesa o Google permitiu que o governo censure o que considerar repreensível nos resultados de buscas. O Yahoo! e a Microsoft também concordaram em cumprir os pedidos de censura do governo. No caso do Yahoo!, a empresa foi mundialmente criticada ao fornecer às autoridades informações da conta de e-mail do jornalista Shi Tao, que contribuíram para a sua detenção. Tao foi condenado a dez anos de prisão por violar segredos de Estado. Executivos do Yahoo!, do Google, da Microsoft e da Cisco Systems enfrentaram uma audiência com membros do governo americano, em fevereiro, na qual foram criticados por estarem contribuindo com a censura na China.
Schmidt relatou que a estratégia do Google na China foi intensamente debatida na empresa e, embora a decisão final tenha sido difícil de ser tomada, ele acredita ter sido a melhor escolha.
Receio à invasão de privacidade
Na coletiva de imprensa, um repórter perguntou a Schmidt se o Google também forneceria informações pessoais de seus internautas caso as autoridades pedissem, mas o CEO se recusou a responder. ‘Eu prefiro não responder a uma questão hipotética’, disse.
Ele informou que não tem planos de pressionar a China para diminuir a censura. ‘Acredito ser arrogante entrarmos em um país onde estamos apenas começando as operações e dizer a ele como deve ser administrado’, exemplificou.
O sítio de busca regular da China, com o sufixo ‘.com’, ainda está disponível no país, mas passa por filtros e não há dados que indiquem quando a informação é censurada. Em fevereiro, foi criado o Google.cn, especialmente para o público local – e diretamente censurado pelas autoridades. Os serviços de e-mail ou de blog do Google não foram introduzidos no país, para evitar que o governo peça informações pessoais de dissidentes políticos.
Mercado potencial
A China já tem mais de 111 milhões de internautas, constituindo o segundo maior número de usuários da rede no mundo – fica atrás apenas dos EUA. Schmidt anunciou a abertura de um centro de pesquisa e desenvolvimento em Pequim, no qual espera empregar, em breve, 150 pessoas. ‘Nós saudamos o governo, importantes líderes da indústria e todos vocês que contribuíram para que o lançamento da internet na China fosse uma imensa realização’, discursou Schmidt.
O Google foi obrigado a mudar seu nome no país porque Google, em chinês, quer dizer algo como ‘cachorro velho’. O novo nome, Gu Ge, significa ‘canção de colheita’, o que transmitiria aos usuários uma noção de experiência de busca produtiva, explicou Schmidt. Informações da AFP [12/4/06] e de Jim Yardley [New York Times, 13/4/06].