O preconceito contra a imprensa esportiva é coisa antiga e quase superada. Dizia-se que se o jovem aspirante a jornalista não soubesse fazer nada deveria ir para as editorias de “Polícia” ou de “Esporte”.
“O jornalismo esportivo apura mal”, já disseram alguns autoproclamados críticos de imprensa, embora raramente leiam os cadernos de esporte. Se lessem, e checassem, seriam menos arrogantes e evitariam o ridículo.
Dias desses ouvi do repórter austríaco Robert Florencio a sua boa impressão sobre como a imprensa brasileira apontou o erro no pênalti marcado para a seleção no jogo de abertura da Copa, contraposta à má impressão deixada pela uruguaia no caso da mordida.
Quando se generaliza, a não ser em relação aos cartolas, sempre se corre o risco de injustiças.
Muita bobagem
Se é verdade que a TV aberta brasileira tem uma postura subserviente e ufanista, cúmplice do poder, é mentira que seja essa a postura geral até mesmo na TV, embora na fechada, como nos canais ESPN.
Do mesmo modo em relação à boa parte dos portais na internet e em relação aos jornais, para ficar em São Paulo, como esta Folha e “O Estado de S. Paulo”, além do diário especializado “Lance!”.
Claro, há os garotos-propaganda e os que maltratam a língua, mas não só na mídia esportiva.
De 1993 até 2005, Melchiades Filho, o Melk, por exemplo, editou o “Esporte” deste jornal [Folha de S.Paulo] com um olhar severo e competente sobre os bastidores, tradição mantida por quem o sucedeu em seguida, como José Mariante.
Melk depois foi brilhar como diretor da sucursal da Folha em Brasília e comandou reportagens nas mais diversas áreas, na esportiva, inclusive, que ganharam os mais cobiçados prêmios de nosso jornalismo.
O que tem sido publicado de bobagem sobre o jornalismo esportivo permite escrever um livro sob o sugestivo título “Barrigas F.C.”
******
Juca Kfouri é colunista da Folha de S.Paulo