Friday, 22 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

A desconstrução e a construção de duas potências

É indiscutível o destaque que a chamada “sétima arte” tem na sociedade. Construtora de sonhos, mitos, verdades e personagens, o cinema com o seu poder de enfeitiçar, conquistou desde a sua origem, olhares de todos os grupos sociais. Quando, em 1911, o teórico italiano Ricciotto Canudo publicou o Manifesto das sete artes, talvez ele jamais tivesse imaginado que a junção dos elementos básicos que a formam chegasse um dia a ser tão preciosa para os profissionais da área de jornalismo.

Imerso no subgênero conhecido como newspaper movies (em português, “filmes de jornalista”), consagrado de forma especial no cinema norte-americano, podemos contemplar o profissional e a profissão em contrastes. Vilão ou herói? “Mocinho” ou “malvado”? O “certo” ou o “errado”? O cinema nos mostra, nos faz pensar, refletir e concluir certezas muitas vezes incertas. A “máquina de produzir história” conta-nos histórias que até hoje são lembradas pela relevância que ganharam na sociedade.

Como não se lembrar do primeiro “filme de jornalista”, O Poder da Imprensa? A obra, dirigida por Van Dyke, que conta a história de um prefeito corrupto que tenta corromper o novo editor do jornal local, até hoje mexe com o imaginário dos telespectadores e estudantes da área que analisam o filme. E O poder da imprensa? A longa metragem é considerada como a primeira obra a ter o jornalista como herói no cinema.

A arte pela arte

O cinema é, na verdade, um grande observador da imprensa. Em quantos e quantos filmes não há ao menos um jornalista como personagem? O simples repórter responsável por “contar histórias” torna-se protagonista de suas próprias experiências nas telas do cinema. São as artes se unindo para expor aquilo que chamamos de fantástico. É a própria arte sendo representada.

Através de grandes filmes consagrados como Cidadão Kane (Citizen Kane, EUA, 1940) e Rede de Intrigas (Network, EUA, 1976), é possível observarmos as mudanças até mesmo as que já aconteceram na profissão, como diz o Lisandro Nogueira, diretor da Cinemateca Brasileira e professor de cinema na Universidade Federal de Goiás. Para ele, o cinema observa as “mudanças extremas por que passa a profissão do jornalista”. É o cinema sendo porta-voz de quem faz a notícia.

Os laços que unem o jornalismo e o cinema ultrapassam anos, décadas. Eles vão além das telas de exibição dos cinemas, vão além das salas de aula. É o “quarto poder” e a “sétima arte”, indivíduos enumerados, sendo um só corpo, uma só alma. Literalmente, a arte pela arte.

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Wenderval Gomes de Lima é auxiliar administrativo, Canguaretama, RN